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O Rancho Neverland de Michael Jackson não existe mais: a roda-gigante desapareceu e o zoológico fechou restando uma mansão de 1.100 m² e cinema de 50 lugares

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/10/2025 às 00:40
O icônico Neverland perdeu brinquedos e zoológico e hoje abriga mansão de 1.100 m² e cinema exclusivo. Descubra como está a propriedade
O icônico Neverland perdeu brinquedos e zoológico e hoje abriga mansão de 1.100 m² e cinema exclusivo. Descubra como está a propriedade
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Símbolo máximo do universo lúdico de Michael Jackson, o lendário Neverland perdeu suas atrações e virou um retiro privado. Com 2.700 acres, mansão de 1.100 m² e cinema de 50 lugares, a propriedade segue inacessível ao público — veja seu estado em 2025

O  Rancho Neverland foi mais que a residência de Michael Jackson: tornou-se um símbolo da excentricidade e genialidade do astro, combinando arquitetura luxuosa de uma mansão e fantasia infantil.

Quase quatro décadas após sua construção, essa propriedade de 2.700 acres permanece relevante – seja pelas transformações que sofreu ao longo dos anos ou por seu renascimento recente sob nova administração.

Em 2024, o rancho voltou aos holofotes ao servir de cenário para um filme biográfico de Michael, relembrando o mundo do legado arquitetônico e cultural ali construído.

A seguir, um mergulho jornalístico na história, no apogeu, no declínio e na situação atual desse icônico refúgio.

Construção de um refúgio de luxo (1981–1988)

O Rancho Neverland nem sempre levou esse nome. Originalmente chamada Zaca Laderas Ranch, a propriedade foi adquirida em 1981 pelo empresário do ramo imobiliário William Bone.

Bone rebatizou o local como Sycamore Valley Ranch e idealizou um retiro familiar de alto padrão. Após alguns anos de estudo, o resultado do projeto foi uma mansão principal de aproximadamente 1.200 m², concluída em 1982, em estilo inspirado nas casas de campo europeias – descrita como uma mistura de mansão rural inglesa com elementos normandos.

A casa, de seis quartos, exibia acabamento primoroso e ficava rodeada por jardins formais, um lago ornamental de 4 acres com cascata de 1,5 metro, além de uma pitoresca ponte de pedra.

Bone afirmou ter realizado ali tudo o que sonhara em 15 anos de carreira como construtor. De fato, a infraestrutura impressionava: além da residência principal, havia dezenas de edificações auxiliares – incluindo celeiros, três casas de hóspedes, quadras esportivas e uma casa de piscina de 343 m².

Tudo indicava que Bone planejava até mesmo converter a propriedade em um clube campestre exclusivo, ideia que acabou abandonando.

O rancho, isolado na tranquilidade do Vale de Santa Ynez a cerca de 65 km de Santa Bárbara, configurava-se assim como um refúgio de luxo e privacidade.

A era Michael Jackson e a transformação em Neverland (1988–2003)

Em meados da década de 1980, o destino da propriedade mudaria para sempre. Fascinado pelo lugar, Michael Jackson – então no auge de sua carreira – comprou o rancho no final dos anos 1980 por cerca de US$ 19,5 milhõesbrasil.elpais.com.

A transação foi realizada em março de 1988 por meio de um truste para manter sigilo, mas logo o cantor assumiu oficialmente a posse.

Jackson rebatizou a propriedade de Neverland Valley Ranch, numa referência à ilha da Terra do Nunca de Peter Pan – o menino que nunca cresce, personagem favorito do artista. Ali, o rei do pop materializou sua visão de um “parque de diversões particular”.

A pacata fazenda foi transformada em um verdadeiro parque temático: instalaram-se uma ferrovia em miniatura circundando os terrenos, um charmoso trenzinho a vapor – batizado Katherine em homenagem à mãe de Jackson – com direito a uma estação própria em estilo vitoriano e um relógio floral na entrada.

Havia ao todo três linhas férreas internas, incluindo outra locomotiva estilo antigo (réplica da C. P. Huntington) e até um trem elétrico para os filhos do cantor, com trilhos montados no quintal.

Nos gramados surgiram um carrossel vintage, roda-gigante, montanha-russa infantil, barco viking, autopista de bate-bate, zíper, polyp (tipo de octopus) e diversos outros brinquedos de parque de diversões.

Estátuas de crianças e personagens espalhavam-se pelos jardins, reforçando a atmosfera de fantasia. Jackson ainda construiu uma arcada de jogos eletrônicos e um cinema particular com 50 lugares, equipado com palco para performances.

A suíte master da casa principal possuía um cofre secreto, refletindo as preocupações do astro com segurança e privacidade.

Não menos espetacular era o zoológico particular mantido no rancho. Neverland abrigou inúmeros animais exóticos – de orangotangos e elefantes a uma girafa e o chimpanzé Bubbles, famoso companheiro de Jackson – além de uma área de petting zoo onde crianças podiam interagir com filhotes e animais domésticos.

Esse universo lúdico não era apenas para desfrute pessoal: Jackson frequentemente abria as portas de Neverland para receber crianças doentes ou em situação vulnerável, proporcionando-lhes um dia de diversão e magia.

Em 1991, por exemplo, o rancho sediou o casamento da amiga Elizabeth Taylor com Larry Fortensky, em meio a jardins floridos e sigilo absoluto.

Dois anos depois, em 1993, Jackson recebeu a apresentadora Oprah Winfrey para uma entrevista televisionada ao vivo diretamente de Neverland – momento em que milhões de telespectadores puderam vislumbrar a intimidade do cantor em seu “reino encantado”.

No auge, a propriedade se tornou tão conhecida quanto o próprio artista, comparada por muitos ao rancho Graceland de Elvis Presley em termos de apelo cultural.

Declínio e abandono (2003–2009)

O começo dos anos 2000 trouxe desafios sombrios a Neverland. Em novembro de 2003, a propriedade foi palco de uma operação policial de busca e apreensão relacionada a denúncias criminais contra Michael Jackson.

O incidente marcou o fim da relação de Jackson com seu refúgio. Abalado, o cantor declarou publicamente que jamais voltaria a morar em Neverland – e de fato nunca mais o fez.

Durante o longo julgamento (2005), o rancho permaneceu fechado e silencioso; Jackson passou a residir no exterior, delegando a funcionários a manutenção básica do lugar.

Sem a presença vibrante de seu proprietário, a atmosfera lúdica de Neverland foi aos poucos se dissipando.

Problemas financeiros também cercaram a propriedade nessa época. Em 2006, Jackson atrasou pagamentos de um empréstimo vinculado ao rancho, gerando rumores de execução hipotecária.

No início de 2008, o valor da dívida alcançava US$ 24,5 milhões e chegou-se a agendar um leilão público de Neverland, incluindo terrenos, brinquedos e objetos.

A poucos dias do leilão, porém, um acordo privado foi firmado: a empresa de investimentos Colony Capital, do bilionário Tom Barrack, adquiriu a dívida de Jackson por cerca de US$ 22,5 milhões, evitando a execução.

Em troca, Jackson cedeu parte majoritária dos direitos sobre Neverland à Colony Capital, criando em 2008 uma joint venture chamada Sycamore Valley Ranch Company.

Assim, tecnicamente o rancho deixou de pertencer integralmente a Michael Jackson, embora ele mantivesse uma parcela minoritária não divulgada.

Ainda em 2008, logo após esse acerto, observou-se uma mudança física significativa: funcionários contratados pela nova gestão começaram a remover do local os brinquedos de parque de diversões e levar os animais restantes embora.

De um dia para o outro, caminhões transportando a icônica roda-gigante e outros equipamentos foram vistos deixando Neverland.

Até meados de 2009, praticamente todas as atrações lúdicas já haviam sido desmontadas ou vendidas, com exceção de alguns llamas que ficaram na fazenda.

Após a morte de Michael Jackson em junho de 2009, cogitou-se brevemente sepultá-lo no rancho e transformá-lo em memorial público.

A ideia, entretanto, não prosperou diante de entraves legais e da oposição de familiares. Ainda em 2009, em uma tentativa de dissociar a propriedade das controvérsias e da figura de Jackson, o lugar foi renomeado oficialmente de volta a Sycamore Valley Ranch.

No portão de Neverland – outrora vigiado por seguranças particulares – fãs inconsoláveis montaram um memorial improvisado com flores, fotos e mensagens de adeus ao popstar, três dias após sua morte.

Era o fim de uma era: o rancho dos sonhos havia se tornado, naquele momento, um símbolo melancólico de perda e nostalgia.

Tentativas de venda e transformações na década de 2010

Com Jackson ausente e, depois, falecido, Neverland permaneceu sob cuidados da Colony Capital e do espólio do artista, mas sem uso residencial.

A manutenção do vasto imóvel – avaliado principalmente pela extensão de terra em região nobre – continuou, embora em perfil discreto.

Em 2015, a Colony, já em acordo com os administradores do espólio de Jackson, decidiu recolocar a propriedade no mercado. Numa jogada ousada, o rancho (ainda sob o nome Sycamore Valley Ranch) foi listado à venda por US$ 100 milhões.

O anúncio descrevia um local único: casa principal em estilo normando com cerca de 1.100 m², seis dormitórios, cinema particular de 50 lugares, um lago com cachoeira, piscina, quadras de tênis, três casas de hóspedes e até a pitoresca estação ferroviária com seus trilhos intacto.

Em meio a críticas e à falta de interessados dispostos a pagar a quantia astronômica, o imóvel encalhou no mercado. Em 2017, sem ofertas concretas, o preço foi reduzido para US$ 67 milhões.

Nem mesmo essa queda (mais de 30%) atraiu comprador, e no ano seguinte a pedida manteve-se inalterada.

Em 2019, já sob impacto de um polêmico documentário que reacendeu antigas acusações contra Jackson, o rancho teve seu preço novamente cortado – desta vez para US$ 31 milhões, menos de um terço do valor inicial.

A essa altura, agentes imobiliários enfatizavam que, apesar do longo período à venda, a propriedade permanecia bem cuidada, com toda a infraestrutura – jardins, construções e paisagismo – conservada e funcional.

Ainda assim, nenhum negócio se concretizou. Alguns atribuíam a dificuldade de venda ao estigma que passou a rondar o nome Neverland devido às alegações controversas; outros simplesmente viam o preço como alto demais para um lugar tão personalizado.

Diante do insucesso, os donos retiraram o anúncio de venda e optaram por esperar por circunstâncias melhores.

Renascimento sob Ron Burkle (2020–2025)

Uma virada inesperada na saga do Neverland Ranch ocorreu no final de 2020. Aproveitando que o rancho já não estava oficialmente no mercado, o investidor bilionário Ronald “Ron” Burkle – sócio do cantor em anos anteriores e velho amigo da família Jackson – manifestou interesse espontâneo na compra.

Burkle sobrevoava a região de Los Olivos de helicóptero, avaliando terrenos vizinhos para um potencial clube privado de sua rede Soho House, quando avistou do ar a vasta propriedade de Neverland.

O acordo foi rápido: por US$ 22 milhões – cerca de 20% do valor pedido cinco anos antes – Burkle adquiriu o rancho, encerrando definitivamente o longo impasse de venda.

Na época da compra, o porta-voz do investidor esclareceu que se tratava de uma oportunidade de “land banking”, ou seja, um investimento de longo prazo em terra, sem planos imediatos de desenvolvimento comercial.

Burkle, que construiu fortuna no ramo de supermercados e entretenimento, possuía um histórico de apreço por imóveis históricos: ele já havia restaurado e revendido.

Com Neverland não foi diferente. Logo após assumir a propriedade em 2021, Burkle deu início a obras de recuperação das instalações.

Ele revelou que seu objetivo principal era revitalizar o rancho e devolver-lhe a vitalidade de outrora, e não transformá-lo em algo distinto.

Equipes foram contratadas para reparar estruturas deterioradas pela passagem do tempo: encanamentos antigos foram substituídos, estradas internas recapeadas e jardins replantados.

Elementos emblemáticos, como a estação de trem inspirada na Disneyland (cujo telhado de madeira sofrera com a ação de pica-paus) e o grande relógio floral na encosta, passaram por minuciosa restauração. “Era um lugar deprimente, que já não tinha a beleza de antes. Precisava de flores e vida novamente”, disse Burkle sobre o estado em que encontrou Neverland, justificando seu esforço em reanimar a paisagem.

Nos anos seguintes, Ron Burkle manteve Neverland como propriedade privada e raramente falou sobre planos futuros.

A especulação inicial de que ele converteria o lugar em um clube da Soho House foi negada enfaticamente. O bilionário destacou que sua ligação afetiva com o rancho – fundada na amizade com Jackson e na admiração pelas terras – motivou a aquisição mais do que qualquer projeto comercial específico.

Até 2024, Neverland permaneceu fechado ao público, servindo possivelmente como retiro pessoal de Burkle e objeto de cuidadosa manutenção.

Em 2024, porém, o rancho ganhou uma nova oportunidade de brilhar: tornou-se palco de gravações do vindouro filme biográfico Michael, produção autorizada pela família Jackson.

A equipe de filmagem reconstruiu temporariamente algumas das atrações icônicas de Neverland para as cenas – a roda-gigante e o carrossel voltaram a girar, a grande tenda de circo foi erguida e até um trem vermelho cortou os trilhos novamente.

Vale notar que a família Jackson, co-produtora do filme, escolheu intencionalmente filmar no local original para conferir autenticidade – o sobrinho de Michael, Jaafar Jackson, interpreta o rei do pop no longa, previsto para estrear em 2026. C

om isso, a propriedade volta à cena pop contemporânea, ainda que de forma pontual e controlada.

Hoje, em 2025, o Rancho Neverland vive uma espécie de segundo ato silencioso. Sob a tutela de Ron Burkle, que afirma encará-lo como um investimento carinhoso, o rancho permanece fechado para visitação e sem funções públicas definidas.

A mansão principal e as construções adjacentes foram preservadas e modernizadas onde necessário, mas sem alterações que descaracterizem seu passado.

A flora e a fauna locais prosperam nas amplas pastagens e bosques da propriedade, agora bem cuidados. Enquanto isso, objetos e estruturas que um dia fizeram a fama do lugar – como os brinquedos de parque – residem apenas na memória, em fotos de arquivo ou espalhados por outros destinos (diversos brinquedos vendidos em 2008 hoje operam em feiras e parques pelos EUA, carregando placas que mencionam sua origem em Neverland.

Apesar das cicatrizes do passado, Neverland não se tornou um local esquecido. Ao contrário, continua a despertar fascínio e curiosidade globais.

Seu portão ornamentado, ainda de pé na Figueroa Mountain Road, virou ponto de peregrinação de fãs em datas emblemáticas, embora guardas controlem o acesso. No interior, segundo relatos, o clima é de tranquilidade – um contraste absoluto com os tempos em que centenas de crianças corriam por seus gramados.

O futuro de Neverland ainda é incerto: Burkle pode vir a revender a propriedade caso surja um comprador ideal, ou mantê-la indefinidamente como legado. Por ora, o rancho que já foi cenário de sonhos e controvérsias segue escrevendo um novo capítulo mais discreto .

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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