Prio e Equinor discutem compensação após paralisação da ANP no Campo Peregrino e queda na produção de petróleo
Em agosto do último ano, a produção de petróleo no Campo Peregrino foi interrompida por ordem da ANP, gerando perdas significativas. Agora, em 30 de setembro de 2025, a Prio considera solicitar uma compensação bilionária à Equinor.
A paralisação, motivada por questões de segurança, impactou diretamente o desempenho operacional da Prio, que havia firmado acordo para adquirir a fatia majoritária da Equinor no campo offshore localizado na costa do Rio de Janeiro.
Intervenção da ANP e impacto imediato na produção de petróleo
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou a suspensão das atividades no Campo Peregrino após identificar falhas de segurança nas operações conduzidas pela Equinor. Antes da paralisação, o campo produzia mais de 90 mil barris por dia, sendo a principal fonte de produção da Prio no segundo trimestre de 2024.
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A decisão da ANP ocorreu em meio a um aumento expressivo na fiscalização de operações offshore. Segundo o relatório anual de segurança da agência, foram realizadas 150 ações de fiscalização em 2024, resultando em 33 paralisações totais ou parciais. Esse cenário reforça a postura mais rigorosa do órgão regulador diante de riscos operacionais.
Acordo bilionário entre Prio e Equinor no Campo Peregrino
Em maio de 2024, a Prio anunciou a aquisição dos 60% restantes do Campo Peregrino, pertencentes à Equinor, por US$ 3,5 bilhões. A empresa já detinha 40% da operação, após comprar a participação do grupo chinês Sinochem no ano anterior.
Com a transação, a Prio se prepara para assumir integralmente a operação do campo, consolidando sua posição como uma das principais produtoras independentes de petróleo no Brasil.
A suspensão da produção ocorreu alguns meses após o anúncio da compra, gerando preocupações sobre o retorno do investimento e a continuidade operacional. A Prio, diante das perdas, avalia juridicamente a possibilidade de solicitar compensação à Equinor, embora ainda não tenha formalizado o pedido.
Campo Peregrino: ativo estratégico para a produção de petróleo da Prio
O Campo Peregrino representa um pilar estratégico na expansão da Prio. Localizado na Bacia de Campos, o ativo é considerado um dos mais produtivos fora da Noruega para a Equinor. A decisão da empresa norueguesa de vender sua participação faz parte de um movimento para simplificar suas operações globais, focando em ativos com maior retorno e menor complexidade.
Para a Prio, o Campo Peregrino é essencial para sustentar seu crescimento e ampliar sua participação no mercado de produção de petróleo. A empresa tem investido em tecnologia e eficiência operacional para maximizar o potencial do campo, que possui infraestrutura robusta, incluindo uma unidade flutuante de produção (FPSO).
ANP intensifica fiscalização e reforça exigências no setor de petróleo
A atuação da ANP tem sido decisiva para elevar os padrões de segurança na indústria de petróleo. Em 2024, o órgão intensificou as inspeções, com foco em plataformas offshore e unidades de produção. A meta é garantir a integridade das operações e prevenir acidentes que possam comprometer o meio ambiente e a vida dos trabalhadores.
A suspensão do Campo Peregrino é um exemplo da nova postura da agência, que tem adotado medidas mais rígidas diante de irregularidades. A ANP já aprovou a primeira fase da transação entre Prio e Equinor, permitindo que a empresa brasileira assuma a operação do campo, desde que cumpra os requisitos técnicos e regulatórios estabelecidos.
Perspectivas para retomada da produção de petróleo no Campo Peregrino
Segundo fontes próximas às operações, grande parte dos trabalhos de manutenção na FPSO já foi concluída, e a expectativa é que a ANP autorize a retomada da produção em breve.
A normalização das atividades é crucial para que a Prio possa recuperar parte das perdas e consolidar sua posição como operadora do Campo Peregrino.
A retomada também é estratégica para a Equinor, que busca concluir a transação com a Prio e focar em novos projetos, como o início da produção no campo de Bacalhau, localizado na região do pré-sal.
Avaliação jurídica da Prio e possível compensação bilionária à Equinor
Embora a Prio ainda não tenha formalizado o pedido de compensação, a empresa está avaliando juridicamente as possibilidades. A paralisação não planejada gerou perdas significativas, e a companhia busca alternativas para mitigar os impactos financeiros.
A compensação bilionária à Equinor pode se tornar um precedente importante no setor, especialmente em transações envolvendo ativos com riscos operacionais.
Especialistas apontam que o sucesso da reivindicação dependerá da análise contratual e das cláusulas de responsabilidade previstas no acordo de compra. A transparência e o histórico de comunicação entre as partes serão determinantes para o desfecho da negociação.
Repercussões no mercado e lições para o setor de energia
O caso Prio e Equinor no Campo Peregrino evidencia os desafios da produção de petróleo em ambientes offshore e a importância da regulação eficiente pela ANP. A suspensão das atividades, embora temporária, gerou impactos financeiros e operacionais significativos, colocando em pauta a responsabilidade das empresas em garantir segurança e continuidade.
A possível compensação bilionária exigida à Equinor destaca a complexidade das transações no setor e a necessidade de cláusulas robustas que protejam os interesses das partes envolvidas. Para a Prio, o episódio representa um teste de resiliência e capacidade de gestão, enquanto para a ANP, reforça seu papel como guardiã da segurança energética nacional.
A retomada da produção no Campo Peregrino será decisiva para o futuro da Prio e para a estabilidade do mercado brasileiro de petróleo. O desfecho da negociação entre as empresas poderá influenciar futuras aquisições e parcerias no setor, tornando o caso um marco regulatório e estratégico.