Em 2010, seis piratas somalis armados atacaram o navio de guerra USS Ashland no Golfo de Aden, mas acabaram resgatados e presos após a tripulação reagir com disparos de canhão de 25 mm, encerrando a ameaça em segundos e levando os responsáveis aos tribunais dos Estados Unidos.
Na manhã de 10 de abril de 2010, seis homens armados em uma lancha de alta velocidade avançaram contra o USS Ashland, um navio de desembarque da classe Whidbey Island da Marinha dos Estados Unidos.
Eles acreditavam estar diante de um alvo vulnerável e iniciaram disparos com armas leves contra o lado bombordo do navio.
O que não sabiam era que o Ashland tinha sido projetado para resistir e responder a esse tipo de ameaça.
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Com mais de 16 mil toneladas de deslocamento quando totalmente carregado, ele transporta fuzileiros navais, veículos blindados, embarcações de desembarque e sistemas de armas de precisão.
Antes mesmo dos disparos, os radares e os observadores do navio já tinham detectado a aproximação da lancha. A tentativa de ataque não pegou a tripulação de surpresa.
A reação da tripulação
Assim que os tiros começaram, a tripulação do Ashland seguiu as regras de engajamento autorizadas para situações de ataque.
Os marinheiros posicionaram o canhão MK-38 Mod 2, um sistema de 25 milímetros controlado remotamente e estabilizado para disparos de precisão em alto-mar.
Em segundos, dois disparos atravessaram a superfície da água e atingiram a lancha. A embarcação inimiga pegou fogo e começou a afundar rapidamente.
Diante das chamas e da destruição iminente, os seis homens pularam no mar para tentar se salvar. Em poucos segundos, a tentativa de ataque havia terminado e os agressores estavam à deriva.
Operação de resgate
Mesmo sendo inimigos, os seis homens passaram a ser tratados como sobreviventes.
Assim que a ameaça foi neutralizada, a missão do Ashland mudou. Duas embarcações infláveis de casco rígido foram lançadas ao mar com equipes de fuzileiros armados. Eles se aproximaram com cautela, resgataram cada um dos homens e os levaram para bordo do navio.
A equipe médica da embarcação tratou ferimentos leves e avaliou sinais de hipotermia provocados pela queda na água. Todos foram estabilizados e colocados sob custódia.
Esse tipo de resposta está previsto no treinamento da Marinha dos Estados Unidos: eliminar a ameaça com força proporcional e, em seguida, preservar vidas humanas sempre que possível.
Quem é o USS Ashland
O USS Ashland (LSD-48) é um navio de desembarque da classe Whidbey Island, comissionado em 1989.
Sua função é transportar e lançar forças de desembarque anfíbio, veículos blindados, embarcações menores e fuzileiros navais em operações de combate.
Com mais de 16.000 toneladas de deslocamento quando carregado, o navio conta com sensores de longo alcance, radares avançados e diversos sistemas de armamento, incluindo o canhão MK-38 Mod 2 usado no confronto.
A tripulação é composta por marinheiros e fuzileiros treinados para atuar em operações de combate, resgates e missões humanitárias em qualquer região do mundo.
Local estratégico do ataque
O ataque ocorreu no Golfo de Aden, uma área marítima localizada entre o Chifre da África e a Península Arábica.
Essa região é um dos corredores de navegação mais movimentados do planeta, com milhares de navios de carga e petroleiros cruzando o local todos os anos entre a Ásia, o Oriente Médio, a Europa e a América do Norte.
A intensa circulação de embarcações comerciais, combinada com a instabilidade política em partes da Somália, criou condições que permitiram o surgimento de redes organizadas de pirataria na década de 2000.
Durante esse período, vários navios mercantes foram alvo de ataques semelhantes, o que levou marinhas de diferentes países a aumentar sua presença na região.
Processo judicial nos Estados Unidos
Após o resgate e a detenção inicial no navio, os seis suspeitos foram transferidos para custódia legal e posteriormente levados aos Estados Unidos para julgamento.
O processo ficou a cargo de tribunais federais norte-americanos, que têm jurisdição para julgar crimes de pirataria cometidos em águas internacionais.
Um dos envolvidos, Mohamed Farah, foi condenado em 2017 à pena de prisão perpétua mais 10 anos adicionais pelo ataque ao USS Ashland. Outros membros do grupo também receberam sentenças de longa duração.
O Departamento de Justiça dos EUA afirmou que a decisão tinha o objetivo de responsabilizar os envolvidos e demonstrar que ataques contra navios militares seriam tratados com o máximo rigor legal.
Repercussão internacional
O incidente com o Ashland ocorreu em um momento em que a pirataria somali recebia atenção global.
Entre 2008 e 2011, centenas de embarcações comerciais sofreram ataques na região. Os sequestros geraram prejuízos bilionários e levaram empresas de navegação a alterar rotas, contratar escoltas armadas e reforçar a segurança a bordo.
Organizações internacionais como a OTAN, a União Europeia e a Força-Tarefa 151 — uma coalizão multinacional de combate à pirataria — passaram a patrulhar de forma constante o Golfo de Aden e o Oceano Índico ocidental.
Apesar dessas medidas, os ataques continuaram a ocorrer em 2010 e 2011, embora em ritmo menor após a intensificação das patrulhas e da escolta armada privada nos anos seguintes.
Queda e reaparecimento da pirataria
Nos anos seguintes ao incidente, a pirataria somali diminuiu significativamente.
O reforço das patrulhas navais, o uso de comboios protegidos e a presença de equipes de segurança armadas a bordo de navios comerciais contribuíram para reduzir o número de ataques.
Relatórios internacionais apontaram que, a partir de 2012, o número de sequestros bem-sucedidos caiu drasticamente e o Golfo de Aden deixou de ser classificado como a rota marítima mais perigosa do mundo.
No entanto, episódios recentes mostraram que a ameaça não desapareceu. Em 2024, por exemplo, forças navais da Índia capturaram 35 suspeitos de pirataria após libertar um navio graneleiro sequestrado, no que foi considerado o maior caso do tipo em anos.
Especialistas alertam que a pirataria pode ressurgir em contextos de instabilidade política e pobreza extrema na região.
Importância do caso Ashland
O ataque ao USS Ashland se tornou um exemplo de resposta rápida e coordenada da Marinha dos Estados Unidos a ameaças em águas estratégicas.
O episódio demonstrou que embarcações militares estavam preparadas não apenas para se defender, mas também para capturar suspeitos e submetê-los à justiça de acordo com o direito internacional.
Além disso, mostrou a importância da presença constante de forças navais na região para proteger as rotas comerciais globais e garantir a segurança da navegação internacional.
Para as autoridades norte-americanas, a mensagem foi clara: ataques a navios militares ou comerciais não ficariam sem resposta e poderiam resultar em prisões e condenações severas.