Motores antigos eram superdimensionados e simples, priorizando robustez, enquanto modernos focam em custo e tecnologia, levantando questões sobre durabilidade e obsolescência programada no motor de carro.
Muitos motoristas já se perguntaram por que carros antigos continuam rodando firmes por décadas, enquanto alguns modelos modernos apresentam problemas no motor com poucos anos de uso. Parece que a durabilidade do motor de carro diminuiu com o avanço da tecnologia. Segundo a fonte utilizada, isso não seria coincidência, mas parte de um sistema pensado.
Carros clássicos frequentemente ultrapassavam 500 mil ou até 1 milhão de quilômetros. Modelos novos, por vezes, mal aguentam uma década. Por que o motor de carro antigo era tão resistente? Vamos analisar os fatores por trás dessa diferença.
Quando o motor de carro era feito para durar
Houve um tempo em que o motor de carro era projetado com foco principal na durabilidade. Não era incomum ver veículos rodando por décadas, mantendo o mesmo motor e sem perder o fôlego. Exemplos clássicos dos anos 80 e 90, como o Chevrolet Opala, o Toyota Bandeirante ou o Volkswagen Santana, frequentemente ultrapassavam 500.000 quilômetros sem necessidade de retífica.
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A mentalidade dos engenheiros da época era diferente. Eles projetavam o motor de carro para ser resistente, confiável e longevo, especialmente para enfrentar condições adversas como estradas de terra, poeira, variações de temperatura e combustível de qualidade duvidosa, comuns no Brasil.
Resistência dos motores antigos
A notável resistência do motor de carro antigo pode ser atribuída a vários fatores de projeto e construção. Um deles era o chamado “superdimensionamento” das peças internas. Bielas, pistões, virabrequim e válvulas eram feitos com mais material e folgas maiores, tornando-os menos suscetíveis a quebras e desgastes. Não se economizava na construção.
Outro ponto chave era a simplicidade. Esses motores dependiam muito menos de sistemas eletrônicos complexos, múltiplos sensores ou componentes sofisticados como turbinas de geometria variável ou injeção direta de alta precisão. Menos peças complexas significavam menos pontos de falha potenciais e uma manutenção mais barata e acessível – o famoso motor de carro que “qualquer mecânico de bairro conserta”.
Muitos desses motores também operavam em rotações mais baixas, o que reduzia o esforço interno e, consequentemente, o desgaste, prolongando sua vida útil. A estrutura física era robusta, frequentemente com blocos de ferro fundido espessos, capazes de suportar altas temperaturas e uso contínuo.
A qualidade dos materiais era superior, com uso de virabrequins forjados e aços de alta resistência. Essa robustez permitia até que muitos desses motores recebessem preparação (turbo ou supercharger) sem grandes alterações internas, como os conhecidos motores AP da Volkswagen ou GM Família 2.
Motor de carro moderno
O cenário atual do motor de carro é diferente. A indústria automotiva passou a focar intensamente na redução de custos e na eficiência (consumo e emissões). Isso levou à substituição de materiais robustos por ligas mais leves, como alumínio, ou compostos plásticos em componentes que antes eram metálicos. Embora isso ajude a reduzir o peso e o consumo de combustível, pode comprometer a durabilidade a longo prazo, especialmente se os materiais não receberem tratamentos adequados.
Motores modernos, como os encontrados em modelos populares como Renault Kwid ou Fiat Argo 1.0, são geralmente projetados para um uso urbano com perfil de condução moderado. Abusar da aceleração ou forçar o motor de carro pode levar a um desgaste prematuro.
A alta complexidade dos sistemas atuais, repletos de sensores, módulos eletrônicos e atuadores, também aumenta a probabilidade de falhas. Qualquer problema em um pequeno componente eletrônico pode comprometer o funcionamento de todo o motor. Embora a eletrônica traga benefícios em eficiência, ela nem sempre caminha junto com a durabilidade extrema vista no passado.
Obsolescência programada
A fonte do texto levanta a questão da obsolescência programada no design do motor de carro moderno. A ideia seria projetar componentes para terem uma vida útil limitada, incentivando a troca do veículo ou o gasto com peças e serviços.
Argumenta-se que uma parte significativa do lucro do setor automotivo atual vem da venda de peças de reposição, revisões constantes e da troca precoce de veículos. Quando um carro popular começa a apresentar muitos problemas, a troca por um modelo novo muitas vezes parece mais vantajosa do que um conserto caro, beneficiando as montadoras.
Também critica-se a falta de intercambialidade de peças entre modelos modernos, mesmo dentro da mesma marca e com motores similares (como entre Fiat Pulse e Chronos). Isso encarece a manutenção e dificulta a reposição. Há ainda a percepção de que a qualidade de muitas peças de reposição atuais, mesmo sendo caras, pode não ser a mesma das peças antigas. O sistema parece girar em torno do consumo constante.