Modelo 2.0 turbo diesel com 170 cv e tração 4×4 é atraente, mas especialista alerta para falha grave no câmbio; veja se esta picape da Fiat vale o risco.
A Fiat Toro consolidou o segmento de Sport Utility Pickup (SUP) no Brasil, misturando o conforto de um SUV com a utilidade de uma caçamba. A busca por uma versão desta picape da Fiat com o motor 2.0 turbo diesel de 170 cv, tração 4×4 e câmbio automático de 9 marchas, na faixa de R$ 115 mil, é uma realidade no mercado de seminovos. Dados da Stellantis Media, confirmam a potência de 170 cv e a capacidade de carga de 1 tonelada, que a tornam um pacote atraente.
Esta análise investiga a viabilidade dessa compra, focando no equilíbrio entre o desempenho robusto e um histórico documentado de problemas de confiabilidade. De um lado, o motor eficiente e a dirigibilidade; do outro, um risco crítico que pode custar caro. A questão é: este conjunto motriz é uma oportunidade ou uma armadilha para o comprador de um seminovo?
O que R$ 115 mil compram no mercado?
A investigação do mercado de seminovos confirma que o orçamento de R$ 115 mil é realista. Uma análise de anúncios na plataforma Mercado Livre, revela que o “ponto ideal” se concentra em modelos fabricados entre 2019 e 2021. As versões mais comuns encontradas nesta faixa de preço são a Freedom, a Volcano e, com alguma frequência, a Ranch.
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Conforme observado nos anúncios do Mercado Livre, exemplos reais mostram uma Toro Ranch 2020 (88.000 km) por R$ 114.900 ou uma Volcano 2020 (95.323 km) por R$ 113.890. O comprador, portanto, enfrentará uma escolha estratégica clara: optar por um ano mais recente (2021) em uma versão de entrada (Freedom) ou aceitar um ano anterior (2019-2020) para levar uma versão de topo (Volcano ou Ranch), que oferece mais equipamentos, mas geralmente com quilometragem mais elevada.
A força do motor 2.0 Multijet e a eficiência das 9 marchas

O coração da picape é o motor 2.0 Multijet II Turbo Diesel. Conforme a ficha técnica oficial da Stellantis Media (media.stellantis.com), este propulsor de quatro cilindros entrega 170 cv de potência a 3.750 rpm e um torque robusto de 35,7 kgfm (350 Nm) a apenas 1.750 rpm. Essa disponibilidade de força em baixas rotações garante agilidade em ultrapassagens e excelente capacidade em terrenos difíceis.
O conjunto é completado pelo câmbio automático ZF 9HP de 9 velocidades e o sistema de tração 4×4 sob demanda. Este sistema opera com tração dianteira na maior parte do tempo, acoplando o eixo traseiro automaticamente quando detecta perda de aderência. O motorista pode intervir através do seletor, acionando o modo “4×4” (que trava a distribuição) e o “4WD Low”, que, embora não seja uma reduzida, ajusta o câmbio e o acelerador para simular esse efeito em baixa velocidade.
Oficialmente, a picape acelera de 0 a 100 km/h em 10 segundos. O consumo declarado é de 9,9 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada. No entanto, o grande trunfo deste conjunto, segundo relatos de proprietários, é o consumo real em velocidade de cruzeiro, que frequentemente pode ultrapassar os 15 km/l, sendo um dos principais atrativos do modelo.
Freedom, Volcano ou Ranch: qual versão escolher?
Dentro da faixa de orçamento estipulada, o comprador encontrará principalmente três versões da Toro diesel. A Freedom é o ponto de partida para a configuração 4×4 AT9. Ela já vem bem equipada com central multimídia Uconnect, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e rodas de 17 polegadas. É a escolha pragmática para quem foca essencialmente no conjunto motriz.
A Volcano é frequentemente considerada a versão de melhor custo-benefício, representando um salto significativo em equipamentos. Sobre a Freedom, ela adiciona itens cruciais de segurança e conforto, como sete airbags (contra apenas dois da versão de entrada), ar-condicionado digital de duas zonas, bancos revestidos em couro, chave presencial com partida por botão e rodas de 18 polegadas.
Por fim, a Ranch posiciona-se como a versão de topo com uma temática “country de luxo”. Ela compartilha a base de equipamentos da Volcano, mas se diferencia por um pacote estético exclusivo. Os destaques incluem retrovisores e detalhes cromados, estribos laterais, santantônio e bancos em couro marrom exclusivos. A escolha pela Ranch é, em grande parte, uma decisão de estilo.
O alerta crítico: o problema crônico do trocador de calor
Esta é a seção mais importante para qualquer potencial comprador de uma Fiat Toro diesel usada. Embora o veículo ofereça muitas qualidades, ele possui um histórico de problemas crônicos que podem resultar em reparos extremamente caros. O principal ponto de falha é o trocador de calor do câmbio automático ZF 9HP. O site Engel Advogados, especializado no tema, detalha o problema: este componente, que deveria usar o fluido de arrefecimento do motor para manter o óleo da transmissão na temperatura ideal, pode sofrer uma ruptura interna.
Quando essa falha ocorre, o fluido de arrefecimento (contendo aditivo etilenoglicol) se mistura com o fluido da transmissão. Segundo a análise do Engel Advogados, essa contaminação é catastrófica. O fluido do câmbio, agora contaminado, perde suas propriedades de lubrificação e refrigeração. Isso leva à destruição rápida dos componentes internos da caixa de câmbio, como pacotes de embreagem e corpo de válvulas. Os sintomas incluem trancos fortes nas trocas de marcha, superaquecimento do câmbio (com alerta no painel), “patinação” e, por fim, a falha completa do sistema.
Os modelos fabricados entre 2016 e 2020 são os mais afetados, colocando os veículos dentro do orçamento de R$ 115 mil diretamente na zona de risco. Um reparo completo da transmissão, nesses casos, pode facilmente **ultrapassar os R$ 20.000**. Por isso, a inspeção pré-compra é não apenas recomendada, mas obrigatória. O técnico deve verificar o estado e a coloração do fluido da transmissão: qualquer aparência “leitosa” ou turva é um sinal inequívoco de contaminação e um motivo para descartar a compra imediatamente.
Veredito: é uma compra de especialista
A Fiat Toro 2.0 Turbo Diesel 4×4 se revela um veículo de duas faces. Suas qualidades são inegáveis: o conforto de rodagem é comparável ao de um SUV de qualidade, o design é inovador e a excelente relação entre desempenho e consumo de combustível é excelente. O perfil ideal para este seminovo é o usuário que valoriza a dirigibilidade no dia a dia e precisa da versatilidade da caçamba para lazer, sem a necessidade da robustez extrema de picapes médias tradicionais (como S10 ou Hilux), que são construídas sobre chassi.
Contudo, a aquisição de uma Toro diesel usada, especialmente dos anos de risco, deve ser abordada com cautela. Devido ao risco financeiro real do problema crônico no trocador de calor, esta não é uma compra recomendada para um leigo. A aquisição exige uma avaliação criteriosa por um profissional que conheça especificamente o motor Multijet e o câmbio ZF 9HP. A recomendação se inclina para a versão Volcano (2020-2021) pelo pacote completo de segurança (7 airbags) e conforto, mas apenas após uma inspeção motriz minuciosa.
O equilíbrio entre o excelente motor diesel e o risco do câmbio automático divide opiniões. Você teria coragem de comprar uma Toro diesel 2019-2021, mesmo sabendo desse pr



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