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Querem uma nave alienígena: Astrônomo do Observatório Nacional comenta sobre o cometa 3I/ATLAS e explica por que ele não oferece risco

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 30/10/2025 às 23:08
O cometa 3I/ATLAS, analisado pelo Observatório Nacional, não apresenta risco algum à Terra. Especialistas descartam origem artificial e alertam sobre a desinformação que distorce descobertas científicas.
O cometa 3I/ATLAS, analisado pelo Observatório Nacional, não apresenta risco algum à Terra. Especialistas descartam origem artificial e alertam sobre a desinformação que distorce descobertas científicas.
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Mesmo com teorias conspiratórias sobre o cometa 3I/ATLAS circulando nas redes, o astrônomo do Observatório Nacional esclarece que o corpo interestelar não representa ameaça à Terra e não tem origem artificial.

O cometa 3I/ATLAS reacendeu o fascínio popular por visitantes interestelares e, junto dele, uma onda de desinformação. A cada nova imagem divulgada, multiplicam-se especulações sobre supostas anomalias e até a hipótese de que seria uma nave alienígena. Segundo o astrônomo Jorge Márcio Carvano, do Observatório Nacional, não há nenhum indício de risco ou interferência inteligente. Trata-se de um corpo natural, em passagem única pelo Sistema Solar.

Nos bastidores da comunidade científica, o 3I/ATLAS é visto como uma oportunidade rara de estudo. É apenas o terceiro corpo interestelar já identificado, com composição e trajetória que ajudam a entender como se formam sistemas planetários em outras estrelas. A atenção, explica Carvano, deveria estar voltada à ciência, não às teorias que distorcem observações preliminares para gerar engajamento online.

Cometa 3I/ATLAS é um visitante de fora do Sistema Solar

Descoberto em julho de 2025 pelo projeto ATLAS da Universidade do Havaí, o cometa 3I/ATLAS não representa nenhuma ameaça real à Terra.

Sua aproximação máxima será de cerca de 270 milhões de quilômetros, distância superior à que separa o planeta de Marte.

As medições confirmaram que sua órbita é aberta, o que significa que ele não está preso ao Sol e seguirá seu caminho de volta ao espaço interestelar.

“Esse é um corpo que veio de fora do Sistema Solar e não retornará”, afirma Carvano.

O nome “3I” indica exatamente isso, o terceiro objeto interestelar detectado, e o termo “ATLAS” se refere ao sistema de detecção que o descobriu.

A física dos cometas e o brilho que engana

Cometas são blocos de gelo, poeira e compostos voláteis.

Quando se aproximam do Sol, sofrem aquecimento intenso e seus gelos sublimam, passando diretamente do estado sólido ao gasoso.

Esse processo cria jatos e caudas luminosas que refletem a luz solar e, muitas vezes, geram interpretações equivocadas sobre comportamentos anômalos.

O cometa 3I/ATLAS apresenta exatamente essas características.

Nada indica uma estrutura metálica ou artificial. “As emissões de gás e poeira são típicas e já observadas em cometas do Sistema Solar”, explica o pesquisador.

O brilho, portanto, é um fenômeno natural resultante da interação entre radiação e partículas desprendidas da superfície.

O mito da trajetória suspeita

Entre as alegações mais populares está a de que o cometa teria uma rota calculada para cruzar a órbita da Terra.

Carvano desmonta essa ideia com base na mecânica orbital. A orientação da trajetória depende da origem do corpo, não de uma intenção.

Enquanto alguns objetos interestelares têm órbitas altamente inclinadas, o 3I/ATLAS cruza o plano da eclíptica em um ângulo menor, o que é pura coincidência geométrica.

“Não há manobra ou controle envolvido”, ressalta o astrônomo.

Mesmo assim, artigos não revisados chegaram a sugerir o contrário, sendo replicados de forma sensacionalista por sites e perfis nas redes.

Por que o tamanho causou confusão

As primeiras estimativas de tamanho levaram à crença de que o cometa 3I/ATLAS seria grande demais.

Isso ocorreu porque os astrônomos, ao observarem o brilho, inicialmente o classificaram como asteroide e ignoraram a contribuição da coma, a nuvem de poeira que o envolve.

Com dados refinados, a estimativa atual indica raio entre 200 metros e 3 quilômetros, dentro do padrão dos cometas conhecidos.

A interpretação inicial, fora de contexto, deu origem a manchetes exageradas que associaram o tamanho à possibilidade de origem artificial.

As chamadas anomalias explicadas

Outra narrativa recorrente trata de jatos voltados para o Sol, como se fossem sinais de propulsão.

Carvano explica que os jatos dependem da rotação, da composição e da orientação térmica do núcleo, podendo emergir em qualquer direção, inclusive em sentido solar.

O fenômeno é amplamente documentado em cometas do próprio Sistema Solar.

Mesmo as diferenças químicas observadas são esperadas, pois o corpo se formou em outro sistema estelar, sob condições distintas.

“O que seria surpreendente é se fosse idêntico aos nossos cometas”, diz o pesquisador.

O papel da NASA e a cooperação internacional

O silêncio da NASA, apontado por alguns como sinal de ocultação, tem explicação simples. A agência não é responsável por comentar todos os eventos astronômicos.

Seus telescópios e missões geram dados públicos e colaboram com pesquisadores de todo o mundo, mas a maior parte das observações de cometas é conduzida por observatórios independentes e universidades.

O projeto ATLAS, que descobriu o cometa, é operado pela Universidade do Havaí com financiamento parcial da NASA, sem qualquer relação direta com um suposto protocolo de segredo.

“A NASA não detém o monopólio das observações astronômicas”, reforça Carvano.

Cooperação e defesa planetária

A campanha recente da International Asteroid Warning Network (IAWN) buscou apenas refinar medições do cometa 3I/ATLAS, monitorando os jatos e pequenas variações na trajetória após sua aproximação máxima ao Sol.

Nenhum desses desvios representa risco. Essas ações fazem parte de protocolos de defesa planetária padronizados, voltados à pesquisa e treinamento, não a emergências.

Os dados coletados serão cruciais para entender a sublimação e a composição de objetos interestelares, conhecimento essencial para futuras missões de sondas interplanetárias.

Carvano reconhece que o interesse público é positivo, mas alerta para o impacto da desinformação científica.

Artigos preliminares e posts automatizados transformam resultados técnicos em histórias de ficção. “Vivemos um tempo em que cada segundo de atenção é disputado por pessoas e robôs”, observa o astrônomo.

Para ele, o desafio atual da astronomia é comunicar a verdade com clareza e contexto, antes que o ruído digital transforme descobertas legítimas em narrativas conspiratórias.

Você acredita que a ciência deveria reagir mais rápido às teorias virais que distorcem descobertas astronômicas?

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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