Brasil aparece entre os últimos colocados no índice que mede paz e segurança global. Novo relatório mostra retrocessos e falta de confiança na justiça
O mundo nunca esteve tão instável quanto agora — e os dados mais recentes do Índice de Paz Global (GPI, na sigla em inglês), publicados no dia 18 de junho de 2025, confirmam isso. O levantamento, elaborado pelo Institute for Economics and Peace (IEP) e citado pela revista Forbes, classifica 163 países com base em 23 indicadores que medem níveis de violência, segurança, militarização e estabilidade institucional. E embora algumas nações permaneçam entre as mais pacíficas do planeta, o panorama geral é de retrocesso.
A edição de 2025 revela um dado preocupante: mais da metade dos países avaliados pioraram sua pontuação em relação ao ano anterior, com destaque para o aumento de conflitos ativos e tensões geopolíticas. Em contraste com essa tendência negativa, um grupo seleto de países segue sendo referência global em segurança e qualidade institucional. E o Brasil? Fica entre os piores do ranking.
O top 10 dos países mais pacíficos do mundo
Pelo 17º ano consecutivo, a Islândia lidera como o país mais pacífico do mundo. Sua estabilidade interna, baixo nível de criminalidade, força policial desmilitarizada e instituições sólidas fazem dela um modelo de sociedade pacífica.
-
Cidade militar fantasma na Alemanha abrigou milhares de soldados britânicos e hoje parece cenário intacto de filme
-
Mulher viraliza nas redes após comprar casa de 464 m² só para seus gatos, com direito a quarto dos bebês, quarentena e reabilitação
-
Sugadores de energia! 8 tipos de pessoas que não vale a pena manter contato, segundo a psicologia
-
São tantos gatos selvagens neste país que foi preciso uma decisão radical: robôs vão caçar e exterminar milhões de felinos rapidamente
Confira os dez primeiros colocados de 2025:
- Islândia
- Irlanda
- Nova Zelândia
- Áustria
- Suíça
- Singapura
- Portugal
- Dinamarca
- Eslovênia
- Finlândia
Todos esses países compartilham características em comum: baixa corrupção, forte coesão social, respeito aos direitos civis e políticas públicas consistentes. São, em sua maioria, democracias consolidadas, com alto grau de desenvolvimento humano e baixos níveis de militarização.
Na América, Canadá e Argentina são destaque — e o Brasil fica entre os piores
Na América do Norte, o Canadá continua como o melhor colocado do continente, aparecendo na 14ª posição do ranking global. Já na América do Sul, a Argentina surpreendeu positivamente ao subir cinco posições e atingir o 46º lugar, ultrapassando Uruguai (48º), Chile (62º) e Bolívia (83º).
Mas nem todos os países da região têm bons motivos para comemorar. Os Estados Unidos, por exemplo, aparecem no 128º lugar — pior colocação entre as nações desenvolvidas —, prejudicados pelos altos índices de violência armada e tensões internas.
E o Brasil? A situação é ainda mais crítica.
A posição do Brasil em 2025: entre os países menos pacíficos do planeta
No Índice de Paz Global 2025, o Brasil aparece na 130ª posição entre os 163 países analisados, mantendo-se entre os piores do ranking. O país ocupa uma faixa próxima de nações como Honduras, Guatemala e El Salvador, tradicionalmente marcadas por altos níveis de violência.
Segundo os dados do IEP, os principais fatores que prejudicam o desempenho brasileiro são:
Altos índices de homicídios
Apesar de uma queda gradual nas taxas de homicídio, o Brasil ainda apresenta uma média de 17,9 assassinatos por 100 mil habitantes, de acordo com os dados de 2024 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em números absolutos, foram 38.772 homicídios registrados no país em um ano — o que representa mais de 100 mortes por dia.
É um recuo considerável se comparado ao pico de 2017 (com 63.880 mortes), mas insuficiente para projetar o país como referência em segurança. A média brasileira ainda é quase o dobro da considerada tolerável pela Organização Mundial da Saúde (10 homicídios por 100 mil habitantes).
Desigualdades regionais alarmantes
A violência no Brasil não é homogênea. Enquanto estados como São Paulo registram índices abaixo da média mundial (6,4 homicídios por 100 mil habitantes), estados do Norte e Nordeste, como Amapá, ultrapassam a marca de 57 homicídios por 100 mil.
Essas disparidades revelam um país fragmentado, onde a paz é privilégio de poucos — e a insegurança, realidade cotidiana para milhões.
Sistema prisional superlotado
Outro fator que pesa negativamente na avaliação do Brasil é a situação carcerária. Em 2024, o país ultrapassou a marca de 909 mil presos, tornando-se a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China.
As prisões brasileiras operam com um déficit de quase 200 mil vagas, resultando em uma taxa de ocupação de 135,6%. O sistema é marcado por:
- superlotação;
- domínio de facções criminosas;
- rebeliões frequentes;
- violações sistemáticas de direitos humanos.
Fragilidade institucional e insegurança pública
A confiança da população nas forças de segurança e no sistema de justiça também é baixa. Casos de abuso policial, corrupção, lentidão processual e impunidade contribuem para um sentimento generalizado de insegurança e descrença no Estado.
Um planeta cada vez mais instável: o alerta do GPI 2025
O relatório também destaca que o nível global de paz piorou pelo nono ano consecutivo. Entre os dados mais alarmantes estão:
- 59 conflitos armados ativos — o maior número desde a Segunda Guerra Mundial.
- 78 países envolvidos em confrontos fora de suas fronteiras.
- Crescimento de tensões geopolíticas, militarização e retrocesso democrático em várias regiões.
Para Steve Killelea, fundador do IEP, o mundo está vivendo uma era de “Grande Fragmentação”, onde as antigas alianças internacionais estão sendo desfeitas e substituídas por blocos regionais cada vez mais armados e desconfiados entre si.
Os países menos pacíficos do mundo em 2025
Pela primeira vez na história do índice, a Rússia aparece como o país menos pacífico do mundo, superando o Afeganistão, que ocupava esse posto há oito anos.
Veja o ranking dos dez piores:
- Rússia
- Ucrânia
- Sudão
- República Democrática do Congo
- Iêmen
- Afeganistão
- Síria
- Sudão do Sul
- Israel
- Mali
A maioria dessas nações está envolvida em guerras civis, conflitos territoriais ou crises institucionais profundas.
Brasil precisa mais do que reformas
A posição do Brasil no Índice de Paz Global 2025 escancara um problema estrutural: não se trata apenas de reduzir a criminalidade, mas de reconstruir a confiança da sociedade nas instituições públicas e no próprio Estado.
A queda nas taxas de homicídio é um sinal positivo, mas insuficiente para compensar décadas de negligência no sistema carcerário, nas políticas sociais e na segurança pública.
Enquanto países como Argentina, Uruguai e Chile avançam na promoção de uma cultura de paz, o Brasil continua preso a um ciclo de violência, medo e desigualdade.
Em um mundo cada vez mais instável, garantir segurança interna e estabilidade institucional não é mais uma vantagem competitiva — é uma necessidade de sobrevivência.
e o Iran????