Trigo importado atinge preço mais baixo desde 2020 e acende alerta no agronegócio. Competitividade cresce e pressiona produtores nacionais.
Trigo importado atinge preço mais baixo em quatro anos e desafia produtores brasileiros
O agronegócio brasileiro enfrenta um novo desafio em 2025: o preço do trigo importado despencou ao menor patamar desde novembro de 2020, acirrando a disputa com o produto nacional e pressionando o mercado interno.
Segundo dados da Secex, analisados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o cereal comprado do exterior chegou, em setembro, à média de US$ 230,09 por tonelada, equivalente a R$ 1.235,12/t, considerando o câmbio médio de R$ 5,368.
Enquanto isso, o trigo nacional registrou, no mesmo mês, média de R$ 1.259,39/t no Rio Grande do Sul, segundo levantamento do Cepea. A diferença reforça a maior competitividade do produto importado e preocupa os produtores brasileiros, que enfrentam margens cada vez menores.
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Importações de trigo disparam e atingem maior volume desde 2007
De acordo com a Secex, o Brasil importou 568,98 mil toneladas de trigo apenas em setembro, acumulando 5,249 milhões de toneladas nos primeiros nove meses do ano.
Esse é o maior volume para o período desde 2007, o que demonstra a forte dependência do país do mercado externo para suprir a demanda interna.
Além disso, o cenário internacional mostra grande oferta do cereal, especialmente da Argentina e da Rússia, o que tem contribuído para a queda dos preços.
Com isso, os moinhos brasileiros preferem importar o produto, aproveitando o câmbio favorável e a disponibilidade global.
Mercado interno em alerta: preços pressionados e negociações lentas
No mercado interno, o reflexo é imediato. A pressão sobre os preços do trigo nacional tende a aumentar, dificultando a comercialização e reduzindo a rentabilidade dos produtores.
Enquanto isso, a indústria de alimentos se beneficia momentaneamente com a redução dos custos de matéria-prima.
Contudo, especialistas alertam que essa dependência de importações pode gerar instabilidade futura, caso o câmbio se altere ou a oferta externa diminua.
O agronegócio brasileiro, portanto, precisa equilibrar competitividade e sustentabilidade para não comprometer a cadeia produtiva.
Trigo mais barato, mas com riscos para o produtor nacional
Apesar de a queda no preço do trigo importado parecer positiva à primeira vista, os efeitos para o agronegócio nacional podem ser devastadores.
A tendência de retração nos valores internos desestimula o plantio e compromete o investimento em tecnologia e produtividade.
Além disso, com o aumento das importações, o país se torna mais vulnerável às flutuações do mercado global, o que ameaça a autossuficiência e a estabilidade de preços no longo prazo.
Por outro lado, o consumidor pode sentir um alívio temporário nos preços de produtos derivados, como farinhas e massas.
Porém, esse efeito tende a ser limitado caso a desvalorização do real volte a encarecer as compras externas.
Perspectivas para o agronegócio
O mercado interno seguirá atento aos próximos meses, especialmente à safra nacional e às condições cambiais. Se o preço do trigo importado continuar em queda, a competitividade do agronegócio brasileiro será colocada à prova.
Portanto, produtores, indústrias e autoridades do setor precisarão atuar em conjunto para mitigar os impactos e garantir equilíbrio entre importação e produção local.



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