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Porque o Brasil não é uma superpotência — mas deveria ser

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 07/12/2024 às 12:47
Brasil não é uma superpotência
Foto; Reprodução

Apesar de sua vasta riqueza natural, grande território e população expressiva, o Brasil ainda não alcançou a posição de superpotência — Iremos responder à pergunta: Porque o Brasil não é uma superpotência

Em 1820, no auge da Revolução Industrial que transformava a Europa e os Estados Unidos, o Brasil já despontava com um atraso econômico claro. Naquele ano, a renda per capita brasileira era de 674 dólares, enquanto a americana chegava a 1.257 dólares — praticamente o dobro. Mas, afinal, por que o Brasil não é uma superpotência?

Muitas décadas se passaram, e se criou um abismo gigantesco entre os dois países. Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos Estados Unidos foi de US$ 65.020,35, enquanto o do Brasil alcançou US$ 9.032,11

Apesar de períodos de crescimento acelerado, como nos anos 1960 e 1970, o Brasil nunca conseguiu consolidar uma trajetória de desenvolvimento robusto e sustentável a longo prazo.

Vários fatores explicam essa diferença avassaladora. Entre os mais debatidos está a curta duração de nossa democracia em comparação com a americana.

Porque o Brasil não é uma superpotência

Com apenas 39 anos de estabilidade democrática, o Brasil enfrenta desafios estruturais que refletem séculos de desigualdades sociais, baixa produtividade e políticas públicas inconsistentes. Explicaremos abaixo os motivos do Brasil não ser uma superpotência.

Educação

A qualidade da educação no Brasil é um dos principais entraves ao desenvolvimento. Em rankings globais, o país ocupa as últimas posições em indicadores de aprendizado básico, como leitura, matemática e ciências.

A falta de investimento adequado, associada a gestões públicas ineficazes, resulta em uma força de trabalho pouco qualificada. Enquanto economias desenvolvidas apostam no conhecimento e na inovação como motores do crescimento, o Brasil ainda luta para oferecer ensino básico de qualidade.

Pesquisas indicam que cada ano adicional de escolaridade pode aumentar a produtividade em até 10%. Porém, com uma média de anos de estudo inferior a 8 anos para boa parte da população, o Brasil segue distante de atingir o potencial necessário para competir no cenário global.

Desigualdade

A desigualdade social e econômica no Brasil é uma das maiores do mundo. Segundo o relatório mais recente do Banco Mundial, o país possui um índice de Gini alarmante, refletindo a concentração de renda em poucas mãos. Essa disparidade se perpetua por meio de políticas que favorecem elites e ampliam o fosso entre ricos e pobres.

A recente reforma tributária é emblemática dessa lógica. Embora tenha o potencial de simplificar o sistema atual, ela se vê comprometida por exceções que beneficiam segmentos específicos, como profissionais liberais e serviços destinados às classes mais altas.

A perpetuação de privilégios não apenas impede uma tributação mais justa, mas também sobrecarrega os mais pobres, reduzindo ainda mais sua capacidade de consumir e investir.

Infraestrutura deficiente

A precariedade da infraestrutura brasileira é outro entrave significativo. Estradas mal conservadas, portos obsoletos e um sistema de transporte ineficiente aumentam os custos de produção e reduzem a competitividade internacional do país.

Além disso, a infraestrutura energética, embora tenha avançado em décadas recentes, ainda não é suficiente para atender às demandas crescentes de uma economia em expansão.

O saneamento básico é outro exemplo gritante. Mais de 30 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada, e metade da população vive sem coleta de esgoto. Essa realidade não apenas afeta a saúde pública, mas também limita o desenvolvimento humano e econômico.

Corrupção e governança

A corrupção é um problema crônico no Brasil. Escândalos que envolvem desvios bilionários de recursos públicos são recorrentes, minando a confiança da população nas instituições e afastando investidores. Além disso, a má governança compromete a eficiência do Estado e a execução de políticas públicas.

O excesso de burocracia também é um obstáculo à inovação e ao empreendedorismo. Estudos mostram que empresas brasileiras gastam, em média, 1.500 horas por ano apenas para lidar com obrigações fiscais — um contraste gritante com economias mais desenvolvidas, onde esse número é inferior a 200 horas.

Sustentabilidade ambiental

O Brasil detém uma das maiores biodiversidades do mundo, com a Amazônia como peça central desse ecossistema único.

No entanto, o desmatamento desenfreado e a exploração predatória dos recursos naturais colocam em risco não apenas o meio ambiente, mas também a reputação do país no cenário internacional.

A sustentabilidade ambiental é cada vez mais um requisito para o comércio global.

Mercados consumidores exigem que produtos agrícolas e industriais respeitem critérios ambientais rigorosos, e o Brasil frequentemente enfrenta barreiras por não atender a esses padrões.

O custo dos privilégios

Como destacou Marcos Lisboa, o Brasil é um país de privilégios. A cultura da “meia-entrada” — expressão que simboliza a busca por vantagens individuais em detrimento do coletivo — está profundamente enraizada na sociedade. Isso se reflete na formulação de políticas públicas, na alocação de recursos e na perpetuação de desigualdades.

A reforma tributária, apesar de seu potencial transformador, ilustra bem essa dinâmica. A multiplicidade de alíquotas e as exceções criadas para atender lobbies poderosos comprometem sua eficácia.

Como bem disse Roberto Campos, o Brasil continua a “perder oportunidades de não perder oportunidades”.

O tempo como fator decisivo

A construção de uma potência mundial exige tempo e continuidade. Os Estados Unidos, por exemplo, acumulam 247 anos de democracia estável, enquanto o Brasil tem apenas 38 anos desde o fim da ditadura militar.

Essa diferença histórica reflete-se na solidez institucional, na cultura política e na capacidade de implementar reformas estruturais.

A ausência de uma visão de longo prazo no Brasil é evidente. Mudanças de governo frequentemente resultam em descontinuidade de políticas públicas, prejudicando projetos de infraestrutura, educação e inovação.

Um futuro do Brasil com decisões difíceis

Os desafios que impedem o Brasil de se tornar uma potência mundial são inúmeros, mas não intransponíveis. Investir em educação de qualidade, reduzir as desigualdades sociais, modernizar a infraestrutura, combater a corrupção e adotar práticas sustentáveis são passos essenciais para destravar o potencial do país.

No entanto, essas mudanças exigem coragem política, comprometimento das elites e participação ativa da sociedade civil. O Brasil precisa superar a lógica dos privilégios e adotar uma visão coletiva de desenvolvimento.

Enquanto isso não acontecer, continuaremos a confirmar a amarga frase de Roberto Campos: o Brasil, de fato, não perde oportunidades de perder oportunidades.

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Clovis Pereira
Clovis Pereira
08/12/2024 06:30

Em 2018 eu fiz parte de 3 grupos no WhatsApp. Eu era o único nestes grupos que produzia conteúdos em favor do grupo que elegeu Bolsonaro, Zucco, Sanderson e Luiz Carlos para senador. Num almoço no Clube Geraldo Santana dei um cartão pra o General Mourão e falei que eu sou inventor e preciso de apoio para meus projetos. Mandei e-mail pra todos e depois que assumiram nem sinal e não tive uma só resposta. O Tenente Coronel Zucco até me agradeceu, bem como nunca quis me receber. Não sou só um inventor, mas poderia ajudar a modernizar o estado brasileiro. Inclusive mandei e-mail e telefonei para a Secretária da comunicação da presidência da República e nunca tive resposta. Bolsonaro assumiu e nos meus textos sempre divulguei que era necessário, proteger o Meio Ambiente, olhem o momento que estamos vivendo. Comentei que tinha que investir em educação e salário mínimo visto baixo poder de compra, salário mínimo vai aumentar o PIB e assim é tecnologia. Os países ricos investiram em tecnologia e hoje são o que são. Em 2018, eu mudei e mandei dizer ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, pra investir nas mesmas propostas que ofereci para o Bolsonaro. Comentei que se investir no salário mínimo ia ganhar as eleições. Bolsonaro vendo no debate que Lula ofereceu melhorar o salário mínimo, aí o Bolsonaro passou a prometer salário mínimo de R$ 1.400,00., só que era tarde, até porque Bolsonaro e Paulo Guedes comentaram que o salário mínimo estava muito valorizado, esse foi seu grande erro. Poder de consumo baixo gera pobreza. Além que é preciso de reformas. Muito bem o Lula foi eleito e não consigo nem resposta do seu governo a não ser dizer que recebeu. Um dos meus projetos tem valor de $ 20.000.000.000, bilhões de dólares. Sou o único no mundo que sabe criar uma pirâmide pra eleger um grupo de candidatos. Atinge milhões de eleitores num dia. Imagina que só de tributos são $ 2.000.000.000, bilhões de dólares. Eles são todos iguais. Bom dia.

Brito Santos
Brito Santos
Em resposta a  Clovis Pereira
08/12/2024 20:50

Lamentável governantes destes nivel. Estamos circunstancialmente nessa situação!

Caio Portella
Caio Portella
09/12/2024 14:22

Bem simples, parar a vira lataria de ser quintal americano, estatizar as empresas vendidas de setores estratégicos, acabar teto de gastos, 54% de imposto sobre grandes fortunas, heranças, fazer o agro pagar seus impostos. Pronto Brasil bate EUA em 3 anos.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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