A Rússia subiu ao 8º lugar entre os destinos do café brasileiro em 2025 e ampliou a busca por cafés especiais e conilon. Com a tarifa de 50% nos EUA desde 6 de agosto, exportadores reforçam a diversificação de mercados.
O mapa do café brasileiro mudou em 2025. Mesmo sob sanções e restrições financeiras, a Rússia aumentou as compras de café do Brasil e já figura entre os dez principais destinos do produto. No acumulado de janeiro a julho, o país somou 732,29 mil sacas compradas, ocupando a 8ª posição no ranking dos importadores do café brasileiro.
O resultado ocorre num ano em que o Brasil exportou 22,15 milhões de sacas no período, com receita recorde para os sete primeiros meses. Segundo o Cecafé, a melhora no faturamento veio da combinação de preços mais altos e mix de produtos com maior valor agregado.
Em 2024, o Brasil havia encerrado o ano com recorde histórico: 50,443 milhões de sacas embarcadas para 116 países, consolidando a liderança do país na oferta global. Esse patamar ajuda a explicar por que, mesmo com volatilidade em 2025, as tradings brasileiras mantêm capacidade de atender novos mercados sem abandonar os tradicionais.
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O contexto geopolítico também pesa. A sobretaxa de até 50% aplicada pelos Estados Unidos a uma cesta de produtos brasileiros passou a valer em 6 de agosto e inclui café entre os itens afetados, o que pressiona exportadores a redirecionar volumes para outros destinos, caso da Rússia, da Europa e da Ásia. Levantamentos de imprensa econômica no Brasil mostram que, onde o produto não foi isento, empresas já cortaram embarques para os EUA e reforçaram a estratégia de diversificação.
Rússia amplia compras de café brasileiro em 2025
De janeiro a julho de 2025, as exportações totais de café do Brasil somaram 22,15 milhões de sacas, queda de volume frente a 2024, mas com salto de 36% na receita para US$ 8,55 bilhões — recorde para o período. Nessa fotografia, a Rússia avança para a 8ª colocação, com 732,29 mil sacas e 3,3% de participação. Para produtores e exportadores, o recado é claro, há apetite por café brasileiro no Leste Europeu, inclusive em contratos de médio prazo, desde que logística e pagamentos estejam bem estruturados.
O avanço ocorre enquanto o Brasil ajusta janelas de embarque e canais financeiros em um cenário de fretes voláteis e bancos mais criteriosos. A base de 2024, escala logística e mix competitivo entre arábica e canéfora, sustenta as negociações de 2025, ajudando a manter preços firmes mesmo com menor volume.
Cafés especiais e conilon em alta e por que os russos miram o Brasil
Não é apenas volume. Em 2025, o interesse pelos cafés especiais cresceu entre compradores russos, com destaque para origem, rastreabilidade e sustentabilidade. Ao mesmo tempo, o conilon (robusta) brasileiro ganhou atratividade para blends, oferecendo consistência e preço competitivo às torrefações. O ambiente de oferta também colaborou: a safra de robusta/conilon no Brasil, com Espirito Santo como protagonista, avançou em ritmo forte e pode superar estimativas, segundo especialistas de mercado.
Esse pano de fundo se refletiu no preço doméstico: em agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta acumulou alta de 43% no mês, com a saca no Espírito Santo atingindo R$ 1.469,43 no dia 25. Para o arábica, a valorização no mês superou 26%. Tradução prática: a demanda externa por robusta de qualidade e a percepção de estoques mais apertados sustentaram cotações ao produtor.
Para os exportadores, a mensagem é investir em padrões sensoriais estáveis, selos de qualidade e histórias de origem. Para as torrefações estrangeiras, o Brasil oferece escala e diversidade: arábicas de altitude para microlotes e conilon padronizado para blends comerciais.
Tarifa de 50% nos EUA muda rota e acelera diversificação de destinos
A decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifa de até 50% sobre importações brasileiras, com vigência a partir de 6 de agosto, reconfigurou negociações no curto prazo. Café aparece entre os itens afetados — apesar de isenções parciais para outros produtos, e empresas relatam revisão de contratos e redirecionamento de cargas. Em termos estratégicos, a saída tem sido diluir dependência dos EUA e ampliar participação de Europa, Rússia e Ásia, mantendo qualidade e entrega para preservar preço.
Esse movimento não implica abandonar o mercado americano, maior comprador histórico dos cafés brasileiros, mas sim mitigar risco regulatório enquanto o cenário tarifário permanece incerto. No curto prazo, contratos spot e coberturas cambiais ganham relevância para preservar margens.