Conflito entre Israel e Irã gera alerta máximo em bolsas internacionais, pressiona preços do petróleo e ameaça estabilidade da rota estratégica do Estreito de Hormuz, elevando temor de descontrole inflacionário global
Os preços do petróleo subiram acentuadamente nesta sexta-feira (13) após Israel lançar um ataque aéreo contra instalações nucleares no Irã, intensificando os temores de interrupções no fornecimento de energia a partir do Oriente Médio, região crítica para a produção e exportação de petróleo.
Os contratos futuros do petróleo tipo West Texas Intermediate (WTI), referência nos Estados Unidos, chegaram a saltar 14% durante a madrugada, antes de recuar para uma alta de cerca de 8%, sendo negociados a US$ 73 por barril às 8h30 (horário de Nova York). Já o Brent, usado como parâmetro internacional, subiu até 13% e era cotado com ganho de 7%, superando os US$ 74.
A escalada de preços reflete o receio de que o conflito entre Israel e Irã leve à interrupção de rotas estratégicas de transporte de petróleo e gás. Analistas do JPMorgan alertaram que novos ataques ou retaliações por parte do Irã podem provocar disrupções graves no mercado energético global.
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De acordo com Warren Patterson, chefe de estratégia de commodities do ING, o mercado está incorporando um prêmio de risco elevado diante da instabilidade geopolítica e da possibilidade de escassez de oferta.
Impactos econômicos e riscos inflacionários
Especialistas alertam que a disparada nos preços do petróleo pode dificultar o controle da inflação em diversas economias. Mohamed El-Erian, conselheiro econômico da Allianz, afirmou que o aumento dos preços da energia reduz as chances de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos.
Segundo ele, o novo choque representa uma ameaça direta à ordem econômica global liderada pelos EUA, com efeitos negativos tanto de curto quanto de longo prazo. A escalada também aumenta a pressão sobre os preços de combustíveis e eleva os custos logísticos e industriais.
O Irã é o quarto maior produtor da OPEP e já ameaçou bloquear o Estreito de Hormuz, rota por onde transita cerca de um terço do petróleo transportado por mar no mundo. O país também é vizinho do Catar, responsável por 20% do comércio global de gás natural liquefeito (GNL), que também depende dessa passagem.
Mercados financeiros em alerta
Diante da escalada militar e do aumento das incertezas, os investidores globais reduziram sua exposição a ativos de risco. As bolsas europeias abriram em queda, com o índice Stoxx Europe 600 recuando quase 1% e o DAX alemão perdendo 1,5%. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,4%, apesar da valorização das ações da BP (2,8%) e da Shell (1,6%).
Na Ásia, o Nikkei 225 do Japão encerrou o dia com baixa de 0,9%, enquanto os índices Hang Seng, de Hong Kong, e CSI 300, da China, registraram quedas de 0,6% e 0,7%, respectivamente. O ouro subiu para acima de US$ 3.400 a onça, e os títulos do Tesouro dos EUA se valorizaram, com os juros de 10 anos recuando para 4,35%.
Resumo das bolsas americanas às 8h30 (ET):
- S&P 500 futuros: queda de 0,8%, aos 5.998 pontos
- Dow Jones futuros: recuo de 0,9%, aos 42.600 pontos
- Nasdaq futuros: baixa de 1,1%, aos 21.689 pontos
Escalada militar e declarações oficiais
O ataque israelense ocorreu na manhã de sexta-feira (horário local), com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmando que a operação visa impedir o avanço do programa nuclear iraniano. Segundo ele, o Irã já teria urânio enriquecido suficiente para produzir até nove bombas atômicas — alegação não acompanhada de provas.
Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump utilizou o Truth Social para pressionar o Irã a fechar um acordo, advertindo que novos ataques de Israel seriam ainda “mais brutais” caso não haja recuo. Já o secretário de Estado, Marco Rubio, declarou que os EUA não participaram da ação e reforçou que a prioridade americana é proteger suas tropas na região.
A ofensiva ocorre num momento em que diplomatas buscavam retomar negociações com Teerã, ampliando o risco de colapso nas tratativas e de uma guerra mais ampla.
Cenário de risco e expectativas
Com o agravamento das tensões, os mercados entraram em modo de aversão ao risco. Segundo Tony Sycamore, analista da IG, o movimento pode gerar liquidações antes do fim de semana, especialmente após fundos sistemáticos voltarem a comprar ativos de risco nas últimas semanas.
Vishnu Varathan, chefe de macroeconomia do Mizuho para a Ásia (exceto Japão), destacou que a escalada pode rapidamente sair do controle e evoluir para um conflito aberto, caso não haja uma intervenção diplomática rápida. O risco de paralisação das exportações de petróleo e gás no Golfo Pérsico se tornou central no radar do mercado.
Conforme noticiado pelo Business Insider, o atual cenário representa um dos momentos mais delicados do ano para os mercados, que até então buscavam se recuperar de recentes períodos de volatilidade e incerteza global.