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Por que o mar é salgado? Entenda como a água doce virou oceano mineral após 4 bilhões de anos de reações químicas e atividade tectônica

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 02/11/2025 às 15:09
Descubra como o mar ficou salgado após bilhões de anos de reações químicas, vulcões e tectonismo moldando os oceanos da Terra.
Descubra como o mar ficou salgado após bilhões de anos de reações químicas, vulcões e tectonismo moldando os oceanos da Terra.
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A transformação das águas da Terra em oceanos salgados é resultado de bilhões de anos de reações químicas, atividade vulcânica e movimentação tectônica que moldaram a composição atual dos mares e permitiram o surgimento da vida.


Os oceanos, que cobrem cerca de 70% da superfície do planeta, nem sempre foram salgados.

Há bilhões de anos, as primeiras águas da Terra eram essencialmente doces, formadas por chuvas intensas que se acumularam nas depressões do terreno.

A transformação dessa água doce em mares minerais foi lenta e constante, impulsionada pela química da crosta terrestre e pela energia vinda do interior do planeta.

O nascimento dos oceanos

Cientistas estimam que a formação dos primeiros oceanos ocorreu há mais de 4 bilhões de anos, quando a atmosfera primitiva da Terra, densa e carregada de gases, começou a se resfriar.

Nesse processo, o vapor d’água condensou e provocou chuvas torrenciais que duraram milhões de anos, dando origem aos primeiros corpos de água.

Esses mares iniciais, porém, não tinham o gosto salgado que conhecemos hoje.

O sal surgiu aos poucos.

A chuva ácida, ao cair sobre as rochas, dissolvia minerais e elementos químicos como o sódio e o potássio, que eram transportados pelos rios em direção ao mar.

Ao mesmo tempo, os vulcões ativos liberavam cloreto e outros compostos diretamente na atmosfera e nos oceanos.

A combinação desses dois elementos — sódio e cloreto — resultou no cloreto de sódio, o sal comum, que passou a se acumular nas águas marinhas.

A química que moldou o planeta

A salinidade dos oceanos foi construída ao longo de centenas de milhões de anos.

Fontes hidrotermais — verdadeiros gêiseres submarinos — também tiveram papel importante, liberando metais e minerais das profundezas do planeta para a água do mar.

Essa troca constante entre o interior da Terra e os oceanos criou um equilíbrio químico que ainda se mantém.

Se todo o sal dissolvido nos mares fosse retirado e espalhado sobre os continentes, formaria uma camada de cerca de 150 metros de altura, uma demonstração da imensa quantidade de minerais acumulados ao longo das eras.

O sal não é apenas um detalhe do oceano: ele é essencial para a vida.

A salinidade regula processos biológicos fundamentais, como a osmorregulação celular e a condução de impulsos nervosos.

Sem ela, os ecossistemas marinhos seriam radicalmente diferentes — talvez inviáveis.

O papel das rochas, rios e vulcões

O ciclo da água é o grande responsável por manter o equilíbrio mineral dos oceanos.

Quando a chuva atinge as montanhas e os solos, dissolve partículas minerais e as transporta pelos rios até o mar.

Esses cursos d’água funcionam como veias da Terra, carregando sais e nutrientes que sustentam a vida marinha.

Rios gigantescos, como o Amazonas, despejam bilhões de toneladas de minerais nos oceanos a cada ano.

No entanto, isso não significa que os mares fiquem mais salgados com o tempo.

Há mecanismos naturais que equilibram essa entrada constante de sais.

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O equilíbrio entre adição e remoção

Parte dos sais dissolvidos é retirada do sistema quando se deposita no fundo oceânico, formando sedimentos minerais.

Outra parcela é absorvida por organismos marinhos, que usam esses elementos para construir conchas, esqueletos e estruturas biológicas.

Essa dinâmica mantém o oceano em equilíbrio, impedindo que sua salinidade cresça indefinidamente.

O oceano, portanto, é um sistema vivo e em constante transformação.

Cada gota de chuva e cada rio que deságua no mar participam de um ciclo contínuo, que redistribui minerais e regula a composição química das águas.

Tectonismo e o sal dos mares

O movimento das placas tectônicas também influencia diretamente a salinidade.

Quando as placas se chocam, criam montanhas e expõem novas rochas à erosão, ampliando a liberação de minerais.

Já nas zonas de subducção, parte do material oceânico — inclusive sais — é empurrada de volta ao interior da Terra, onde pode ser reciclada.

Esse processo funciona como um sistema planetário de reciclagem, moldando o clima, a geologia e a própria vida.

A chamada “dança tectônica” é uma das principais responsáveis por manter o equilíbrio químico dos oceanos.

Vida em um ambiente salgado

Viver em água salgada representa um desafio biológico.

Os peixes marinhos precisam beber a água do mar e eliminar o excesso de sal através de células especializadas e rins eficientes.

Plantas de manguezais excretam sal por glândulas nas folhas ou filtram o mineral nas raízes.

Mamíferos marinhos, como baleias, obtêm água dos alimentos e também têm mecanismos fisiológicos adaptados à salinidade.

Cada organismo desenvolveu soluções únicas para sobreviver nesse ambiente.

O oceano é um laboratório natural de adaptações evolutivas, onde a vida transformou desafios químicos em oportunidades de sobrevivência.

As profundezas e suas estratégias extremas

Nas regiões abissais, a pressão, o frio e a ausência de luz moldaram seres notáveis.

Peixes como o diabo negro produzem luz própria para caçar e se comunicar.

Outros apresentam o chamado gigantismo abissal, que permite resistir à escassez de alimento e às baixas temperaturas.

Muitos nem sequer têm bexiga natatória; seus corpos gelatinosos e leves flutuam naturalmente sob alta pressão.

Essas adaptações extremas mostram como a vida se diversificou a partir do sal que domina os mares.

O futuro da água: dessalinizar o oceano

Com 97% da água do planeta sendo salgada, transformar o mar em fonte potável é um dos maiores desafios tecnológicos do século.

A dessalinização, especialmente por osmose reversa, é hoje o método mais usado.

O processo pressiona a água salgada por uma membrana que separa o sal das moléculas de H₂O.

Países como Israel já obtêm boa parte de sua água potável a partir do mar, mas o custo energético ainda é alto.

Novas soluções, como membranas de grafeno e dessalinização solar, buscam reduzir gastos e impactos ambientais.

O objetivo é tornar o processo sustentável e acessível, evitando que o descarte de salmoura prejudique ecossistemas marinhos.

Um oceano em mudança

O estudo da química dos mares ajuda a entender mudanças climáticas e a história da Terra.

Hoje, o derretimento de geleiras e o aumento da temperatura global estão alterando a salinidade e as correntes oceânicas, com efeitos que se refletem em todo o planeta.

Proteger os oceanos é essencial para garantir o equilíbrio ambiental e o futuro da água potável.

Afinal, o gosto salgado do mar é mais do que uma característica física: é o registro vivo da história do planeta e da própria vida na Terra.

Como o ser humano vai equilibrar o uso desse recurso vital e o respeito ao oceano que o sustenta?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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