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Quem inventou o ar-condicionado era um gênio: ele só queria consertar uma gráfica — e acabou criando uma invenção que mudou o mundo moderno para sempre, dando origem a um mercado de US$ 300 bilhões

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/06/2025 às 21:00
ar-condicionado, Quem inventou o ar-condicionado
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Mesmo durante guerras e crises, quem inventou o ar-condicionado acreditou que a tecnologia que mudaria o mundo — e vive até hoje em seu nome.

Quem inventou o ar-condicionado talvez não imaginasse o impacto que sua criação teria no mundo moderno.

A invenção do ar-condicionado é uma daquelas ideias que parecem ter saído de uma necessidade cotidiana, mas que, na verdade, surgiu de um problema técnico.

E o nome por trás dessa criação não é tão conhecido quanto deveria: Quem inventou o ar-condicionado foi o o engenheiro estadunidense Willis Carrier.

Hoje, o ar-condicionado está presente em escritórios, casas, carros, lojas, hospitais e em praticamente todos os lugares. Mas, no início do século XX, tudo começou de forma bem diferente: com tinta borrando papel em uma gráfica do Brooklyn.

A origem da ideia: mais indústria que conforto

Willis Carrier nasceu em 1876, no estado de Nova York. Em 1897, entrou na Universidade de Cornell com uma bolsa de estudos em Engenharia Mecânica.

Assim que se formou, foi contratado pela empresa Buffalo Forge Company, onde começou a trabalhar no desenvolvimento de ventiladores de caldeira.

Carrier logo se destacou e foi chamado para resolver um problema em uma gráfica no Brooklyn. A umidade do ar fazia com que o papel expandisse e a tinta borrasse.

O jovem engenheiro teve, então, a ideia de criar um equipamento que pudesse controlar não só a temperatura, mas também a umidade do ar.

Quem inventou o ar-condicionado foi Willis Carrier

O primeiro equipamento: controle total do ambiente

Em 1902, com apenas 26 anos, Willis Carrier criou o primeiro equipamento de climatização funcional, chamado de “Aparelho para Tratar o Ar”. A invenção consistia em fazer o ar circular sob água fria para resfriá-lo e controlar a umidade.

Quatro anos depois, em 1906, o aparelho já era capaz de regular a temperatura, a umidade, a circulação e até limpar o ar. O invento foi patenteado por Carrier, que assumiu a liderança de uma divisão na Buffalo Forge dedicada à nova tecnologia.

Avanço e queda: guerras e recessão

Em 1907, a Buffalo Forge criou oficialmente uma divisão para trabalhar com o novo produto, mas a Primeira Guerra Mundial afetou os negócios. A empresa decidiu dissolver a unidade que trabalhava com ar-condicionado, focando em prioridades comerciais.

Carrier não desistiu. Em 1915, fundou a Carrier Engineering Corporation, junto com outros parceiros. A empresa retomou o desenvolvimento e aperfeiçoamento do sistema de climatização, mas o mercado ainda era limitado. O uso era quase que exclusivamente industrial, já que os equipamentos eram grandes e caros.

O cinema muda tudo

O ponto de virada veio nos anos 1920. Em 1924, os aparelhos começaram a ser usados em cinemas. Na época, salas fechadas que reuniam milhares de pessoas precisavam de algum sistema para manter o ambiente confortável. Carrier viu aí uma oportunidade.

Com a demanda crescente, a Carrier instalou mais de 330 sistemas de ar-condicionado em cinemas por todo os Estados Unidos. A invenção finalmente alcançava um público mais amplo e passava a ser associada ao conforto, e não apenas à eficiência industrial.

Entre crises e inovação

Nos anos 1930, a Grande Depressão afetou novamente o avanço da tecnologia. O ar-condicionado, ainda restrito a locais com maior poder aquisitivo, deixou de ser prioridade em tempos de crise econômica.

Mesmo assim, Carrier continuou inovando. Entre 1940 e 1944, desenvolveu um túnel de vento capaz de simular congelamento em grandes altitudes. A invenção foi usada para testes em aeronaves, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial.

Após o conflito, em 1949, os sistemas de climatização já estavam mais avançados. A Carrier conseguiu aplicar sua tecnologia em grandes prédios dos Estados Unidos, e a ideia de usar ar-condicionado em larga escala se consolidou.

Um legado que atravessou gerações

Willis Carrier morreu em 1950, aos 74 anos. Mesmo após sua morte, a tecnologia criada por ele continuou evoluindo. Outras empresas passaram a fabricar aparelhos semelhantes, mas seu nome ficou marcado como o pai do ar-condicionado.

Mesmo com questionamentos sobre se ele foi o único responsável pela invenção, é inegável sua contribuição. Outros nomes como William Cullen, que desenvolveu um método de compressão de fluidos no século XVIII, e John Gorrie, que patenteou uma máquina de produzir gelo, também foram fundamentais. Mas foi Carrier quem deu forma ao sistema moderno que usamos hoje.

Um mercado bilionário

De acordo com estimativas recentes citadas pelo jornal The Guardian em abril de 2025, o mercado global de ar-condicionado pode chegar a US$ 331 bilhões até 2030. A projeção se baseia em estudos do Morgan Stanley e do JPMorgan, que destacam o aumento global das temperaturas e a frequência maior de ondas de calor.

Ou seja, o que começou como uma solução para tinta borrada, virou uma necessidade global diante das mudanças climáticas.

Como funciona o ar-condicionado?

Apesar da sensação de “vento gelado”, o ar-condicionado não cria frio. Ele remove o calor e a umidade do ambiente e devolve o ar mais seco e com temperatura reduzida. Para isso, utiliza um gás refrigerante e três componentes principais: compressor, condensador e evaporador.

Essas três peças trabalham juntas num ciclo constante:

  1. O gás refrigerante R-22 absorve o calor do ambiente e muda de estado para gás.
  2. O compressor aumenta sua pressão e temperatura.
  3. O gás quente vai para o condensador, que o resfria e transforma em líquido.
  4. O líquido volta para o evaporador, evapora novamente e resfria a serpentina interna.
  5. Um ventilador sopra o ar através da serpentina resfriada, jogando ar frio no ambiente.

O ciclo se reinicia automaticamente, mantendo o espaço climatizado de forma constante.

Função de cada peça

Compressor: é o “coração” do sistema. Comprime o gás refrigerante, aumentando a pressão e temperatura para o processo seguinte.

Condensador: responsável por expulsar o calor do gás comprimido e transformá-lo novamente em líquido.

Evaporador: aqui o líquido é evaporado e o ar que passa por suas serpentinas é resfriado antes de ser lançado no ambiente.

Tipos mais comuns de ar-condicionado

Hoje há várias categorias de aparelhos. Todos usam o mesmo princípio, mas diferem no formato e nos recursos:

Split: o mais comum. Possui unidade interna e externa. Silencioso, eficiente e com tecnologia Inverter, que economiza energia ao ajustar a velocidade do compressor.

Janela: tem todas as peças em um único bloco. É mais robusto, ocupa mais espaço e possui controles manuais. Ideal para locais que não comportam um Split.

Central: usado em grandes ambientes. Mais caro, exige dutos de ar, mas controla temperatura, umidade e qualidade do ar em áreas amplas.

Benefícios do ar-condicionado

O ar-condicionado moderno oferece mais do que conforto térmico. Ele também contribui para a saúde em vários aspectos:

  • Purificação do ar: filtros que eliminam poeira, pólen e alérgenos.
  • Redução de umidade: combate mofo e bolor em ambientes úmidos.
  • Prevenção de insolação: ideal em locais com altas temperaturas.
  • Menor risco de desidratação: menos suor, menos perda de água pelo corpo.
  • Melhora no sono: ambientes frescos favorecem noites de sono mais tranquilas.
  • Ajuda contra a asma: melhora a qualidade do ar e pode reduzir crises respiratórias.

Claro que, para esses benefícios se manterem, é necessário limpar e trocar os filtros com regularidade.

De solução técnica a símbolo do conforto moderno

A invenção de Willis Carrier atravessou décadas, guerras e crises. O que começou como uma tentativa de salvar a produção de uma gráfica se tornou um dos pilares da vida moderna. O ar-condicionado deixou de ser um item de luxo e virou uma ferramenta essencial em tempos de calor extremo, produtividade e bem-estar.

Com um mercado global em franca expansão e a demanda crescente por ambientes climatizados, o legado de Carrier segue presente — em casas, escritórios e até no cinema, onde tudo começou.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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