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Seis piratas armados atacam o USS Ashland achando ser um cargueiro e descobrem tarde demais que era um navio de guerra dos EUA

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 18/09/2025 às 15:55
Seis piratas atacaram o USS Ashland no Golfo de Aden em 2010 e foram capturados após reação imediata da Marinha dos EUA.
Seis piratas atacaram o USS Ashland no Golfo de Aden em 2010 e foram capturados após reação imediata da Marinha dos EUA.
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Em 2010, seis piratas somalis armados atacaram o navio de guerra USS Ashland no Golfo de Aden, mas acabaram resgatados e presos após a tripulação reagir com disparos de canhão de 25 mm, encerrando a ameaça em segundos e levando os responsáveis aos tribunais dos Estados Unidos.

Na manhã de 10 de abril de 2010, seis homens armados em uma lancha de alta velocidade avançaram contra o USS Ashland, um navio de desembarque da classe Whidbey Island da Marinha dos Estados Unidos.

Eles acreditavam estar diante de um alvo vulnerável e iniciaram disparos com armas leves contra o lado bombordo do navio.

O que não sabiam era que o Ashland tinha sido projetado para resistir e responder a esse tipo de ameaça.

Com mais de 16 mil toneladas de deslocamento quando totalmente carregado, ele transporta fuzileiros navais, veículos blindados, embarcações de desembarque e sistemas de armas de precisão.

Antes mesmo dos disparos, os radares e os observadores do navio já tinham detectado a aproximação da lancha. A tentativa de ataque não pegou a tripulação de surpresa.

A reação da tripulação

Assim que os tiros começaram, a tripulação do Ashland seguiu as regras de engajamento autorizadas para situações de ataque.

Os marinheiros posicionaram o canhão MK-38 Mod 2, um sistema de 25 milímetros controlado remotamente e estabilizado para disparos de precisão em alto-mar.

Em segundos, dois disparos atravessaram a superfície da água e atingiram a lancha. A embarcação inimiga pegou fogo e começou a afundar rapidamente.

Diante das chamas e da destruição iminente, os seis homens pularam no mar para tentar se salvar. Em poucos segundos, a tentativa de ataque havia terminado e os agressores estavam à deriva.

Operação de resgate

Mesmo sendo inimigos, os seis homens passaram a ser tratados como sobreviventes.

Assim que a ameaça foi neutralizada, a missão do Ashland mudou. Duas embarcações infláveis de casco rígido foram lançadas ao mar com equipes de fuzileiros armados. Eles se aproximaram com cautela, resgataram cada um dos homens e os levaram para bordo do navio.

A equipe médica da embarcação tratou ferimentos leves e avaliou sinais de hipotermia provocados pela queda na água. Todos foram estabilizados e colocados sob custódia.

Esse tipo de resposta está previsto no treinamento da Marinha dos Estados Unidos: eliminar a ameaça com força proporcional e, em seguida, preservar vidas humanas sempre que possível.

Quem é o USS Ashland

O USS Ashland (LSD-48) é um navio de desembarque da classe Whidbey Island, comissionado em 1989.

Sua função é transportar e lançar forças de desembarque anfíbio, veículos blindados, embarcações menores e fuzileiros navais em operações de combate.

Com mais de 16.000 toneladas de deslocamento quando carregado, o navio conta com sensores de longo alcance, radares avançados e diversos sistemas de armamento, incluindo o canhão MK-38 Mod 2 usado no confronto.

A tripulação é composta por marinheiros e fuzileiros treinados para atuar em operações de combate, resgates e missões humanitárias em qualquer região do mundo.

Local estratégico do ataque

O ataque ocorreu no Golfo de Aden, uma área marítima localizada entre o Chifre da África e a Península Arábica.

Essa região é um dos corredores de navegação mais movimentados do planeta, com milhares de navios de carga e petroleiros cruzando o local todos os anos entre a Ásia, o Oriente Médio, a Europa e a América do Norte.

A intensa circulação de embarcações comerciais, combinada com a instabilidade política em partes da Somália, criou condições que permitiram o surgimento de redes organizadas de pirataria na década de 2000.

Durante esse período, vários navios mercantes foram alvo de ataques semelhantes, o que levou marinhas de diferentes países a aumentar sua presença na região.

Processo judicial nos Estados Unidos

Após o resgate e a detenção inicial no navio, os seis suspeitos foram transferidos para custódia legal e posteriormente levados aos Estados Unidos para julgamento.

O processo ficou a cargo de tribunais federais norte-americanos, que têm jurisdição para julgar crimes de pirataria cometidos em águas internacionais.

Um dos envolvidos, Mohamed Farah, foi condenado em 2017 à pena de prisão perpétua mais 10 anos adicionais pelo ataque ao USS Ashland. Outros membros do grupo também receberam sentenças de longa duração.

O Departamento de Justiça dos EUA afirmou que a decisão tinha o objetivo de responsabilizar os envolvidos e demonstrar que ataques contra navios militares seriam tratados com o máximo rigor legal.

Repercussão internacional

O incidente com o Ashland ocorreu em um momento em que a pirataria somali recebia atenção global.

Entre 2008 e 2011, centenas de embarcações comerciais sofreram ataques na região. Os sequestros geraram prejuízos bilionários e levaram empresas de navegação a alterar rotas, contratar escoltas armadas e reforçar a segurança a bordo.

Organizações internacionais como a OTAN, a União Europeia e a Força-Tarefa 151 — uma coalizão multinacional de combate à pirataria — passaram a patrulhar de forma constante o Golfo de Aden e o Oceano Índico ocidental.

Apesar dessas medidas, os ataques continuaram a ocorrer em 2010 e 2011, embora em ritmo menor após a intensificação das patrulhas e da escolta armada privada nos anos seguintes.

Queda e reaparecimento da pirataria

Nos anos seguintes ao incidente, a pirataria somali diminuiu significativamente.

O reforço das patrulhas navais, o uso de comboios protegidos e a presença de equipes de segurança armadas a bordo de navios comerciais contribuíram para reduzir o número de ataques.

Relatórios internacionais apontaram que, a partir de 2012, o número de sequestros bem-sucedidos caiu drasticamente e o Golfo de Aden deixou de ser classificado como a rota marítima mais perigosa do mundo.

No entanto, episódios recentes mostraram que a ameaça não desapareceu. Em 2024, por exemplo, forças navais da Índia capturaram 35 suspeitos de pirataria após libertar um navio graneleiro sequestrado, no que foi considerado o maior caso do tipo em anos.

Especialistas alertam que a pirataria pode ressurgir em contextos de instabilidade política e pobreza extrema na região.

Importância do caso Ashland

O ataque ao USS Ashland se tornou um exemplo de resposta rápida e coordenada da Marinha dos Estados Unidos a ameaças em águas estratégicas.

O episódio demonstrou que embarcações militares estavam preparadas não apenas para se defender, mas também para capturar suspeitos e submetê-los à justiça de acordo com o direito internacional.

Além disso, mostrou a importância da presença constante de forças navais na região para proteger as rotas comerciais globais e garantir a segurança da navegação internacional.

Para as autoridades norte-americanas, a mensagem foi clara: ataques a navios militares ou comerciais não ficariam sem resposta e poderiam resultar em prisões e condenações severas.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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