A capital paraense passa por uma transformação acelerada para sediar a conferência climática, mas as intervenções urbanas geram debates sobre impactos ambientais, transparência e o verdadeiro legado para a população.
Belém está se transformando. Máquinas trabalham dia e noite, avenidas surgem na mata e estruturas metálicas brotam no centro. O motivo é a COP 30 Belém, maior conferência climática do planeta, pela primeira vez na Amazônia. Contudo, por trás da vitrine internacional, obras gigantescas dividem opiniões, com promessas de modernização ofuscadas por controvérsias.
A corrida contra o tempo para a conferência climática
Olhando as ruas de Belém, já dá para sentir que ela está se transformando totalmente. A COP 30, Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, será em novembro de 2025. Representantes de quase 200 países discutirão o futuro climático. A escolha de Belém, como destaca o Canal Urbana, é simbólica: a Amazônia no centro do debate.
Contudo, a cidade enfrentava problemas estruturais históricos. Mobilidade urbana limitada, saneamento deficitário e rede hoteleira modesta eram desafios. O anúncio da sede em 2023 iniciou uma corrida contra o tempo. A promessa é que a COP 30 deixe um legado de desenvolvimento.
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Projetos gigantescos em andamento: Promessas de modernização e legado com a COP 30 Belém
Diversas intervenções estão em curso. A Avenida Liberdade, com 13,2 km, ligará Marituba à Avenida Perimetral. Promete reduzir o tempo de deslocamento, com quatro faixas, ciclovias e iluminação solar. Outro destaque é o Parque da Cidade, no antigo aeroporto Brigadeiro Protázio. Com 500.000 m², terá museu, áreas esportivas e 2.500 árvores. A entrega está prevista para setembro.
A revitalização dos canais da Doca e da Gentil Bitencur foca na drenagem e combate a alagamentos. Inclui recuperação de paredes, novas redes de água e esgoto, e urbanização. O Aeroporto Internacional de Belém recebe R$ 450 milhões para ampliação. Três novos hotéis somarão mais de 500 leitos, buscando atingir 50.000 leitos com alternativas como navios e instalações militares.
Obras de saneamento também avançam. A nova estação de tratamento de esgoto do Una beneficiará 90.000 pessoas. No Ver-o-Peso, o sistema de esgotamento sanitário atenderá 60.000 pessoas, mas avança lentamente. A macrodrenagem da Bacia do Tucunduba, já concluída, atendeu mais de 300.000 pessoas. Nas bacias do Murutuku e Itamandaré, as obras seguem. São mais de R$ 1,8 bilhão aplicados em oito obras de saneamento básico.
Impactos ambientais e sociais em debate
Apesar do discurso de modernização, as obras para a COP 30 Belém são alvo de críticas. A Avenida Liberdade causou desmatamento em trechos de vegetação nativa. Ambientalistas apontam impactos na biodiversidade e remoção de comunidades.
Estruturas metálicas, chamadas “árvores artificiais”, dividem opiniões. O governo defende o valor estético, mas críticos dizem que não substituem árvores verdadeiras e geram calor. Há também questionamentos sobre a legalidade de obras em áreas de proteção ambiental, levando a inquéritos no Ministério Público.
Respostas oficiais e a voz da sociedade civil além da COP 30 Belém
O governo do estado sustenta que a Avenida Liberdade é estratégica e já era planejada. Destaca ciclovias e passagens de fauna como medidas mitigadoras. Afirma que o objetivo das obras vai além da COP 30 Belém, buscando um legado estrutural.
Contudo, a sociedade civil manifesta-se contra o que chama de “urbanismo de fachada”. A falta de transparência e participação popular gera desconfiança. Ativistas denunciam um “greenwashing”, onde o discurso sustentável encobre desmatamento e impactos socioambientais. As “árvores artificiais” são vistas como exemplo dessa incoerência.
COP 30 Belém: Qual futuro para a cidade após o evento?
O debate revela uma tensão sobre quem realmente se beneficia da COP 30 Belém. Enquanto o poder público defende a transformação, parte da população teme um projeto temporário, sem resolver urgências cotidianas. A forma como a COP será lembrada por Belém ainda está em disputa. A grande questão é: qual será o impacto real e duradouro dessas megaobras para os moradores da cidade?