Parte do grupo Cosan e com capital estrangeiro relevante, a Rumo Logística domina o escoamento do agronegócio e reconfigura o mapa da infraestrutura nacional. Conheça a empresa, sua estrutura e seus planos
A Rumo Logística S.A. consolidou-se como a maior operadora ferroviária do País, tornando-se uma peça central no quebra-cabeça do transporte de cargas, especialmente para o agronegócio. Em um país de dimensões continentais e historicamente dependente do modal rodoviário, a ascensão da Rumo levanta questões cruciais sobre o controle da infraestrutura ferroviária nacional.
Entenda trajetória da Rumo, desde sua criação e fusão estratégica com a ALL até sua atual estrutura de poder, domínio de mercado e os ambiciosos planos de expansão que prometem continuar a redefinir a logística brasileira.
A fusão que criou a maior operadora ferroviária do País
A origem da Rumo está ligada ao Grupo Cosan, um dos maiores conglomerados do Brasil. No entanto, o divisor de águas em sua história foi a fusão com a América Latina Logística (ALL), concluída em abril de 2015. Este movimento uniu a força financeira e a visão estratégica da Cosan com a vasta capilaridade e experiência operacional da ALL.
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A ALL já era uma gigante, tendo sido pioneira na privatização das ferrovias brasileiras nos anos 90 e expandindo sua malha com aquisições estratégicas. A fusão permitiu à Rumo uma aceleração drástica de sua entrada no setor, herdando uma extensa malha ferroviária, mas também o desafio de modernizar trechos que sofriam com anos de subinvestimento.
Raio-X operacional, a malha ferroviária da Rumo e o foco no agronegócio
A Rumo Logística opera uma vasta rede de aproximadamente 13.500 quilômetros de linhas ferroviárias, com uma frota de cerca de 1.200 locomotivas e 33.000 vagões. Sua malha é dividida em cinco sistemas principais: Malha Norte, Malha Sul, Malha Oeste, Malha Paulista e Malha Central.
O foco principal das operações é o agronegócio. A Malha Norte, por exemplo, é a principal via de escoamento de grãos (soja e milho) e farelo de Mato Grosso para o Porto de Santos. A empresa também é crucial no transporte de açúcar, fertilizantes e, cada vez mais, etanol, consolidando-se como a espinha dorsal logística para a exportação de commodities brasileiras.
Quem realmente controla a maior operadora ferroviária do País?
O controle da Rumo Logística está formalmente em mãos brasileiras, através do Grupo Cosan, liderado pelo empresário Rubens Ometto Silveira Mello, que preside o Conselho de Administração. No entanto, a estrutura de capital conta com a presença de capital estrangeiro relevante.
A acionista Julia Dora Antonia Koranyi Arduini, residente na Suíça, possui uma participação que lhe confere o direito de indicar um membro para o Conselho de Administração, formalizando um canal de influência estrangeira na governança da companhia. A estrutura da Rumo demonstra uma complexa dinâmica entre o controle nacional e a participação de investidores globais.
O market share e a posição competitiva da Rumo
A Rumo consolidou uma posição de domínio nos corredores em que atua. Em 2024, a empresa alcançou um market share de 46% no transporte de grãos de Mato Grosso. No Porto de Santos, sua participação nas exportações de grãos atingiu impressionantes 77% no quarto trimestre de 2024.
O volume total transportado pela Rumo em 2024 foi de 79,8 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU), um aumento de 3% em relação a 2023. A principal concorrência da empresa não vem de outras ferrovias, mas sim do modal rodoviário, que ainda detém a maior parte da matriz de transporte de cargas do Brasil.
Investimentos bilionários e a expansão da malha ferroviária
O crescimento da Rumo é sustentado por investimentos agressivos. Em 2024, o investimento (CAPEX) totalizou R$ 5,5 bilhões, um aumento de 47,8% em relação ao ano anterior. O projeto mais proeminente é a extensão da Malha Norte em Mato Grosso, um trecho de 730 km que ligará Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, com investimento estimado em até R$ 15 bilhões.
A empresa também investe em tecnologia, como o sistema Positive Train Control (PTC 2.0), para aumentar a eficiência e a segurança, permitindo maior tráfego nas linhas existentes. A Rumo se posiciona, assim, como o principal ator na modernização e expansão da infraestrutura ferroviária do Brasil, com um papel decisivo no futuro da logística nacional.