O Solário Carioca, inaugurado em Santa Cruz, converte um antigo aterro sanitário em uma usina solar de 5 MW, com economia anual de R$ 2 milhões e geração de empregos locais.
O que antes era um espaço abandonado e degradado, hoje representa o futuro da energia solar no Brasil.
A Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou o Solário Carioca, uma usina fotovoltaica de 5 megawatts instalada no bairro de Santa Cruz, zona oeste da capital fluminense. O empreendimento é fruto de uma parceria entre a rede internacional C40 Cities, a agência alemã GIZ e o programa CFF – Cities Finance Facility, que apoia projetos climáticos sustentáveis em grandes centros urbanos.
Com 15 hectares de área, dos quais 8,4 hectares estão ocupados por 9.240 painéis solares de 700 watts, o Solário Carioca é capaz de fornecer energia suficiente para cerca de 100 escolas públicas por dia.
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Além de sua relevância ambiental, o projeto também é considerado uma conquista econômica e social, gerando 234 empregos diretos e 60 indiretos, com prioridade para trabalhadores da própria comunidade de Santa Cruz.
Economia e sustentabilidade: energia limpa que reduz gastos públicos
De acordo com o prefeito Eduardo Paes, o Solário Carioca é um marco na história da cidade:
“Transformamos um aterro sanitário subutilizado em um polo de geração de energia limpa. Essa transição para a energia renovável gera uma redução significativa na emissão de gases de efeito estufa e uma economia de mais de R$ 2 milhões por ano para a cidade”, afirmou.
A iniciativa, que integra o plano de transição energética municipal, garante que a energia solar produzida seja 100% limpa e 20% mais barata para o município.
O projeto foi construído em apenas cinco meses, com investimento privado de R$ 45 milhões do Consórcio Rio Solar, vencedor da licitação da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar). A parceria público-privada (PPP) tem duração de 25 anos, período em que o consórcio será responsável pela implantação, operação e manutenção da usina.
Parceria internacional e reconhecimento global
O lançamento do Solário Carioca reforça o papel do Rio de Janeiro como cidade líder em inovação climática.
Durante a cerimônia de inauguração, Mark Watt, diretor-executivo da C40 Cities, destacou o impacto global da iniciativa:
“O Solário Carioca representa uma iniciativa cujos modelos estão sendo replicados em 30 cidades ao redor do mundo, totalizando 38 projetos distintos que beneficiam mais de 1,2 milhão de pessoas diretamente. É um exemplo do poder da liderança pública aliada a parcerias privadas.”
O projeto faz parte de um movimento internacional iniciado na COP21, em Paris, quando Eduardo Paes, então presidente da C40, lançou o mecanismo de financiamento CFF (Cities Finance Facility) para tirar do papel planos de ação climática em grandes cidades.
Hoje, o modelo se consolida como uma referência global para o financiamento de infraestrutura sustentável.
O papel da cooperação internacional na energia solar
Representantes do governo britânico e alemão também participaram da inauguração. Simon Stevens, enviado do governo do Reino Unido, destacou o impacto econômico e social do modelo adotado:
“O Solário Carioca é um exemplo inspirador de uma estratégia de transição justa. Seu impacto vai além da redução de emissões. Ele cria oportunidades, especialmente para jovens e comunidades marginalizadas, mostrando como a energia solar pode ser motor de inclusão e prosperidade.”
O cônsul-geral da Alemanha, Jan Freigang, e o diretor da GIZ no Brasil, Jochen Quinten, ressaltaram que o projeto chega em um momento simbólico, às vésperas de dois grandes eventos internacionais sediados no Rio: o Fórum de Líderes Locais da COP30 e a Cúpula Mundial de Prefeitos da C40, de 3 a 5 de novembro, no Museu de Arte Moderna (MAM).
Energia solar onde antes havia resíduos: um novo capítulo para Santa Cruz
Durante décadas, o terreno que hoje abriga o Solário Carioca foi um aterro sanitário, destino de toneladas de resíduos sólidos da cidade.
Com o encerramento das atividades e a desativação da área, o espaço permaneceu ocioso — até ser transformado em um polo de energia renovável.
Agora, o mesmo solo que antes representava degradação ambiental passa a simbolizar renovação e sustentabilidade.
Do ponto de vista ambiental, o Solário Carioca evitará a emissão de 40 mil toneladas de CO₂ por ano, o equivalente à retirada de 25 mil veículos das ruas.
Essa redução significativa de gases de efeito estufa coloca o projeto em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
O modelo CFF e o futuro da transição energética nas cidades
O mecanismo Cities Finance Facility (CFF) foi fundamental para o desenvolvimento do projeto. Criado há uma década, o programa oferece suporte técnico e financeiro a cidades que buscam implementar infraestrutura verde e resiliente.
Além do Rio, o CFF já apoia dezenas de projetos no mundo inteiro, transformando planos de ação climática em empreendimentos reais.
No caso carioca, o modelo poderá ser replicado em outras áreas degradadas ou ociosas, ampliando a produção de energia solar e promovendo o uso inteligente do solo urbano. A Prefeitura já mapeia novas regiões com potencial para receber usinas semelhantes, com a meta de atingir 20 megawatts de capacidade instalada até 2028.
Impactos econômicos e sociais diretos
Mais do que economia na conta de luz, o Solário Carioca gera impacto social expressivo. A obra priorizou a contratação de mão de obra local e o uso de fornecedores da própria região, fortalecendo a economia de Santa Cruz.
Serviços de segurança, alimentação, transporte e materiais de construção foram fornecidos por empresas do entorno, estimulando um ciclo de renda e desenvolvimento comunitário.
O projeto também tem um papel educacional. Por meio de parcerias com escolas e instituições técnicas, serão promovidas visitas e oficinas sobre energia solar, sustentabilidade e reciclagem, incentivando novas gerações a compreender o papel das energias renováveis no combate às mudanças climáticas.
Rio se consolida como referência em inovação climática
O Solário Carioca reforça a estratégia do Rio de Janeiro de liderar políticas de mitigação de emissões e adaptação climática entre as grandes cidades latino-americanas. Com o novo projeto, a capital fluminense se une ao movimento global de cidades verdes, que buscam reduzir a dependência de combustíveis fósseis e adotar soluções de energia limpa e descentralizada.
Além de marcar um novo capítulo na transição energética municipal, o Solário Carioca inspira outras metrópoles brasileiras a explorarem o potencial da energia solar como vetor de transformação econômica e social.
De um antigo aterro sanitário à vanguarda da sustentabilidade, o projeto simboliza o poder da inovação pública aliada à cooperação internacional para enfrentar os desafios do século XXI.



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