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Rio de Janeiro e Espírito Santo têm geografia semelhante, mas trajetórias opostas: enquanto o Rio concentra população e poder econômico, o Espírito Santo ficou à margem da história

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 04/04/2025 às 22:18
Rio de Janeiro e Espírito Santo dividem o mapa, mas não dividem a mesma história
Rio de Janeiro e Espírito Santo dividem o mapa, mas não dividem a mesma história
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Apesar das semelhanças geográficas, Rio de Janeiro e Espírito Santo apresentam contrastes profundos em população, economia e relevância histórica

Rio de Janeiro e Espírito Santo ocupam a mesma faixa litorânea, têm quase o mesmo tamanho e até capitais em baías, mas as semelhanças acabam aí. Enquanto o Rio abriga 17 milhões de habitantes e responde por cerca de 10% da economia nacional, o Espírito Santo, com apenas 4 milhões de moradores, representa menos de 2% do PIB do país. Dois estados vizinhos, com trajetórias que não poderiam ser mais diferentes.

Em um primeiro olhar no mapa, parece até brincadeira de espelho: Rio de Janeiro e Espírito Santo ocupam cerca de 350 km de extensão costeira, com aproximadamente 120 km de largura cada. Suas capitais, Rio e Vitória, são costeiras, situadas em baías naturais, e funcionam como portas de entrada para seus estados. Mas basta arranhar a superfície para perceber que esses dois vizinhos caminharam por trilhas completamente distintas. E a explicação está na política, na geopolítica… e, claro, no ouro.

Quando o poder escolhe onde morar: Rio de Janeiro x ES

A disparidade começa no século XVIII, quando a coroa portuguesa decide transferir a capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro. O motivo? Puro pragmatismo econômico. O Rio ficava estrategicamente posicionado ao lado de Minas Gerais, centro do ciclo do ouro, e de São Paulo, rota comercial crescente.

O Espírito Santo, por outro lado, não dispunha de caminhos seguros até as minas e não apresentava estrutura portuária suficiente para competir. Resultado: enquanto o Rio se tornava a nova capital e começava a concentrar poder e investimentos, o Espírito Santo ficava fora do jogo.

Família real no Rio, e o Espírito Santo esquecido

Se o ano de 1763 foi um divisor de águas, 1808 foi um terremoto. Fugindo das invasões napoleônicas, a família real portuguesa desembarca no Rio de Janeiro e transforma a cidade no centro do império ultramarino.

O Rio passa a abrigar instituições inéditas: Banco do Brasil, Jardim Botânico, Imprensa Régia, Biblioteca Real. A cidade se torna não só a capital do Brasil, mas da própria metrópole portuguesa. Enquanto isso, o Espírito Santo sequer é mencionado nos grandes planos da corte, um silêncio que ecoa até hoje.

Números que contam a diferença

Em 1872, o primeiro censo brasileiro já escancarava a distância: a província do Rio de Janeiro somava cerca de 1 milhão de habitantes. O Espírito Santo? Apenas 82 mil. Em termos econômicos, a distância cresceu ainda mais: hoje, o Rio representa quase 10% do PIB brasileiro, enquanto o Espírito Santo, mesmo com um polo industrial relevante em áreas como petróleo e celulose, ainda não passa dos 2%. A lógica é cruel: onde se concentra o poder, concentra-se também a população, a infraestrutura e os recursos.

O Espírito Santo nunca foi capital de nada, nem do Brasil, nem do império, nem mesmo de um ciclo econômico relevante. Isso o afastou de centros decisórios, investimentos e fluxos populacionais. Cercado por três potências, Minas, São Paulo e o próprio Rio de Janeiro, o estado capixaba não teve espaço para florescer com a mesma intensidade. A falta de protagonismo histórico limitou seu alcance até os dias atuais.

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Wadson Marcelo
Wadson Marcelo
06/04/2025 22:07

Além de tudo o que foi explanado teve ainda a necessidade de deixar o Espírito Santo, estado montanhoso, como uma espécie de muro verde, de proteção natural às minas gerais.
Ainda bem, nossas cidades interioranas são pequenas, capital Vitória é pequena l, comparando com outras capitais, cidades com pequenas populações e assim ficamos com melhores índices de qualidade de vida.

Edezio Figueiredo
Edezio Figueiredo
06/04/2025 14:06

Que tal criarmos o Estado do Rio do Espírito Santo. Os Estados têm muita coisa em comum.

Quem sabe nos tornamos uma potência, juntando o que há de melhor nesses dois lindos estados.

Vamos ter apoiadores e discordantes, mas faz parte do jogo.

Cláudio tassis
Cláudio tassis
06/04/2025 10:16

Obrigado. Que você continue pensando assim. Pois, aí mesmo tempo em que bons resultados escancarados trazem investimentos, também trazem a criminalidade, e temos um vizinho um pouco indesejado quando o quesito é crime.
Só pra ter dar algumas informações, de 2011 a 2020, Vitória ES foi a líder no rank do país em PIB per capita, quando baseada no PIB per capita municipal de outras CAPITAIS. (Estamos falando de capitais aqui, ok?). A partir de 2022, mudaram a métrica para beneficiar outras capitais, mas mesmo assim, Vitória-ES ficou sempre entre as 3 primeiras capitais.
Mas, já que a comparação é entre Vix x RJ, pasmem. RJ sempre esteva abaixo de Vitória quando o assunto é renda per capita.
Posso continuar se você quiser… Posso??
Enfim, Vix está listada entre o M2 mais caro, ou um dos mais caros do Brasil. Mas essa valorização do M2, não afeta o mercado, que está aquecido tanto para alugueis, quanto vendas e construções de novos empreendimentos imobiliários.
Mas honestamente, deixa do jeito que está.
Que continuemos a passar despercebidos, inclusive no Jornal Nacional.
Bora pessoal! Vai pro RJ.

Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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