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Recife teve a primeira sinagoga das Américas em 1636, antes de Nova York existir, e sua história mudou a formação judaica no continente

Publicado em 07/10/2025 às 16:43
Conheça a história da primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, símbolo da liberdade religiosa e da comunidade judaica no Recife Antigo.
Conheça a história da primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, símbolo da liberdade religiosa e da comunidade judaica no Recife Antigo.
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A Sinagoga Kahal Zur Israel nasceu no Recife durante o domínio holandês, acolheu judeus fugidos da Inquisição e deu origem à primeira comunidade judaica de Nova York.

Recife teve a primeira sinagoga das Américas, fundada em 1636, quase meio século antes de Nova York surgir no mapa. No coração do Recife Antigo, judeus sefarditas fugidos da Inquisição ibérica encontraram, sob domínio holandês, a liberdade religiosa necessária para criar a Kahal Zur Israel um marco na história judaica mundial.

O templo, erguido na antiga Rua dos Judeus, prosperou por menos de duas décadas até ser fechado em 1654, quando os portugueses retomaram o controle e reinstauraram a perseguição religiosa. Séculos depois, o local foi redescoberto e restaurado, transformando-se em um centro de memória que conecta Brasil, Holanda e Estados Unidos por meio da trajetória de seus fiéis.

Liberdade religiosa no Brasil holandês e a fundação da sinagoga

Recife teve a primeira sinagoga das Américas em 1636, antes de Nova York existir, e sua história mudou a formação judaica no continente
A incrível história da sinagoga do Recife que nasceu em 1636, sobreviveu à Inquisição e ajudou a fundar o judaísmo em Nova York

A história da Kahal Zur Israel começa com a fuga em massa de judeus e cristãos-novos de Portugal e Espanha.

Durante o século XV, a Inquisição perseguiu e obrigou milhares a se converterem ao cristianismo, mantendo a fé judaica em segredo.

Muitos encontraram abrigo nos Países Baixos, onde a tolerância religiosa era política de Estado.

Com a conquista holandesa de Pernambuco em 1630, essa liberdade chegou ao Brasil. No Recife, os sefarditas vindos de Amsterdã estabeleceram uma comunidade florescente e, seis anos depois, fundaram a primeira sinagoga das Américas.

O templo contou com liderança rabínica própria, como o rabino Isaac Aboab da Fonseca, considerado o primeiro rabino das Américas, e o cantor Moisés Raphael de Aguilar, enviados pela congregação de Amsterdã.

A expulsão portuguesa e o início da diáspora judaica nas Américas

Com a Insurreição Pernambucana e a retomada do território pelos portugueses, a comunidade judaica foi novamente perseguida. Em 1654, os judeus foram obrigados a deixar o Brasil.

Parte deles retornou à Holanda, mas um grupo de 23 refugiados embarcou em uma jornada que mudaria a história das Américas.

Após passar por Curaçao e enfrentar piratas no caminho, o grupo chegou a Nova Amsterdã, atual Nova York, onde fundou a primeira comunidade judaica organizada da América do Norte.

Assim, a Kahal Zur Israel, mesmo extinta, influenciou diretamente o nascimento do judaísmo em solo norte-americano.

Do esquecimento às escavações e à restauração

Com o passar dos séculos, o prédio original da sinagoga foi demolido e o local perdeu sua identidade histórica.

Apenas no fim dos anos 1990, durante escavações na Rua do Bom Jesus, arqueólogos descobriram as fundações do edifício e o mikvé, o banho ritual judaico, confirmando que ali havia funcionado a congregação do século XVII.

O achado levou à restauração do espaço e à criação do Museu Sinagoga Kahal Zur Israel, inaugurado em 2001.

O local preserva fragmentos arquitetônicos, réplicas de documentos e objetos religiosos, e reconta a trajetória dos judeus no Brasil holandês. Hoje, o espaço é também um centro cultural judaico que recebe visitantes de todo o mundo.

A importância simbólica e cultural da Kahal Zur Israel

Mais do que um sítio arqueológico, a Kahal Zur Israel representa o início da convivência religiosa no continente americano.

A sinagoga simboliza o primeiro capítulo da presença judaica nas Américas e a influência direta do Recife na formação de comunidades judaicas no hemisfério norte.

Atualmente, o museu promove exposições, festivais e atividades educativas, funcionando como ponto de encontro entre culturas e religiões.

O edifício restaurado guarda elementos simbólicos, como a estrela de seis pontas visível apenas de um ângulo específico, e abriga também um pequeno espaço usado para orações e celebrações religiosas.

Um legado que conecta três continentes

A história da sinagoga recifense atravessa o tempo e o oceano. Ela une a resistência dos judeus ibéricos, a tolerância holandesa e a construção de uma nova identidade judaica nas Américas.

Cada pedra e cada documento preservado no museu lembram que o Recife, antes mesmo de Nova York, já abrigava uma comunidade que lutava por liberdade de fé e expressão.

E você, já conhecia a história da primeira sinagoga das Américas? Acha que o Recife valoriza o suficiente esse patrimônio mundial? Deixe sua opinião nos comentários sua visão ajuda a manter viva a memória desse marco da história brasileira e judaica.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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