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Sem imaginar, indígena da Amazônia produz café perfeito, recebe nota máxima e bate recorde de qualidade sensorial

Publicado em 10/10/2025 às 12:56
Projeto tribos, Café, Indígena
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Cultivado na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, o café da família Suruí recebeu nota máxima em avaliação profissional, tornando-se o primeiro canéfora da história a alcançar a perfeição sensorial e reforçando o protagonismo indígena na produção nacional

Um café cultivado na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, alcançou uma façanha inédita: recebeu nota 100 na escala de qualidade sensorial, tornando-se o café mais bem avaliado da história do projeto Tribos, da 3 Corações.

O feito é ainda mais curioso porque o produtor, Rafael Mopimop Suruí, não tem o hábito de degustar café puro — ele costuma adoçar a bebida com açúcar.

Um feito histórico para o café canéfora

O lote produzido pela família Paiter Suruí conquistou avaliadores experientes, entre eles Sílvio Leite, uma das maiores referências mundiais em degustação profissional de café.

Leite, que atua há mais de 40 anos no setor, afirmou que foi apenas a quarta vez que concedeu a nota máxima a um café — e a primeira para um grão da espécie canéfora.

Segundo ele, o café apresentou “complexidade elevada e uma grandeza espetacular de sabores”. Entre as 50 terminologias utilizadas pelos provadores, destacaram-se notas sensoriais de rosas brancas, amarula, madeira e um leve toque alcoólico, combinados com alta acidez e doçura natural.

A avaliação foi realizada durante o concurso Tribos, em que as amostras são submetidas a provas às cegas conduzidas por especialistas certificados.

Embora vários lotes finalistas apresentassem excelente qualidade, o café de Rafael Suruí se destacou imediatamente pela intensidade e equilíbrio de seus aromas.

Produção com técnica e tradição

Rafael Suruí credita o sucesso a um processo de secagem cuidadoso, essencial para preservar os sabores em uma região tão úmida quanto a Amazônia.

Ele conta que o resultado o surpreendeu: “É uma surpresa. Eu não entendo muito de café, eu estou acostumado a tomar café com açúcar. Sem açúcar eu tenho que aprender”, disse.

A produção é parte do projeto Tribos, desenvolvido desde 2019 pela 3 Corações em parceria com 169 famílias indígenas da Amazônia brasileira.

O programa oferece assistência técnica e logística, além de pagar um valor acima da cotação de mercado, incentivando o cultivo sustentável e a autonomia econômica dos povos originários.

Rafael ressalta que o reconhecimento internacional valoriza o trabalho indígena e ajuda a fortalecer os laços culturais das novas gerações.

Essa valorização faz com que muitos jovens decidam ficar na comunidade, em vez de sair para a cidade”, afirmou.

Lançamento e edição limitada

O café premiado chega ao mercado em uma edição de colecionador. Cada unidade contém 150 gramas de grãos embalados em recipiente de cristal e acompanhados de um moedor exclusivo, permitindo que o consumidor prepare o café na hora.

O preço é de R$ 599 por unidade, reflexo da produção limitada — apenas 333 exemplares foram fabricados, todos provenientes da pequena lavoura da família Suruí.

As unidades estão disponíveis no e-commerce da 3 Corações e prometem se esgotar rapidamente.

Celebração com chefs e celebridades

O lançamento oficial aconteceu nesta quarta-feira (8), durante um almoço especial no restaurante Dalva e Dito, do chef Alex Atala, em São Paulo.

O evento reuniu representantes da 3 Corações, convidados da imprensa e personalidades como o DJ Alok e sua esposa, Romana Novais.

Rafael, sua mulher e seu filho representaram os Paiter Suruí na celebração. Após o almoço, o café histórico foi servido harmonizado com uma sobremesa preparada por Atala, que misturava jaca, bacuri, coco e chantilly — uma combinação pensada para realçar as notas tropicais e florais da bebida.

Um novo capítulo para o café indígena

O caso de Rafael Mopimop Suruí é visto como um marco para o café brasileiro e, em especial, para o cultivo indígena da Amazônia.

O projeto Tribos, que reinveste todo o lucro da linha em suas comunidades produtoras, mostra que é possível unir tradição cultural, manejo sustentável e excelência sensorial.

O grão avaliado como “perfeito” não apenas elevou o nome da família Suruí, mas também abriu espaço para que outras comunidades indígenas reconheçam o valor de suas próprias terras, saberes e sabores — agora celebrados nas xícaras do mundo todo.

Com informações de Folha de São Paulo.

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Romário Pereira de Carvalho

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