Pequeno, icônico e envolto em papel prateado, o doce Dadinho surgiu em São Paulo durante as celebrações do IV Centenário e se tornou símbolo de memória afetiva para gerações de brasileiros.
Ao mencionar doces clássicos do Brasil, o Dadinho se destaca como um dos mais emblemáticos e reconhecidos em todo o país.
Com formato originalmente cúbico, textura macia e sabor marcante de amendoim, esse doce tornou-se presença constante nas prateleiras de padarias, mercearias e festas infantis desde a sua criação, em 25 de janeiro de 1954.
O lançamento ocorreu em meio à celebração dos 400 anos da cidade de São Paulo, ocasião marcada por grandes festividades e homenagens à capital paulista.
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Origem do nome Dadinho
Na época, a empresa Chocolates Dizioli apresentou ao público um produto especialmente criado para celebrar o chamado IV Centenário de São Paulo.
O doce foi batizado de “IV Centenário” e trazia como principal diferencial o uso de amendoim em sua composição, além de um formato cúbico, inovador entre os produtos da época.
A escolha desse formato foi determinante para a rápida popularização do apelido “Dadinho”, que logo substituiria o nome oficial e passaria a ser utilizado tanto pelo público quanto pela própria fabricante.
A razão para o nome Dadinho está diretamente relacionada à sua forma original.
O doce, ao ser lançado, lembrava visualmente um pequeno dado, aqueles tradicionalmente usados em jogos de tabuleiro.
O apelido espontâneo dado pelos consumidores acabou prevalecendo sobre a intenção inicial de homenagear a data histórica, consolidando-se como a marca oficial do produto em poucos anos.
Embalagem futurista e celebração do IV Centenário
A embalagem também teve papel central na construção da identidade do Dadinho.
O produto vinha revestido por um papel metalizado prateado, uma inovação para a época, inspirada na “chuva de prata” que marcou as comemorações do IV Centenário de São Paulo.
Durante o evento histórico, aviões lançaram milhares de pequenos triângulos de papel brilhante sobre a região central da cidade, principalmente no Viaduto do Chá, criando um efeito visual que ficou na memória dos paulistanos.
A embalagem refletia esse espírito de modernidade e celebração, contribuindo para a associação do doce ao momento festivo.
Além do papel prateado, a identidade visual do Dadinho incorporava referências diretas às comemorações de 1954.
O desenho em espiral do monumento “Voluta Ascendente”, projetado por Oscar Niemeyer para o Parque Ibirapuera, foi reproduzido na embalagem ao lado de estrelas e círculos coloridos, reforçando o vínculo entre o produto e o sentimento de renovação urbana vivido pela capital paulista naquela década.
A associação visual com a estética futurista dos anos 1950 foi determinante para que o doce atravessasse gerações, mantendo-se atual e facilmente reconhecido nas gôndolas.
Memória afetiva e tradição brasileira
Com o passar dos anos, o Dadinho se tornou símbolo de nostalgia e memória afetiva para diferentes gerações de brasileiros.
Apesar de alterações pontuais em sua apresentação — atualmente o doce possui formato levemente achatado, semelhante a um paralelepípedo —, a essência original foi preservada, inclusive no sabor intenso do amendoim, seu ingrediente principal.
Dados recentes apontam que o estado de São Paulo, onde o doce foi criado, segue sendo responsável por cerca de 90% da produção nacional de amendoim, o que reforça a conexão do produto com a região e sua importância para a economia local.
Hoje, a produção do Dadinho está sob responsabilidade da Bono Gusto Indústria e Terceirização de Alimentos, instalada em Ribeirão Preto, no interior paulista.
A marca pertence atualmente à empresa Doce Sabor, que mantém o compromisso de preservar as características tradicionais do produto, ao mesmo tempo em que aposta em versões modernas e variações do doce para atender às novas demandas de mercado.
Segundo informações oficiais, a receita original continua sendo referência, com adaptações pontuais para garantir a qualidade e a segurança alimentar.
Cultura, identidade e presença nacional
Ao longo de seus mais de 70 anos de existência, o Dadinho consolidou-se como ícone cultural e gastronômico do Brasil, especialmente na cidade de São Paulo.
O doce faz parte do imaginário popular ao lado de outras iguarias típicas da capital paulista, como o pastel de feira, o bauru e o tradicional sanduíche de mortadela.
A presença constante em festas, escolas e comércios reforça seu papel como símbolo de identidade coletiva e memória afetiva.
A relação dos brasileiros com o Dadinho ultrapassa o simples consumo.
O doce é frequentemente associado a lembranças de infância, convivência familiar e momentos de celebração.
“O Dadinho sempre esteve presente nos aniversários e nas lancheiras da escola. Até hoje, quando encontro, faço questão de comprar para relembrar aqueles tempos”, relata uma consumidora paulistana, destacando o valor emocional que o produto conquistou ao longo das décadas.
Apesar das transformações do mercado e da indústria alimentícia, o Dadinho mantém relevância e presença garantida entre as principais marcas de doces do país.
O segredo desse sucesso reside na combinação de tradição, sabor autêntico e uma história diretamente conectada ao desenvolvimento de São Paulo e à trajetória de seus habitantes.
O doce Dadinho no imaginário brasileiro
Em um cenário repleto de opções e inovações, o Dadinho permanece inconfundível, tanto pelo visual quanto pelo sabor, comprovando que a simplicidade e o apego às origens ainda têm espaço no paladar e na memória dos brasileiros.
O doce, que nasceu para marcar uma data histórica, acabou tornando-se, ele próprio, parte fundamental da história de quem cresceu em meio a suas embalagens prateadas e seu sabor inconfundível.
Com uma trajetória que mistura inovação, tradição e memória afetiva, o Dadinho desperta a seguinte reflexão: qual é o doce brasileiro que mais marcou a sua infância?