Putin afirma que Moscou respeita tratados internacionais, mas pode testar armas nucleares caso os EUA avancem com novas detonações.
A Rússia afirmou neste domingo (09/11/2025) que poderá retomar testes nucleares se os Estados Unidos fizerem o mesmo. A declaração foi feita pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que ressaltou que Moscou não deseja violar tratados internacionais, mas “será obrigada” a agir de forma equivalente caso Washington avance nessa direção.
A tensão surge em meio à escalada de rivalidades entre Rússia, EUA e China em temas de segurança global e armamentos estratégicos.
De acordo com Peskov, o presidente Vladimir Putin continua comprometido com o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), mas a Rússia não ficará “em desvantagem estratégica”.
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O aviso reacende o temor de uma nova corrida armamentista global.
Kremlin alerta: “Seremos obrigados a manter a paridade nuclear”
Em entrevista à emissora russa Russia 1, o porta-voz do Kremlin reforçou a posição do governo.
“O presidente Putin declarou repetidamente que a Rússia continua comprometida com seus compromissos de proibição de testes nucleares e não temos intenção de fazê-lo. Se outro país violar os compromissos relacionados à proibição de testes nucleares, a Rússia terá de fazer o mesmo para manter a paridade”, disse Peskov.
A fala veio dias após o então presidente americano Donald Trump ter autorizado a retomada de testes com armas nucleares — algo que não ocorre nos EUA há mais de 30 anos.
O anúncio foi recebido com críticas e preocupação por diversas nações e organismos internacionais.
EUA acusam Rússia e China de violações secretas
Trump afirmou, em entrevista à emissora americana CBS, que Rússia e China teriam realizado testes nucleares secretos, sem fornecer provas.
“A Rússia testa [armas nucleares], a China testa, mas eles não falam sobre isso. Eles fazem testes em locais de grande profundidade, onde as pessoas não sabem exatamente o que está acontecendo”, declarou o ex-presidente.
Trump acrescentou ainda que “não quer ser o único país que não realiza testes”, indicando que os EUA podem retomar detonações experimentais.
As declarações acirraram o clima de desconfiança entre as potências e ampliaram o temor de um colapso dos acordos internacionais sobre armas nucleares.
Moscou nega violações e cita testes convencionais
O governo russo, por sua vez, negou qualquer irregularidade e classificou as acusações de Trump como “superficiais e incorretas”. Peskov afirmou que os recentes testes com o míssil Burevestnik e o torpedo Poseidon não configuram testes nucleares, apesar de ambos poderem carregar ogivas atômicas.
Segundo o Kremlin, esses experimentos são apenas parte do desenvolvimento de tecnologias de defesa convencionais.
Reação internacional e risco global
A decisão de Trump de reabrir o debate sobre testes nucleares provocou forte reação da ONU e da Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO).
O secretário-executivo da CTBTO, Robert Floyd, advertiu que qualquer nova detonação poderia “desestabilizar a segurança mundial” e colocar em risco décadas de esforços diplomáticos.
Atualmente, Rússia e EUA detêm os maiores arsenais do planeta, com mais de 5 mil ogivas nucleares cada, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI).
Já a China, que há anos busca ampliar sua capacidade militar, teria dobrado seu arsenal para cerca de 600 ogivas em apenas cinco anos, segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).
O tratado e o futuro das relações nucleares
Assinado em 1996 por 186 países, o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT) proíbe qualquer explosão nuclear, mas nunca entrou plenamente em vigor.
Das grandes potências, apenas Coreia do Norte não aderiu. Desde o fim da Guerra Fria, nenhum país — além de Pyongyang — realizou detonações reais.
Entretanto, especialistas alertam que as recentes declarações de Putin e Trump podem colocar em xeque a estabilidade global.
Caso a Rússia realmente decida espelhar os EUA, o mundo pode presenciar a reedição de uma era de corrida armamentista nuclear, com riscos imprevisíveis para a segurança internacional.



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