É possível compensar o consumo de um ar-condicionado 12.000 BTU com energia solar. O cálculo aponta a quantidade de placas de 600 Wp no Rio de Janeiro. Mas saiba que a conta nunca será de “R$ 0,00”, pois o Fio B e custo de disponibilidade seguem na fatura.
A promessa de “usar ar-condicionado sem pagar nada” chama atenção, especialmente em cidades quentes. A boa notícia é que os números mostram que dá para compensar o consumo mensal com um sistema fotovoltaico on-grid bem dimensionado.
Mas há condições técnicas e regras tarifárias que o consumidor precisa conhecer. O nosso objetivo é explicar o cálculo, apontar as premissas e lembrar o que a Lei 14.300/2022 determina hoje.
O foco aqui é o caso de um aparelho 12.000 BTU inverter, estimando 12 horas/dia de uso. Para padronizar, usamos dados de etiqueta do Inmetro e irradiação solar típica do Rio de Janeiro.
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Ao final, você terá uma estimativa honesta de quantas placas precisa e por que, mesmo com energia solar, a sua fatura não some por completo.
Como estimar o consumo do ar-condicionado
O Inmetro atualizou a etiqueta dos condicionadores de ar e passou a estimar o consumo anual com base em um ciclo de 2.080 horas/ano. Isso facilita transformar a etiqueta em consumo horário médio para dimensionamento.
Em modelos 12.000 BTU inverter da linha Midea/Springer, é comum ver ~510 kWh/ano na etiqueta. Dividindo por 2.080 horas, chegamos a ≈0,245 kWh por hora de uso, arredondado para 0,25 kWh/h para conta rápida.
Se o equipamento operar 12 horas/dia ao longo de 30 dias, o consumo mensal estimado será 0,25 × 12 × 30 = 90 kWh/mês. Trata-se de estimativa, pois desempenho real varia por temperatura de ajuste, carga térmica, manutenção e isolamento.
Quanta energia uma placa de 600 Wp gera no Rio
Para painéis solares, a produção mensal pode ser estimada por kWh = kWp × HSP × PR × dias. Onde HSP é a “hora de sol pleno” da localidade e PR resume perdas do sistema. Um PR de 0,75 é referência frequente em projetos residenciais.
No Rio de Janeiro, a HSP média anual fica próxima de 4,9 kWh/m²/dia, conforme o SunData/CRESESB, base nacional usada por projetistas.
Considerando módulo de 0,6 kWp (600 Wp), PR = 0,75 e 30 dias, obtemos 0,6 × 4,93 × 0,75 × 30 ≈ 66,5 kWh/mês por módulo.
Quantas placas para bancar um ar-condicionado por 12 h/dia
Com o ar consumindo ~90 kWh/mês e cada placa de 600 Wp gerando ~66,5 kWh/mês no cenário acima, o quociente é 90 ÷ 66,5 ≈ 1,35. Na prática, não há “1,35 placa”, então o projeto sobe para duas placas de 600 Wp.
Duas placas entregariam ≈133 kWh/mês, cobrindo a demanda do ar e deixando margem para variações diárias, perdas além do PR assumido e dias nublados.
Ainda assim, orientação, inclinação, sombreamento e temperatura podem reduzir a produção real.
Se você usar o ar por 8 horas/dia em vez de 12, uma placa já poderia compensar a maior parte desse consumo, no mesmo contexto. O inverso também é válido: em cidades com HSP menor que a do Rio, o sistema precisa crescer.
Dá para zerar a conta? O que a lei cobra em 2025
Mesmo compensando 100% da energia ativa consumida no mês, a fatura não zera por dois motivos.
Primeiro, existe o custo de disponibilidade da distribuidora, cobrado de toda unidade consumidora conectada, ainda que a geração compense a energia.
Segundo, desde a Lei 14.300/2022, a compensação passou a incluir cobrança gradual de componentes tarifários sobre a energia injetada na rede, em especial o Fio B. A progressão começou em 2023 e evolui até 2029, afetando sistemas conectados após 7.jan.2023.
Em 2025, a não compensação de parte do Fio B atinge 45% para quem entrou nas regras novas. Em termos práticos, a economia continua relevante, mas a “conta zero” ficou mais rara e depende de perfil de consumo e horário de uso.
Limites, boas práticas e quando os números mudam
Os cálculos aqui usam médias e premissas conservadoras. Projetos reais exigem sombreamento zero nos horários críticos, string design adequado, inversor compatível e manutenção de módulos e conexões.
Se a instalação ficar fora do Rio, substitua a HSP local nos cálculos. O SunData/CRESESB fornece a irradiação média por cidade, o que permite recalcular facilmente a produção mensal do seu sistema.



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