Plataforma de Singapura revolucionou o mercado nacional com frete grátis, foco no mobile e aposta em pequenos vendedores.
A Shopee, conhecida como o rei das vendas no Sudeste Asiático, chegou ao Brasil em 2019 e rapidamente se tornou uma das plataformas mais populares do país. Vinda de Singapura, a empresa aplicou aqui a mesma fórmula de sucesso que já havia funcionado em mercados emergentes: foco em smartphones, frete grátis, promoções agressivas e incentivo a pequenos vendedores. Em pouco tempo, conquistou milhões de usuários e incomodou gigantes como Mercado Livre, Amazon e Magazine Luiza.
O crescimento meteórico da Shopee no Brasil não veio sem desafios. A empresa precisou enfrentar a complexidade tributária, adaptar sua logística a um país de dimensões continentais e responder às críticas sobre a qualidade de produtos importados. Ainda assim, manteve presença forte e investimentos constantes, mesmo após medidas como a “taxa das blusinhas” e o arrefecimento das compras online no pós-pandemia.
De startup de games a potência global
Criada em 2015 pelo Sea Group (antiga Garena), a Shopee nasceu como um marketplace voltado para mobile, inspirada no modelo chinês Taobao. A estratégia foi clara: permitir que qualquer pessoa se tornasse vendedor online em poucos minutos, oferecendo isenção de taxas no início e suporte logístico para pequenos negócios. Essa abordagem gerou o chamado “efeito rede”, atraindo vendedores e compradores em ritmo acelerado.
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O foco exclusivo no aplicativo para smartphones foi outro diferencial. Enquanto concorrentes ainda priorizavam versões para desktop, a Shopee apostou em um app leve e funcional, capaz de rodar até em celulares básicos. Somado a campanhas de marketing massivas e eventos de descontos como o 11/11 e 12/12, o modelo ajudou a consolidar a marca no Sudeste Asiático antes de expandir para novos mercados.
A ofensiva brasileira
No Brasil, a entrada foi cirúrgica e estratégica. Com mais de 200 milhões de habitantes e alto índice de acesso à internet via celular, o país representava um terreno fértil. A empresa investiu pesado em frete grátis, descontos relâmpago e campanhas publicitárias com celebridades, como Jackie Chan e Terry Crews, além de jingles virais que se tornaram febre nas redes sociais.
A decisão de priorizar pequenos vendedores brasileiros deu resultado. Muitos comerciantes migraram para a plataforma durante a pandemia, quando o isolamento social impulsionou o comércio online. O app chegou ao topo das lojas de aplicativos, superando rivais em downloads e gerando grande presença digital, com memes e vídeos compartilhados no TikTok e Instagram.
Desafios e ajustes de rota
Apesar do sucesso, operar no Brasil exigiu adaptações rápidas. A Shopee teve de ampliar centros de distribuição, fechar parcerias logísticas e lidar com a tributação sobre importados, que acirrou o debate sobre concorrência desleal. A “taxa das blusinhas” de 2024 reduziu o volume de compras internacionais e afetou o faturamento dos Correios, mas não afastou totalmente a base de clientes.
Globalmente, a empresa também reavaliou sua estratégia. Após expandir para mercados como França, Espanha e México, optou por concentrar esforços nas operações mais lucrativas, como o Sudeste Asiático e o Brasil. Hoje, busca crescer de forma mais sustentável, com foco em lucro e diversificação de receitas — incluindo serviços financeiros como o ShopeePay e crédito ao consumo.
Futuro do rei das vendas
O mercado projeta crescimento consistente para a Shopee até 2028, impulsionado pela recuperação de margens e pelo fortalecimento de seu ecossistema digital. No Brasil, a disputa com gigantes do e-commerce promete continuar acirrada, e a capacidade da empresa de manter preços competitivos e logística eficiente será decisiva.
Você acha que a Shopee vai continuar sendo o rei das vendas no Brasil ou que o mercado vai virar para outros players? Compartilhe sua opinião nos comentários.