Após um prolongamento inesperado de 286 dias em missão espacial, astronautas foram surpreendidos ao não receberem horas extras. Em vez disso, receberam um subsídio de somente US$ 5 por dia para cobrir “incidentes”, levantando questionamentos sobre a valorização desses profissionais
Quando Suni Williams e Butch Wilmore partiram para o espaço em junho passado, esperavam um voo de teste de oito dias a bordo da cápsula Starliner, da Boeing. Mas a missão tomou outro rumo. Problemas técnicos adiaram o retorno dos astronautas, que passaram 286 dias orbitando a Terra. Na última terça-feira, eles finalmente voltaram, pousando no Golfo do México.
O tempo extra no espaço não foi planejado, mas trouxe uma curiosidade inesperada: a renda dos astronautas não mudou. Como funcionários federais em missão oficial, Williams e Wilmore não receberam pagamento extra pelo período prolongado.
Sem horas extras, sem bônus
Os astronautas da NASA são funcionários públicos em viagens de negócios. Segundo Jimi Russell, porta-voz da Diretoria de Missão de Operações Espaciais da NASA, isso significa que eles não têm direito a horas extras, compensação de risco ou pagamento de férias.
-
Falha na vigilância? Astrônomos descobrem rocha 2025 PN7 que passou 60 anos escondida ao lado da Terra sem ser detectada por telescópios
-
O lugar proibido onde nenhum humano poderá pisar por pelo menos cem mil anos, o primeiro depósito profundo do mundo para esconder resíduos atômicos por milênios
-
Dobrar gelo salgado gera eletricidade 1.000 vezes mais forte e pode transformar regiões congeladas em usinas de energia limpa
-
Fim dos acidentes de avião? Projeto com IA, sensores e airbags externos promete pousos seguros mesmo em quedas críticas
“Enquanto estão no espaço, os astronautas da NASA estão em ordens oficiais de viagem como funcionários federais“, afirmou Russell.
A única compensação adicional foi um subsídio diário de US$ 5 para despesas imprevistas. O valor segue o padrão estabelecido pela Administração de Serviços Gerais dos EUA, que cobre taxas e gorjetas para carregadores, funcionários de hotéis e afins.
No total, os dois astronautas receberam somente US$ 1.430 extras pelos 286 dias adicionais no espaço. Isso se soma ao salário anual padrão de US$ 152.258.
Riscos e responsabilidade, mas sem aumento salarial
A carreira de astronauta envolve riscos elevados, treinamento intensivo e longos períodos longe da família. No entanto, a estrutura salarial não reflete esses desafios. Mike Massimino, ex-astronauta e veterano de duas missões no Ônibus Espacial, questiona a situação: “Não há pagamento de risco, não há hora extra, não há compensação de tempo. Não há incentivo financeiro para ficar no espaço por mais tempo“.
Apesar disso, Williams e Wilmore não demonstraram descontentamento. Durante uma entrevista em setembro, Williams afirmou: “Este é meu lugar feliz. Eu amo estar aqui no espaço. É simplesmente divertido, sabe?”
Wilmore também rejeitou a ideia de que estavam “encalhados” ou “abandonados”. Em fevereiro, respondeu a comentários sobre o atraso na missão: “Não nos sentimos abandonados, não nos sentimos presos, não nos sentimos encalhados.”
O espírito da missão dos astronautas
O chefe da missão de operações espaciais da NASA, Ken Bowersox, que também já foi astronauta, explicou que essa consideração faz parte da profissão: “Cada astronauta que é lançado ao espaço, nós os ensinamos a não pensar em quando você está voltando para casa. Pense em quão bem sua missão está indo e, se tiver sorte, você pode ficar mais tempo.“
Durante os 286 dias adicionais, Williams e Wilmore não ficaram parados. Eles conduziram pesquisas científicas, operaram equipamentos e realizaram manutenções na Estação Espacial Internacional.
Wilmore ajudou a configurar uma nova câmara de descompressão. Williams, por sua vez, testou o desempenho atlético em gravidade zero.
Além disso, ela fez um registro importante: acumulou 62 horas e 6 minutos de viagem espacial, tornando-se a astronauta mulher com mais tempo fora da ISS. O recorde anterior pertence a Peggy Whitson.
Compensação modesta, mas paixão pela profissão
Para os astronautas, a paixão pelo espaço parece superar a questão financeira. Clayton Anderson, que passou 152 dias na estação espacial em 2007, comentou nas redes sociais sobre a realidade salarial da profissão: “Ser astronauta foi incrível e meu emprego dos sonhos, mas É um emprego do governo com pagamento do governo.”
Na época de sua missão, o subsídio diário para despesas incidentais era de somente US$ 1,20, o que lhe garantiu um extra de apenas US$ 172.
Mesmo sem incentivos financeiros adicionais, a possibilidade de ver a Terra do espaço e realizar experimentos continua atraindo aqueles que sonham em ser astronautas. Mas menos discordariam se a NASA decidisse rever essa política e oferecer uma compensação mais justa para quem passa meses no espaço.
Com informações de ZME Science.