Situação inusitada envolve poste posicionado no meio da via em Campo Grande e expõe desafios de obras de infraestrutura urbana, impactando trânsito, rotina dos moradores e revelando problemas de planejamento entre órgãos públicos.
Caos no trânsito por poste no meio da rua
Moradores dos bairros Vila Vilas Boas e Jardim Mansur, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, enfrentam uma situação insólita desde que um poste foi instalado em local irregular e permaneceu “estacionado” no meio da rua Antônio Francisco, alterando por completo o fluxo do trânsito e evidenciando problemas na execução das obras de pavimentação.
O fato chamou atenção especialmente porque a chegada do asfalto precisou ser adaptada, com os trabalhadores contornando a estrutura de concreto que deveria estar junto à calçada, mas permanece no meio da via, criando obstáculos inesperados para motoristas e pedestres.
Impacto do poste atrapalha trânsito e rotina
Imagens feitas na última semana, por volta do número 643 da rua Antônio Francisco, mostram claramente a presença de postes desalinhados, afastados da linha do passeio e posicionados do lado contrário ao meio-fio, cenário que expôs o problema para toda a vizinhança.
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De acordo com relatos, a responsabilidade pela pavimentação é da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), enquanto a remoção dos postes caberia à concessionária Energisa, encarregada do fornecimento de energia elétrica na capital sul-mato-grossense.
Antônio Darilo Cesco, morador da região há quase dez anos, afirmou que procurou os responsáveis pela obra em busca de explicações sobre o cronograma e o planejamento para remoção dos postes.
Segundo ele, os trabalhadores da Energisa removeram apenas três ou quatro estruturas, deixando diversas outras no local, inclusive algumas no meio do asfalto já aplicado.
“Os funcionários da Energisa disseram que não era com eles. Já o pessoal do asfalto informou que iriam pavimentar de qualquer jeito, mesmo com os postes na rua”, relata Cesco.
Problemas de planejamento e execução em Campo Grande
O episódio reacendeu debates entre os moradores sobre a qualidade dos serviços públicos e a falta de coordenação entre prefeitura e concessionárias.
Para muitos, o poste no meio da rua representa não apenas um obstáculo físico, mas um símbolo do caos em obras de infraestrutura na capital.
Em entrevista ao portal Correio do Estado, moradores expressaram preocupação com a possibilidade de prejuízos adicionais e reparos frequentes, caso o problema não seja corrigido antes da conclusão das obras.
Em nota encaminhada na tarde do dia 11 de junho, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) reconheceu que os postes apontados pelos moradores realmente estão no lugar errado e confirmou que já solicitou à Energisa a retirada das estruturas do local.
“Após a remoção, a Sisep concluirá o serviço de pavimentação nos trechos em que os postes foram retirados”, informou o órgão.
Apesar disso, o que se verificou na manhã seguinte foi a continuidade das obras de asfalto ao redor do poste, que acabou sendo circundado pela nova camada de pavimento, dificultando ainda mais a circulação e trazendo insegurança para quem trafega pela área.
Contratos da iluminação pública e custos para a cidade
Essa situação se insere em um contexto mais amplo de desafios enfrentados pela gestão municipal no setor de iluminação pública.
Nos primeiros meses de 2025, Campo Grande aprovou um pacote de medidas fiscais e cortes de gastos, em meio a reivindicações de servidores que estavam há três anos sem reajustes.
O cenário de crise orçamentária teve reflexo direto nos contratos de iluminação, que sofreram aumentos sucessivos.
Em junho, foi publicado o extrato do primeiro termo aditivo a um contrato para compra de postes, elevando o valor para mais de R$ 3 milhões.
Apenas em março deste ano, outros três contratos foram reajustados em quase 25%, totalizando cerca de R$ 2,7 milhões em acréscimos para a Empresa Construtora B&C Ltda, segundo dados oficiais.
Levantamentos da Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) mostram um aumento expressivo na arrecadação da Contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública (Cosip).
Os moradores de Campo Grande pagaram R$ 153,46 milhões em 2023 e R$ 196,86 milhões no ano passado, alta de 28,2% em apenas um ano.
Instituída no município ainda na gestão de André Puccinelli, a Cosip consolidou-se como fonte relevante de recursos, permitindo à capital sul-mato-grossense arrecadar mais com iluminação pública do que cidades maiores, como Curitiba, apesar de ter metade da população.
Moradores questionam efetividade e segurança
O Executivo municipal justifica os aumentos afirmando que a expansão da cidade e a elevação das demandas da comunidade exigem ampliação dos serviços, tanto na implantação quanto na manutenção da iluminação pública.
No entanto, o contraste entre os altos valores investidos e episódios como o do poste no meio da rua evidenciam dificuldades de planejamento e execução das obras urbanas em Campo Grande.
Enquanto a prefeitura reconhece a necessidade de melhorias, moradores relatam falta de clareza no cronograma das obras e ausência de informações sobre prazos para remoção definitiva dos obstáculos.
Além do impacto direto sobre o trânsito, a permanência do poste que atrapalha trânsito traz riscos para motoristas e pedestres, principalmente durante a noite, quando a visibilidade é reduzida.
O risco de acidentes aumenta, e a sinalização improvisada no local não garante a segurança de quem circula pela região, agravando a preocupação dos moradores.
A permanência do poste que “atrapalha trânsito” é apenas um dos sinais do descompasso entre planejamento e execução das obras públicas em Campo Grande.
Para os habitantes da Vila Vilas Boas e Jardim Mansur, a expectativa pela solução definitiva se mistura à desconfiança quanto à efetividade das ações do poder público.
Diante desse cenário, surge uma questão: será que a integração entre os diferentes órgãos e concessionárias será suficiente para evitar que problemas como o poste no meio da rua continuem impactando a vida urbana em Campo Grande?