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Renegociação de dívidas dispara no Brasil: mais de 60% regularizam contas em até 60 dias, revela Serasa

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 24/08/2025 às 15:12
Mais de 60% das dívidas no Brasil foram renegociadas em até 60 dias, aponta Serasa. Bancos, cartões e serviços essenciais lideram pagamentos.
Mais de 60% das dívidas no Brasil foram renegociadas em até 60 dias, aponta Serasa. Bancos, cartões e serviços essenciais lideram pagamentos.
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Levantamento da Serasa mostra avanço na regularização de dívidas em até 60 dias, com destaque para bancos, cartões e serviços essenciais, além de forte recuperação no Sul do país.

O brasileiro vem aproveitando as condições de renegociação para colocar as contas em dia.

Levantamento da Serasa Experian indica que, entre as dívidas incluídas no cadastro de inadimplência em maio, 61,5% foram regularizadas em até 60 dias.

O Indicador de Recuperação de Crédito também registrou alta de 11,4% nos pagamentos frente ao mesmo período de 2022, sinalizando avanço na capacidade de quitação no curto prazo.

Segundo a empresa, o indicador mede, mês a mês, a parcela de dívidas que entra no sistema como inadimplente e consegue ser paga dentro da janela de 60 dias.

Essa régua é a referência mais usada em soluções de cobrança e acompanhamento de carteira, embora possa variar conforme a política de cada credor.

Em meio a esse movimento, a avaliação da Serasa é que as campanhas de renegociação ampliaram o acesso a acordos com descontos e parcelamentos.

Os programas de renegociação se tornaram uma grande oportunidade para os brasileiros endividados, viabilizando a quitação de débitos e auxiliando na recuperação da saúde financeira”, afirma o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

A leitura reforça a ideia de que, quando há oferta de condições mais previsíveis e prazos factíveis, o retorno ao pagamento ocorre com maior rapidez.

Dívidas mais quitadas: bancos, cartões e serviços essenciais

A análise por tipo de credor mostra que os débitos com bancos e cartões foram os mais liquidados no período.

Em seguida, aparecem as utilities, grupo que reúne contas de serviços essenciais como água e energia elétrica.

Essa priorização costuma refletir a preservação de serviços indispensáveis à rotina doméstica, além do peso que operações de crédito e cartões têm no orçamento mensal.

Outro recorte aponta o comportamento por faixas de valor.

Entre os inadimplentes que conseguiram regularizar em 60 dias, as contas acima de R$ 10 mil apareceram como as mais recuperadas.

Esse dado sugere que, quando há condições de renegociação adequadas, parte relevante dos consumidores opta por resolver compromissos de maior ticket, reduzindo riscos legais e financeiros.

Sul lidera renegociação em até 60 dias

O desempenho não foi homogêneo pelo país. No ranking por regiões, o Sul registrou o maior percentual de dívidas regularizadas em até 60 dias, com 66,1%.

Na sequência vieram Nordeste (64,1%), Sudeste (60,3%), Centro-Oeste (59,8%) e Norte (53,9%).

A diferença de patamar evidencia como renda, formalização do trabalho e estrutura de crédito regional influenciam a velocidade de recuperação.

Ainda que o Sudeste concentre a maior parte da atividade econômica, o Sul se destacou proporcionalmente.

Enquanto isso, o Norte apresentou a menor taxa no período analisado, o que pode refletir maior vulnerabilidade a choques de renda e menor penetração de instrumentos de crédito com renegociação padronizada.

Como funciona o indicador de recuperação

O Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian considera, para cada mês, o volume de dívidas que ingressa no sistema de inadimplência e é quitado em até 60 dias após a negativação.

Trata-se, portanto, de um acompanhamento de fluxo, não de estoque.

O objetivo é aferir a rapidez com que atrasos recentes são solucionados, e não o total de dívidas antigas que permanecem em aberto.

Por essa razão, resultados mais fortes em determinado mês não significam, necessariamente, queda imediata do número total de inadimplentes.

A dinâmica do estoque depende de variáveis adicionais, como novas inclusões, renegociações com prazos superiores a 60 dias e acordos que preveem pagamento parcelado cujo efeito aparece gradualmente.

Por que o prazo de 60 dias é referência

A escolha de 60 dias como janela padrão decorre de práticas de cobrança amplamente difundidas.

Muitos credores estruturam seus contatos e ofertas de acordo dentro desse intervalo, em busca de recompor o fluxo de caixa com rapidez e reduzir custos de recuperação.

Ainda assim, o tempo efetivo para quitação pode variar conforme a negociação, a capacidade de pagamento do consumidor e a política de cada instituição.

Essa régua comum também facilita a comparação histórica entre períodos, permitindo observar avanços ou recuos na disposição de pagamento diante de mudanças nas condições de crédito, renda e endividamento.

Plataformas digitais e acesso ao Limpa Nome

A Serasa mantém canais digitais para consulta e proposta de acordos. O Serasa Limpa Nome permite verificar débitos, simular condições e aderir a ofertas sem necessidade de deslocamento.

O acesso é feito de forma online, mediante cadastro do consumidor. A orientação é checar as informações, avaliar o orçamento e priorizar acordos com parcelas que caibam na renda mensal para reduzir o risco de novo atraso.

Além da plataforma, campanhas periódicas de renegociação costumam reunir diferentes credores com descontos e prazos diferenciados.

Quando há oferta coordenada, a taxa de recuperação tende a reagir, como sugere o avanço observado em maio.

Impacto para consumidores e mercado de crédito

Para o consumidor, a melhora na recuperação em curto prazo sinaliza que há condições de negociação mais acessíveis e que, em muitos casos, os credores estão dispostos a ajustar prazos e descontos.

Para o mercado, os números funcionam como termômetro da capacidade de pagamento das famílias e da eficiência das estratégias de cobrança, elementos relevantes para calibrar risco e oferta de crédito.

Ainda que o estudo destaque a força de bancos, cartões e utilities na recomposição de pagamentos, o quadro reforça a importância de planejamento financeiro e de ofertas transparentes.

Ao reduzir parcelas e alongar prazos de forma responsável, aumenta-se a chance de retorno ao adimplemento sem comprometer o orçamento básico.

Perspectivas para os próximos meses

A continuidade desse movimento dependerá do ambiente de renda, do emprego e da manutenção de programas de renegociação em larga escala.

Caso condições favoráveis persistam, a tendência é que o indicador preserve patamares elevados de recuperação nos primeiros 60 dias após a negativação.

Do contrário, oscilações de renda e crédito podem alongar o tempo necessário para normalização das contas.

Enquanto os números de maio apontam uma fotografia positiva da recuperação rápida, a trajetória ao longo do ano é que confirmará se o fôlego é pontual ou estrutural.

No plano individual, a recomendação é monitorar o orçamento, priorizar despesas essenciais e considerar acordos que ofereçam previsibilidade.

Como você avalia o principal fator que incentiva a renegociação hoje: desconto na dívida, prazo maior ou a reconexão de serviços essenciais quando há quitação?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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