Descubra por que a rede elétrica subterrânea ainda é exceção em São Paulo, mesmo após apagões causados por temporais e ventos fortes. Entenda os desafios e os custos.
Embora mais segura e protegida de eventos climáticos, a rede elétrica subterrânea esbarra em um fator decisivo: o custo. Especialistas apontam que enterrar fios pode custar até 10 vezes mais do que mantê-los suspensos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o custo médio para instalar um cabo aéreo é de cerca de US$ 100 mil por milha, enquanto o aterramento chega a ultrapassar US$ 1 milhão. Além disso, estudos indicam que uma transição completa levaria décadas e elevaria as tarifas de energia em até 125%.
Promessas não cumpridas na capital paulista
Em 2017, o então prefeito João Doria prometeu enterrar 52 km de fios em 117 ruas do centro de São Paulo.
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Seu sucessor, Ricardo Nunes, aumentou a meta para 65 km. Contudo, a cidade possui apenas 40 km de rede elétrica subterrânea, segundo a própria Prefeitura.
Não há prazos concretos para a conclusão do projeto, e o ritmo atual está longe de acompanhar a necessidade crescente de adaptação da infraestrutura urbana aos novos padrões climáticos.
Entraves logísticos e impacto urbano
Além do custo, a rede elétrica subterrânea enfrenta desafios logísticos consideráveis. De acordo com o engenheiro Edval Delbone, do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), o processo de instalação exige a interdição de avenidas e centros comerciais por dias, causando impactos severos na mobilidade urbana.
“A logística é complicada. Avenidas e centros comerciais teriam que ser interditados por dias para cavar as valas — e pode ser que por muito tempo”, explicou Delbone em entrevista à BBC Brasil.
Rede elétrica subterrânea é segura, mas não perfeita
Embora traga maior proteção contra quedas de árvores e tempestades, a rede elétrica subterrânea também possui vulnerabilidades. Inundações, solos rochosos e manutenção complexa são alguns dos obstáculos em determinadas regiões.
Ou seja, apesar de ser uma solução eficiente em termos de segurança e estética, ela ainda não é viável em larga escala, especialmente em cidades como São Paulo, com infraestrutura densa e orçamento limitado.
Enquanto eventos extremos se tornam cada vez mais frequentes, cresce a pressão para modernizar a rede elétrica nas grandes cidades.
A rede elétrica subterrânea pode ser parte da solução, mas exige planejamento de longo prazo, investimento pesado e vontade política.