Rússia apresenta quebra-gelo nuclear com capacidade térmica de 350 MW, o mais poderoso já construído
Recentemente, um marco impressionante foi alcançado na Rússia com o lançamento do quebra-gelo nuclear Chukotka, sob supervisão do presidente Vladimir Putin. Esse navio faz parte do ambicioso Projeto 22220, que visa revolucionar o tráfego e a economia da Rota do Mar do Norte, uma passagem marítima cada vez mais valiosa para o comércio e transporte global, especialmente à medida que as mudanças climáticas alteram as paisagens árticas.
A importância da Rota do Mar do Norte
O Ártico, que antes era considerado uma região hostil e isolada, está se tornando um foco de interesse estratégico. Com o degelo gradual, a Rota do Mar do Norte surge como uma alternativa mais curta para o comércio entre a Europa e a Ásia, reduzindo o tempo de viagem em até 40% em relação às rotas tradicionais. No entanto, essa rota ártica ainda exige embarcações robustas para enfrentar o gelo espesso, o que torna os quebra-gelos nucleares essenciais.
Putin destacou essa importância ao afirmar que a expansão da frota de quebra-gelos é crucial para o desenvolvimento dos territórios árticos. Segundo ele, “nossos planos para desenvolver os territórios árticos e aumentar o tráfego de carga ao longo da Rota do Mar do Norte dependem da expansão da frota de quebra-gelos da Rússia.” Isso deixa claro que a Rússia está determinada a dominar o tráfego marítimo ártico, potencialmente redefinindo o comércio mundial.
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O Projeto 22220: Uma frota de última geração
O Chukotka é o mais recente de uma série de navios de propulsão nuclear lançados pela Rússia nos últimos anos. Essa frota já inclui três navios de última geração: o Arktika, o Sibir e o Ural, todos operando na Rota do Mar do Norte. Cada um desses navios é equipado para enfrentar o gelo ártico com eficiência, atravessando camadas de até 2,8 metros de espessura.
Em breve, o Chukotka terá a companhia do Yakutia, outro quebra-gelo da mesma série que está quase pronto. Essas embarcações representam um avanço técnico significativo, e o Kremlin vê nelas uma ferramenta fundamental para consolidar a presença russa no Ártico.
Para Moscou, investir em tecnologia de quebra-gelos não é apenas uma questão de logística, mas uma estratégia de soberania e desenvolvimento econômico.
Chukotka: O quebra-gelo mais poderoso
O Chukotka se destaca não apenas por seu porte, mas também por sua tecnologia. Com 173 metros de comprimento e 34 metros de largura, esse gigante é movido por dois reatores nucleares RITM-200, cada um com uma capacidade térmica de 175 MW. Esses reatores são fundamentais para garantir a autonomia e o poder necessário para atravessar as águas congeladas do Ártico.
Além disso, o Chukotka tem uma velocidade de 22 nós em águas claras e um deslocamento de 33,5 mil toneladas. Sua tripulação de 54 pessoas conta com uma infraestrutura robusta e eficiente, capaz de suportar as duras condições do Ártico. O tamanho e a potência desse navio fazem dele o maior e mais poderoso quebra-gelo do mundo, reforçando a capacidade russa de operar no Ártico e expandir suas fronteiras marítimas.
Um modelo de precificação para atrair parceiros internacionais
Além de construir uma frota poderosa, Putin enfatizou a necessidade de criar um modelo de precificação mais acessível para atrair mais empresas para a Rota do Mar do Norte. À medida que a rota se torna mais viável, empresas russas e estrangeiras têm demonstrado interesse crescente em utilizar essa passagem para o transporte de carga.
Putin sugeriu que uma reunião especial seja realizada para discutir formas de tornar o trânsito de carga na Rota do Mar do Norte mais competitivo. Esse esforço visa atrair novos parceiros e investidores internacionais, que podem ver na Rota do Mar do Norte uma alternativa economicamente vantajosa para o comércio global.
A visão russa para o futuro do Ártico
A Rússia planeja expandir sua frota de quebra-gelos e navios de carga pesada nos próximos anos, com uma carteira de pedidos que já inclui 26 embarcações de grande tonelagem.
O Estaleiro Zvezda, localizado no Extremo Oriente, está encarregado da construção de navios de carga como petroleiros e navios-tanque de gás, essenciais para atender à demanda da Rota do Mar do Norte.
Além dos quebra-gelos da série 22220, o Zvezda está construindo o “Leader”, um quebra-gelo nuclear de nova geração, projetado para ser o mais poderoso de todos. Esse navio representa a culminação de um esforço científico e industrial russo, com base em tecnologias locais e soluções inovadoras que permitirão à Rússia fortalecer sua economia e expandir sua influência nas águas geladas do Ártico.
Uma estratégia de desenvolvimento do quebra-gelo nuclear
O investimento russo na Rota do Mar do Norte e em quebra-gelos nucleares é uma estratégia que vai além do lucro imediato. É uma demonstração de soberania, uma afirmação de que o país tem a capacidade e a disposição de investir em regiões extremas para expandir sua influência e fortalecer sua economia.
Ao priorizar a construção de embarcações com tecnologias avançadas e de fabricação nacional, Moscou busca reduzir sua dependência de tecnologias estrangeiras, especialmente em um momento em que as tensões internacionais estão elevadas.
Para o mundo, a expansão da frota de quebra-gelos nucleares da Rússia pode ser um sinal de uma nova era para o comércio global. À medida que o Ártico se torna mais acessível, a Rota do Mar do Norte pode transformar a logística marítima e oferecer uma alternativa viável para empresas que desejam reduzir custos e tempos de viagem.
Enquanto isso, o Chukotka e seus “irmãos” da série 22220 representam mais do que embarcações: eles simbolizam a aposta russa no futuro do Ártico. Como Putin deixou claro, ainda há muito a ser feito, e a Rússia está determinada a liderar esse novo caminho ao norte.