Demitido por justa causa e acredita que a decisão foi injusta? Entenda como a reversão funciona, quais direitos podem ser recuperados e o que dizem os tribunais
A demissão por justa causa representa a punição mais dura aplicada ao trabalhador no Brasil. A Constituição Federal de 1988 e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, regulam essa forma de rescisão.
Essa penalidade retira do empregado direitos importantes. Entretanto, muitos trabalhadores recorrem à Justiça para reverter a medida. Dessa forma, desde os anos 1990, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) consolidou decisões que devolvem benefícios e indenizações quando a justa causa é considerada abusiva ou desproporcional.
O que significa a demissão por justa causa
A justa causa acontece quando o empregado comete falta grave. Essa falta inviabiliza a continuidade do contrato. A CLT, desde 1943, lista hipóteses específicas, como improbidade, indisciplina, insubordinação, abandono e desídia.
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Nesses casos, o empregador rompe o contrato sem aviso-prévio e sem liberar FGTS ou seguro-desemprego. Entretanto, a Constituição de 1988 protege contra despedida arbitrária. Por isso, a Justiça admite contestação quando há indícios de abuso ou desproporção.
Direitos perdidos e o impacto imediato
Com a justa causa, o trabalhador perde direitos relevantes. Entre eles estão:
- Aviso-prévio remunerado;
- 13º salário proporcional;
- Férias proporcionais acrescidas de 1/3;
- Depósitos e saque do FGTS com multa de 40%;
- Acesso ao seguro-desemprego.
Além disso, conforme precedentes do TST em 2019 e 2021, alguns empregados tiveram que indenizar empresas por prejuízos comprovados. Assim, a severidade dessa sanção explica por que muitos recorrem à reversão judicial.
Como funciona a reversão judicial
O trabalhador pode contestar a justa causa por meio de ação trabalhista. A lei fixa prazo de até dois anos após a rescisão. Assim, ele precisa reunir provas para demonstrar que:
- A falta grave não ocorreu;
- A penalidade foi desproporcional;
- Houve perseguição ou abuso do empregador.
Durante o processo, empregado e empregador apresentam argumentos e provas. O juiz, então, avalia os fatos à luz da lei. Dessa forma, aplica razoabilidade e proporcionalidade para definir se a justa causa permanece ou se deve ser anulada.
Casos em que a reversão foi concedida
Precedentes mostram que a reversão ocorre quando a empresa não comprova a acusação ou aplica pena desproporcional.
Em 2019, o TST derrubou uma justa causa baseada em abandono, pois a empresa não apresentou provas suficientes. Já em 2021, outro julgamento reconheceu abuso na acusação de insubordinação sem evidências, obrigando o empregador a pagar verbas rescisórias integrais.
Esses casos reforçam que o Judiciário aceita a justa causa apenas quando a conduta do empregado se prova grave e devidamente documentada.
Procedimentos para contestar a decisão
O trabalhador interessado em contestar deve agir de forma organizada. O caminho inclui:
- Ajuizar ação trabalhista em até dois anos após a dispensa;
- Juntar provas materiais e testemunhais;
- Contar com advogado especializado em direito do trabalho;
- Acompanhar o processo e apresentar defesa consistente.
Com esses passos, o juiz terá condições de avaliar a legalidade da penalidade.
Consequências da reversão para o trabalhador
Quando a Justiça reconhece o excesso do empregador, a reversão garante todos os direitos de uma demissão sem justa causa. Isso inclui aviso-prévio, 13º salário proporcional, férias proporcionais e FGTS com multa de 40%.
Além disso, o TST já condenou empresas ao pagamento de danos morais em 2022, quando comprovou ofensa à honra e à imagem do empregado. Assim, a reversão pode reparar financeiramente e moralmente o trabalhador.
A decisão final cabe ao juiz
Embora o empregador defenda sua posição, o juiz decide com base na lei e nas provas apresentadas. Essa análise garante equilíbrio e evita punições arbitrárias.
Portanto, nem toda acusação resulta automaticamente em justa causa. A Justiça atua como guardiã da proporcionalidade e dos direitos fundamentais.
A reversão como garantia de equilíbrio social
Especialistas destacam que a reversão é instrumento essencial para equilibrar as relações de trabalho. Sem essa possibilidade, empresas poderiam usar a penalidade máxima como mecanismo de coerção.
Desde 1943, quando a CLT entrou em vigor, até hoje, a reversão se consolidou como medida protetiva, capaz de frear abusos e preservar a dignidade do trabalhador.
O que o futuro reserva para os trabalhadores?
O avanço do teletrabalho e das plataformas digitais amplia os debates. Assim, a justa causa tende a ser cada vez mais questionada. O grande desafio está em aplicá-la com rigor apenas em casos graves.
Enquanto isso, cada decisão judicial pode transformar a vida de um trabalhador, restituindo direitos e reconstruindo reputações.
E você, acredita que a reversão da justa causa deve ser aplicada com mais rigor para proteger empresas ou com mais flexibilidade para assegurar justiça aos trabalhadores?



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