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Por que o Pix virou alvo de críticas nos EUA? Trump questiona criação brasileira e apoia Visa e Mastercard em disputa global por padrões de segurança e concorrência digital no Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 24/09/2025 às 15:45
Pix vira alvo de críticas nos EUA com Trump apoiando Visa e Mastercard em disputa sobre pagamentos digitais e soberania brasileira.
Pix vira alvo de críticas nos EUA com Trump apoiando Visa e Mastercard em disputa sobre pagamentos digitais e soberania brasileira.
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Disputa internacional sobre pagamentos digitais coloca o Pix no centro de investigação dos EUA, com pressão de empresas de cartões e resposta do governo brasileiro em defesa de sua soberania regulatória.

O governo dos Estados Unidos abriu uma investigação comercial sobre o Brasil que inclui serviços de pagamentos eletrônicos e levou o Pix ao centro de uma disputa com implicações regulatórias e geopolíticas.

A ofensiva ocorre sob a gestão de Donald Trump e atende a pleitos de setores representados por Visa e Mastercard, que alegam um ambiente de competição desigual frente ao sistema público brasileiro.

Enquanto isso, Brasília diz que não há discriminação e promete defender a soberania regulatória do Banco Central em meio a tarifas adicionais impostas por Washington e sanções a autoridades do país.

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O que está em jogo na investigação

Em julho, o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) iniciou um processo sob a Seção 301 para examinar políticas brasileiras em áreas como comércio digital e pagamentos eletrônicos.

Na prática, o procedimento pode culminar em novas tarifas ou restrições, caso Washington conclua que regras locais “oneram” empresas americanas.

A audiência pública de 3 de setembro reuniu entidades empresariais dos EUA e representantes brasileiros.

A U.S. Chamber of Commerce defendeu regras equivalentes para plataformas privadas que disputam espaço com o Pix, citando governança e transparência.

Já a Information Technology Industry Council (ITI) sustentou que a presença do Banco Central como operador e regulador criaria assimetria competitiva.

Do lado brasileiro, o embaixador Roberto Azevêdo, assessor da CNI, afirmou que o Pix não reduz concorrência; ao contrário, ampliou a inclusão financeira e tornou o varejo mais eficiente, beneficiando inclusive companhias americanas que operam no país.

Pix vira alvo de críticas nos EUA com Trump apoiando Visa e Mastercard em disputa sobre pagamentos digitais e soberania brasileira.
Pix vira alvo de críticas nos EUA com Trump apoiando Visa e Mastercard em disputa sobre pagamentos digitais e soberania brasileira.

A visão do Brasil e o papel do Banco Central

O governo brasileiro argumenta que as políticas de pagamentos não discriminam empresas estrangeiras e que qualquer plataforma pode ofertar serviços no país.

Ex-presidentes e técnicos do Banco Central têm salientado que o Pix foi concebido para estimular competição bancária e reduzir custos.

Em entrevista recente, Roberto Campos Neto – que comandava o BC no lançamento do Pix e hoje não está mais no cargo – enfatizou que a autoridade monetária não aufere lucro com a ferramenta e custeia sua manutenção como infraestrutura pública.

A atual gestão do BC tem ampliado funcionalidades.

O Pix Automático entrou em operação em junho de 2025, permitindo pagamentos recorrentes.

Além disso, o Pix Parcelado caminha para regulamentação nacional, padronizando uma modalidade já oferecida por instituições financeiras privadas.

A combinação dessas funções se aproxima de serviços tradicionalmente associados aos cartões e pode deslocar parte das transações, sobretudo no varejo.

Medidas econômicas e pressão política

O contencioso comercial se aprofundou com a aplicação de tarifas adicionais que somam 50% a produtos brasileiros, adotadas em agosto, e com sanções e revogações de vistos a autoridades do país em setembro.

Em paralelo, o Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe, decisão que elevou a tensão política entre os dois governos.

Brasília sustenta que a investigação da USTR tem caráter unilateral e deve respeitar foros multilaterais.

Ainda assim, afirma estar disposta a dialogar sobre segurança cibernética, interoperabilidade e padrões técnicos, desde que preservada a autonomia do regulador e o princípio de neutralidade tecnológica.

Por que o Pix incomoda concorrentes

O Pix tornou-se onipresente no cotidiano brasileiro desde 2020.

Cresceu com a digitalização na pandemia e passou a ser meio de pagamento majoritário em número de operações.

Em agosto de 2025, a rede movimentou cerca de R$ 3 trilhões no mês, segundo dados do mercado baseados nas estatísticas do Banco Central.

O número de pessoas cadastradas supera 160 milhões, com uso massivo em transferências entre indivíduos e pagamentos a comerciantes via QR Code.

A adoção elevada pressiona o modelo econômico de cartões.

Analistas calculam que cada ponto percentual de migração de transações dos cartões pode significar US$ 200 milhões a US$ 400 milhões a menos em tarifas.

Esse efeito tende a se acentuar com o avanço de recursos como pagamentos agendados, recorrentes e parcelados, que reduzem a vantagem histórica do crédito rotativo e do parcelado no cartão.

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Pix vira alvo de críticas nos EUA com Trump apoiando Visa e Mastercard em disputa sobre pagamentos digitais e soberania brasileira.

Argumentos de segurança e governança

As bandeiras e associações americanas pedem que o Pix siga padrões equivalentes de segurança cibernética e supervisão aplicados às empresas privadas, sob pena de “campo de jogo desigual”.

Defendem ainda separação clara entre funções de regulação e operação, para evitar acesso a informações sensíveis de concorrentes.

O Banco Central responde que cumpre normas internacionais de resiliência operacional, promove interoperabilidade entre participantes e adota governança multissetorial nas decisões técnicas.

Nesse ponto, a disputa deixa de ser apenas comercial e passa a discutir modelos de infraestrutura: sistemas públicos baseados em contas, como o Pix e o UPI indiano, versus redes privadas de cartões.

Em contextos de sanções, arranjos nacionais como o Mir russo também ganharam escala, o que alimenta o debate geopolítico sobre quem controla dados, padrões e custos de pagamento.

Consumidor, comércio e efeitos práticos

Para o usuário final, o Pix é gratuito nas transferências entre pessoas.

Para empresas, as tarifas costumam ser inferiores às taxas de desconto dos cartões.

No comércio, a liquidação instantânea reduz inadimplência e custo de cobrança.

Não obstante, os cartões de crédito seguem relevantes por vantagens como programas de milhagem, acesso a salas VIP e oferta de parcelamento sem juros pelo lojista.

Segundo pesquisa do Banco Central divulgada em 2024, 51,6% dos brasileiros utilizavam cartão de crédito, indicador que cresceu ante 2021, evidenciando convivência entre meios.

A regulamentação do Pix Parcelado tende a reordenar essa fronteira.

Ao padronizar o produto e deixar as taxas de juros a cargo de cada instituição, o BC busca transparência para o consumidor e mais competição entre ofertantes de crédito.

Bancos e adquirentes, por sua vez, avaliam impacto em receitas de cartões e discussões sobre interoperabilidade entre arranjos.

Soberania digital e campanha doméstica

No Brasil, o debate ganhou contornos de soberania digital.

O Palácio do Planalto e o BC passaram a defender publicamente o Pix como política de Estado e ativo estratégico de inclusão.

Em eventos recentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as bandeiras: “Qual é a preocupação delas? É que, se o Pix dominar o mundo, os cartões de crédito vão desaparecer”.

O governo também tem sinalizado campanhas de esclarecimento para rebater desinformação e reforçar boas práticas de segurança.

A médio prazo, a disputa deve se deslocar para fóruns técnicos e jurídicos.

De um lado, empresas globais pedem previsibilidade e paridade regulatória.

De outro, autoridades brasileiras afirmam que não abrirão mão de um sistema que barateou pagamentos, trouxe milhões à formalidade e dinamizou o e-commerce.

Em meio a tarifas, sanções e agendas eleitorais, a pergunta que sobra é se haverá espaço para convergência de padrões sem desmontar o que já funciona no Brasil: os EUA aceitarão o Pix como referência internacional ou dobrarão a aposta para proteger o ecossistema de cartões?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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