Unidade Biometano Sul, em Minas do Leão, recebeu R$ 150 milhões em investimentos e promete reduzir 1 milhão de toneladas de gases estufa em 15 anos, gerando energia limpa no estado.
O Rio Grande do Sul deu um passo inédito na transição energética nesta segunda-feira (15). Entrou em funcionamento a primeira planta de biometano instalada em um aterro sanitário do estado, localizada em Minas do Leão, a 100 km de Porto Alegre. A usina vai transformar resíduos orgânicos em gás renovável, capaz de abastecer a indústria e, futuramente, setores como transporte e geração elétrica.
Capacidade de produção impressiona
A unidade, chamada de Biometano Sul, terá capacidade para produzir diariamente o equivalente a 12,5 mil botijões de gás. Esse resultado vem do aproveitamento do lixo descartado por 85 municípios gaúchos.
Na prática, a iniciativa fecha um ciclo: aquilo que antes era apenas descarte, agora gera energia limpa e combustível sustentável.
Além disso, a planta já contribui com a própria matriz energética da CRVR.
Na unidade, o biogás vem sendo usado para gerar cerca de 8,5 megawatts/hora, abastecendo parte das operações.
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Investimento bilionário em expansão
A construção contou com um investimento de R$ 150 milhões, dividido entre o grupo Solví, controlador da CRVR, e a Arpoador Energia. Os gestores ressaltam que, além do impacto ambiental positivo, o projeto já gerou 30 empregos diretos em Minas do Leão.
O plano da companhia prevê ainda a instalação de novas plantas em outros municípios, como São Leopoldo, Santa Maria, Giruá e Victor Graeff.
Somente em São Leopoldo, já estão sendo investidos R$ 100 milhões em uma unidade que se encontra em fase de construção.
Impacto ambiental: menos gases do efeito estufa
Segundo a CRVR, a conversão de biogás em biometano deve evitar a emissão de 1 milhão de toneladas de gases de efeito estufa em 15 anos.
Esse número é comparável à retirada de milhares de veículos das ruas, mostrando o potencial da iniciativa para combater as mudanças climáticas.
O aproveitamento de resíduos para geração de energia não só reduz emissões, como também contribui para prolongar a vida útil dos aterros e diminuir impactos ambientais de longo prazo.
Como o lixo vira biometano
O processo de produção é dividido em várias etapas:
- Decomposição – O lixo orgânico descartado nos aterros libera o chamado biogás, composto por metano, gás carbônico e outros elementos
- Captação – O biogás é sugado por estruturas semelhantes a poços e conduzido a uma rede de tubulações instaladas sobre o aterro
- Purificação – Na planta, o gás passa por processos de remoção de umidade, ajuste de temperatura e eliminação de CO₂ e outros resíduos
- Concentração – O resultado é um gás com mais de 90% de metano, chamado biometano
- Comercialização – O biometano é comprimido, colocado em cilindros e distribuído para consumo
Esse ciclo garante aproveitamento integral de resíduos orgânicos, que deixam de ser apenas lixo para se tornarem recurso energético estratégico.
Perspectivas até 2030
A meta da CRVR é ambiciosa: até 2030, todas as unidades de produção de biometano previstas devem estar operando no Rio Grande do Sul.
Se confirmada, a conversão de resíduos em gás renovável poderá atender até 10% da demanda de gás natural do estado.
Esse avanço reforça o papel do biometano como uma das alternativas mais promissoras dentro da transição energética brasileira, alinhada às metas de descarbonização e segurança energética.
Um marco para a transição energética no Brasil
O início das operações da Biometano Sul não representa apenas um projeto local.
O modelo pode se expandir para outras regiões do Brasil, onde os aterros sanitários também concentram grande volume de resíduos orgânicos.
Se replicada em escala nacional, a tecnologia poderia transformar o país em referência mundial na produção de gás natural renovável, aproveitando ao máximo a realidade de seus centros urbanos e rurais.