A decisão de júri indeniza a ex-professora atingida dentro da sala de aula em 2023 e reacende o debate sobre a responsabilidade da gestão escolar em casos de crianças com acesso a armas, mantendo o valor de US$ 10 milhões como referência central do caso.
A ex-professora Abby Zwerner, que lecionava na Richneck Elementary School, em Newport News, na Virgínia, receberá US$ 10 milhões após convencer um júri de que a administração escolar falhou ao não agir diante dos alertas de que um aluno de apenas 6 anos poderia estar armado dentro da escola. Ela foi baleada no peito e na mão enquanto estava sentada em uma mesa de leitura, em janeiro de 2023, e sustentou que o ataque poderia ter sido evitado.
De acordo com o portal CNN Brasil, o júri levou cerca de cinco horas e meia para chegar ao veredicto e o caso passa a ser observado como possível precedente para a responsabilização de autoridades escolares em episódios de tiroteio envolvendo crianças nos Estados Unidos, cenário que continua recorrente e que só neste ano já registrava dezenas de ocorrências em escolas de ensino fundamental e médio.
Como o caso chegou ao júri

Zwerner processou a ex-vice-diretora da escola, Ebony Parker, afirmando que ela foi informada de que havia uma suspeita concreta de arma dentro do campus e que, mesmo assim, não tomou todas as medidas necessárias para eliminar o risco.
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Segundo a linha da acusação, o papel da gestão é interromper qualquer situação potencialmente letal, especialmente quando envolve uma criança de 6 anos.
Os advogados da professora argumentaram que, diante de uma informação como essa, a escola deveria ter feito uma verificação direta, mochila e pertences incluídos.
A tese central apresentada ao júri foi simples e contundente. Quando há indicação de arma em ambiente escolar, investiga-se até o fim. O júri concordou com essa leitura dos fatos e fixou a compensação em US$ 10 milhões.
Responsabilização da administração escolar
A defesa de Parker sustentou que não era possível prever que uma criança tão pequena levaria uma arma e efetivamente dispararia dentro da sala. Lembrou também que a segurança escolar costuma ser tratada como responsabilidade compartilhada entre todos os funcionários, não de uma única pessoa.
Mesmo assim, o júri entendeu que a autoridade que recebeu o alerta deveria ter adotado ações mais diretas.
Esse ponto é relevante porque o caso discute algo além da tragédia individual. Discute o que uma escola deve fazer quando recebe uma informação de risco real, ainda que pareça improvável. A acusação insistiu que uma arma muda todo o protocolo, que ela exige interrupção imediata da rotina escolar e que a vice-diretora deveria ter ido até o fim na checagem, o que, na visão do júri, não ocorreu.
Impactos físicos e emocionais relatados
No julgamento, Zwerner descreveu o momento do disparo e afirmou que acreditou que iria morrer. Relatou sequelas físicas, como dificuldade para realizar tarefas simples por causa do ferimento na mão, e mudanças emocionais, como isolamento e retração no convívio com a família.
Esses relatos ajudaram a demonstrar ao júri a dimensão do dano sofrido dentro de um ambiente que deveria ser seguro por definição.
A defesa tentou minimizar o alcance dessas sequelas mostrando que a ex-professora conseguiu concluir um curso de cosmetologia e frequentar eventos públicos mesmo após o ataque.
Ainda assim, o júri considerou que o dano inicial, a experiência de quase morte e a falha de prevenção da escola justificavam a indenização de US$ 10 milhões.
Possíveis efeitos legais do veredicto
O processo civil veio antes do processo criminal que ainda será enfrentado por Parker, algo considerado incomum por especialistas em direito.
Isso significa que o julgamento que fixou a indenização já revelou boa parte do que poderá ser discutido na esfera criminal, em que a ex-vice-diretora responde por oito acusações de negligência infantil grave.
O resultado também pode servir de parâmetro para outros casos de tiroteio escolar envolvendo crianças, sobretudo porque mostra que jurados estão dispostos a responsabilizar gestores quando há informação prévia de risco.
Num país que já registrou mais de 60 ataques a tiros em escolas no ano, a mensagem é que informações ignoradas podem custar caro. E aqui o valor é concreto, registrado e de alto impacto, US$ 10 milhões.
O caso da professora da Virgínia mostra que tribunais podem cobrar de diretores e vice-diretores não apenas reação rápida, mas reação completa sempre que surge a hipótese de arma em ambiente escolar. A indenização elevada sinaliza que falhas de prevenção serão tratadas como falta grave quando o risco era conhecido.
Para manter o debate vivo e técnico, deixe seu ponto de vista nos comentários. Na sua opinião, quando uma criança leva uma arma para a escola e atira em alguém, quem deve responder primeiro, a família do aluno, a gestão escolar ou o próprio distrito de ensino?



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