1. Início
  2. / Construção
  3. / Possível apagão da mão de obra na construção civil deixa empresas em alerta
Tempo de leitura 3 min de leitura Comentários 0 comentários

Possível apagão da mão de obra na construção civil deixa empresas em alerta

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 14/04/2025 às 13:27
falta de mão de obra na construção civil mercado procura profissionais

Falta de trabalhadores especializados gera aumentos salariais, atrasos em obras e estimula a terceirização como caminho viável para a sobrevivência do setor

A construção civil brasileira vive um dilema que ameaça seu crescimento: a grave escassez de mão de obra qualificada, que compromete prazos, eleva custos e desafia a produtividade dos canteiros de obra.

Embora muitos profissionais e especialistas já alertem sobre um possível “apagão de mão de obra”, os sinais concretos desse desequilíbrio estão por todos os lados.

Empresas relatam dificuldades crescentes para contratar trabalhadores capacitados. Segundo a “Sondagem da Construção”, publicada pela FGV Ibre em junho de 2024, 71,2% das construtoras enfrentaram dificuldades para contratar profissionais qualificados nos 12 meses anteriores à pesquisa.

Além disso, 39% classificaram essa dificuldade como “muito alta”, o que demonstra a gravidade da situação.

Construção civil e falta de mão de obra infográfico revela números

Portanto, o gargalo não é pontual. E tampouco exclusivo do Brasil.

Um estudo global da consultoria McKinsey identificou que países desenvolvidos também enfrentam essa escassez de trabalhadores no setor.

O motivo principal, conforme o levantamento, está na crise demográfica que reduz a oferta de mão de obra jovem em setores como construção civil.

Custo da mão de obra dispara e formação de profissionais não acompanha o ritmo

Enquanto o número de trabalhadores capacitados encolhe, o valor pago por eles sobe drasticamente.

Conforme dados do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), o custo da mão de obra aumentou 69% nos últimos dez anos.

Além disso, a formação de novos profissionais não acompanha a demanda do setor.

O ritmo das obras acelerou. Porém, a quantidade de profissionais treinados ficou para trás.

Consequentemente, empresas de todos os portes enfrentam obstáculos para manter seus cronogramas. Ao mesmo tempo, perdem produtividade e pressionam o orçamento.

Avanços tecnológicos ampliam o desafio da qualificação na construção civil

Outro fator que acentua o problema é o avanço tecnológico nos canteiros de obra.

Soluções como o BIM (Modelagem de Informação da Construção) e o uso de ferramentas digitais nas rotinas operacionais exigem conhecimento técnico mais específico.

Afinal, além do esforço físico e do conhecimento tradicional, as novas funções exigem letramento digital e domínio de softwares.

No entanto, o investimento em capacitação técnica ainda permanece abaixo do necessário.

A oferta de cursos é limitada. Além disso, as empresas acabam assumindo esse papel formador, nem sempre com tempo e orçamento suficientes.

Caminhos possíveis: automação, capacitação e terceirização

Apesar do cenário desafiador, algumas empresas estão virando o jogo.

Construtoras mais estruturadas começaram a investir em programas internos de capacitação para treinar suas equipes.

Outras optaram por automatizar processos e reduzir a dependência da força humana em tarefas repetitivas.

Contudo, a solução que mais cresce nos últimos anos é a terceirização da mão de obra qualificada.

Parcerias com empresas especializadas permitem contratar desde operários até engenheiros e supervisores, todos já treinados, com experiência prática e prontos para atuar em obras residenciais, comerciais e industriais.

Esse modelo reduz o tempo de contratação, diminui riscos e torna os custos mais previsíveis.

Nova realidade exige mentalidade flexível e estratégia de longo prazo

Portanto, o antigo modelo de contratação direta e treinamento interno começa a dar lugar a soluções mais inteligentes e integradas.

Terceirizar não é apenas uma forma de reduzir despesas, mas também uma resposta estratégica a um cenário de mudanças profundas no setor.

Em resumo, a escassez de profissionais deixou de ser apenas um obstáculo.

Ela virou um catalisador de transformação, forçando empresas a modernizar sua gestão de pessoas, otimizar processos e adotar novas tecnologias.

A construção civil brasileira, se quiser manter o ritmo de crescimento, precisará repensar sua estrutura produtiva, seus métodos de trabalho e sua relação com o capital humano.

  • Considerações Por Leonardo Dahlem, co-fundador da Dahlem S.A.

Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Paulo Nogueira

Eletrotécnica formado em umas das instituições de ensino técnico do país, o Instituto Federal Fluminense - IFF ( Antigo CEFET), atuei diversos anos na áreas de petróleo e gás offshore, energia e construção. Hoje com mais de 8 mil publicações em revistas e blogs online sobre o setor de energia, o foco é prover informações em tempo real do mercado de empregabilidade do Brasil, macro e micro economia e empreendedorismo. Para dúvidas, sugestões e correções, entre em contato no e-mail informe@clickpetroleoegas.com.br. Vale lembrar que não aceitamos currículos neste contato.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x