Nova ligação entre Brasil e Pacífico reduz custos, encurta distâncias e transforma logística no Mato Grosso do Sul
A exportação de carne bovina do Mato Grosso do Sul para o Chile pode ganhar um novo impulso com a ponte binacional sobre o rio Paraguai. A estrutura está em fase final de construção.
Integrando o corredor bioceânico, essa estrutura pode triplicar os embarques de carne ao Chile, conforme estimativa do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sicadems).
Além disso, a nova rota promete encurtar distâncias e reduzir prazos para mercados da Ásia e da Oceania.
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Caminho alternativo corta custos e encurta trajeto
Atualmente, o estado exporta cerca de 360 mil toneladas de carne bovina ao Chile, utilizando rotas complexas e caras.
Os produtos passam por Assunção, no Paraguai, pelo Paraná até a Argentina ou pelo Rio Grande do Sul.
Esses trajetos atravessam múltiplas fronteiras, acumulam pedágios e elevam o tempo de entrega.
Com o novo corredor, as cargas sairão por Porto Murtinho (MS), cruzarão o Chaco paraguaio e seguirão por rodovias até o norte do Chile.
Segundo Sérgio Capucci, vice-diretor do Sicadems, o novo caminho favorece relações comerciais com Chile e Peru.
Além disso, há perspectiva de exportar para a Ásia via Pacífico, com avaliação de custos em comparação ao porto de Santos (SP).
A conectividade rodoviária entre os países amplia o alcance logístico, abrindo possibilidades antes inviáveis para o setor frigorífico do estado.
Ponte binacional será entregue em novembro de 2025
A ponte sobre o rio Paraguai já alcançou 80% de execução física em julho de 2025, segundo o Consórcio Binacional Pybra.
A entrega está prevista para novembro deste ano.
Os engenheiros planejaram a estrutura, com 1,2 mil metros de extensão e torres de 125 metros de altura, para suportar veículos pesados.
Esse tipo de construção favorece o transporte de cargas em larga escala.
O investimento é de US$ 109 milhões, financiado pelo lado paraguaio da Itaipu Binacional.
A ponte ligará Porto Murtinho a Carmelo Peralta, conectando as redes viárias do Brasil ao Paraguai, Argentina e Chile.
A nova rota permitirá acesso direto aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile.
Ela elimina a dependência de rotas mais longas como o Canal do Panamá ou o Cabo da Boa Esperança.
Essa integração reforça o papel estratégico do corredor bioceânico na logística sul-americana.
Exportações para a China ganham nova opção via Pacífico
Hoje, um contêiner que parte de Santos rumo à China percorre cerca de 24 mil quilômetros em até 54 dias.
Usar os portos chilenos encurta o trajeto em até 7 mil quilômetros e 20 dias.
O tempo depende da logística portuária e do destino asiático.
Cláudio Cavol, presidente do Setcems, afirma que atualmente as exportações ao norte chileno são quase inexistentes.
A pouca carga segue por Dionísio Cerqueira (SC) ou São Borja (RS), o que aumenta a distância entre 700 e 1.000 km.
Com a conclusão do novo corredor, as rotas se tornam mais diretas e eficientes.
Isso pode atrair novas demandas de exportação para o estado.
A logística regional vai se beneficiar, especialmente no transporte de cargas de alto valor agregado, como as da indústria de proteína animal.
Essa reconfiguração territorial amplia a competitividade do Mato Grosso do Sul nos mercados internacionais.
Setor logístico cobra melhorias alfandegárias e capacitação de motoristas
Embora as obras avancem, ainda assim a travessia pelo Paraguai tem gargalos. Por isso, caminhões podem levar até oito dias no trajeto.
Nesse cenário, os trâmites alfandegários causam filas e atrasos. Diante disso, o setor de transporte pede modernização nos processos das aduanas.
Para acelerar, eles solicitam agilidade nas fronteiras. Enquanto isso, a estrutura viária melhora, mas ajustes burocráticos ainda são necessários.
Além disso, formar motoristas virou prioridade. Por essa razão, o Setlog-MS iniciou cursos com apoio da UEMS e formou a primeira turma especializada.
Com isso, o foco está em segurança, documentação e eficiência para atender às operações em quatro países.