Mudança amplia uso dos depósitos e eleva teto do SFH; objetivo é adiar risco de falta de funding e manter o crédito imobiliário ativo.
O governo prepara alterações que permitem direcionar até 100% da poupança ao crédito imobiliário, flexibilizando a regra atual e dando fôlego à originação de financiamentos habitacionais. De acordo com o especialista Raul Sena, a medida busca adiar o risco de escassez de funding diante da migração dos poupadores para outras aplicações e do apetite aquecido por moradia.
Além do novo desenho da poupança, o pacote inclui elevação do teto do SFH, criação de linhas para reforma residencial e limites de juros. Na prática, o crédito imobiliário tende a alcançar mais faixas de renda e ticket médio maior com possíveis impactos sobre bancos, construtoras e consumidores.
O que muda na poupança e por que isso importa
Hoje, 65% dos depósitos da poupança devem, por regra, ser destinados ao crédito imobiliário; 20% ficam recolhidos ao Banco Central e 15% têm aplicação livre.
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A nova regulamentação abre caminho para gradual flexibilidade, podendo chegar a 100% para financiamento habitacional.
A razão é pragmática: o funding da poupança encolheu com a maior educação financeira do público e a competição de CDBs, fundos e afins.
Ao destravar mais recursos para o crédito imobiliário, o governo empurra para frente o risco de “seca” de capital nos bancos não resolve a captação, mas ganha tempo enquanto a demanda por habitação segue alta.
SFH mais amplo e juros sob teto
O Sistema Financeiro da Habitação (SFH) terá o teto do imóvel financiável elevado de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.
Em capitais onde os preços subiram, isso recoloca a classe média dentro do SFH, que costuma ter condições mais previsíveis.
Outro pilar é o teto de juros: 80% dos financiamentos habitacionais devem obedecer às regras do SFH, com limite de até 12% ao ano.
Na prática, isso ancora o custo do crédito imobiliário, reduz volatilidade para o comprador e dá previsibilidade comercial para bancos e incorporadoras.
Reformas de moradia: novas linhas, novos públicos
Surge uma linha específica para reformas residenciais (PAC e Minha Casa, Minha Vida), com valores entre R$ 5 mil e R$ 30 mil e prazo de 24 a 60 meses.
O foco é formalizar o que hoje vai ao cartão, oferecendo um custo potencialmente menor e prazo mais adequado ao ciclo da obra.
Os juros variam por faixa de renda: até R$ 3.200/mês, teto de 1,17% ao mês; entre R$ 3.200 e R$ 9.600/mês, até 1,95% ao mês.
Isso amplia o acesso a pequenos retrofit, regularização e melhoria habitacional itens que valorizam o imóvel e a vizinhança.
Efeitos esperados: bancos, construtoras e comprador
Para os bancos, a possibilidade de usar mais poupança no crédito imobiliário tende a destravar carteira e melhorar margens dentro do teto de juros um empurrão para retomar originação em escala.
Para incorporadoras, o novo teto do SFH (R$ 2,25 mi) amplia o mercado endereçável e orienta lançamentos a faixas com maior poder de compra.
Para o comprador, o combo funding + teto de juros reduz incerteza e pode facilitar aprovação.
Mas atenção: entrada, seguros e custos acessórios seguem relevantes, e o comprometimento de renda precisa caber no orçamento. Crédito imobiliário barato não elimina disciplina financeira.
Riscos e pontos de atenção
Não há almoço grátis. Embora o crédito imobiliário ganhe tração, permanecem riscos:
• Captação: a medida adianta recursos, mas não inverte a tendência de saída da poupança. Se o fluxo seguir negativo, o aperto reaparece.
• Inflação e preços: aquecimento da construção e da demanda pode pressionar custos (materiais, mão de obra) e preços de imóveis.
• Reversibilidade: regras podem mudar em novos ciclos políticos; compradores e empresas devem considerar cenários alternativos.
• Sustentabilidade do SFH: o teto de 12% a.a. dá previsibilidade, mas exige gestão fina de risco para não distorcer crédito fora do SFH.
Como se planejar para aproveitar (sem se endividar mal)
Simule com folga. Trabalhe entrada maior para reduzir prestação e seguros.
Compare CET entre bancos (seguro, tarifas e indexadores contam).
Não dependa só do teto: negocie taxa, prazos e portabilidade. Para reforma, orce mão de obra + imprevistos e libere parcelas por avanço físico obra estourada vira dívida cara.
Essas mudanças podem redefinir o ritmo do crédito imobiliário em 2025–2027: mais funding, juros ancorados e ticket maior no SFH.
Mas o benefício real depende de execução, disciplina de risco e atenção ao ciclo da construção.
Você pretende comprar, reformar ou vender um imóvel neste cenário? Juros limitados a 12% ao ano te animam a tirar um plano do papel, ou o risco de alta de preços pesa mais? Conte nos comentários sua estratégia e o que já mudou para você no processo de financiar a casa própria.