Recessão geopolítica: Brasil perde espaço no comércio global e enfrenta tarifas mais altas dos EUA. Marcos Troyjo alerta que a chamada recessão geopolítica criou uma tempestade perfeita para o Brasil, que viu tarifas americanas saltarem de 10% para 50%
O conceito de recessão geopolítica vem ganhando força para explicar o atual cenário internacional. O termo, usado por Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos BRICS, descreve um mundo em que a cooperação entre países diminui e prevalece o jogo de soma zero: quando um país ganha espaço, outro necessariamente perde. Nesse ambiente, os Estados Unidos aparecem no centro da turbulência, com a chamada “Trumpulência”, marcada por tarifas mais duras e tensões comerciais crescentes.
Para Troyjo, o Brasil desperdiçou uma rara janela de oportunidade. Até recentemente, o país pagava apenas 10% em tarifas de importação nos EUA, índice considerado favorável. Mas a falta de diálogo com Washington, somada a um discurso antiamericano e à defesa da desdolarização, levou o país a enfrentar hoje a maior tarifa entre todos os parceiros comerciais americanos: 50%.
O que significa a recessão geopolítica
Na visão de Troyjo, a recessão geopolítica é caracterizada pelo aumento da desconfiança entre países e pela dificuldade de estabelecer acordos duradouros. Ele divide os eventos em microgeopolíticos, de curto prazo, como a guerra da Ucrânia, e macrogeopolíticos, de longo prazo, como a disputa entre Estados Unidos e China.
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Esse ambiente de instabilidade cria barreiras adicionais ao comércio internacional e exige que cada país saiba negociar estrategicamente. Enquanto líderes de potências como Índia, Alemanha, Itália e até a União Europeia mantiveram diálogo direto com a Casa Branca, o Brasil ficou isolado, sem conversas ou encontros de alto nível com Washington.
A oportunidade perdida pelo Brasil
Segundo Troyjo, entre abril e julho de 2025, o Brasil viveu uma fase em que poderia ter ampliado sua presença no mercado americano. Com tarifas relativamente baixas, havia espaço para conquistar novas fatias do comércio de bens de maior valor agregado, como móveis, têxteis e produtos industrializados.
No entanto, a ausência de estratégia comercial clara e a retórica política contrária aos EUA criaram um ambiente de complacência. Enquanto países asiáticos enfrentavam tarifas mais duras, o Brasil deixou de aproveitar o diferencial competitivo que tinha à disposição.
Impacto econômico e comercial
Os números deixam clara a perda de espaço. O mercado importador dos EUA movimenta cerca de US$ 3,6 trilhões por ano, o equivalente a mais que todo o PIB combinado de 56 países africanos. Nesse universo, as exportações brasileiras representam apenas 1,1% algo em torno de US$ 41 bilhões.
Para Troyjo, essa baixa participação reflete incompetência comercial histórica, já que os EUA são destino natural de produtos brasileiros de alto valor agregado. A recente elevação das tarifas para 50% consolida uma posição desfavorável, dificultando a expansão das exportações nacionais e reduzindo a competitividade das empresas brasileiras.
A tempestade perfeita
O ex-presidente do Banco dos BRICS resume a situação como uma tempestade perfeita: além do isolamento diplomático e das tarifas mais altas, o Brasil ainda enfrenta pressões internas e externas ligadas ao debate sobre desdolarização e à presidência do BRICS.
Nesse cenário, a recessão geopolítica atinge diretamente o país, que deixou de ser visto como parceiro estratégico e agora paga o preço por escolhas equivocadas no campo da política externa e comercial.
A análise de Marcos Troyjo mostra como a recessão geopolítica expõe fragilidades brasileiras em meio à competição global. Enquanto outros países buscaram minimizar perdas por meio de negociações ativas com os EUA, o Brasil se afastou e acabou punido com tarifas recordes.
E você, acredita que o Brasil errou ao não manter diálogo direto com os EUA durante esse período de recessão geopolítica? Acha que ainda há tempo para recuperar espaço no comércio internacional? Deixe sua opinião nos comentários — sua visão pode enriquecer esse debate.