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Petróleo dispara mais de 13% após ataque de Israel ao Irã, eleva risco de guerra no Oriente Médio e deve impactar preço da gasolina com efeito global na inflação e no mercado de energia

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 13/06/2025 às 18:02
Bombas extratoras de petróleo operando durante conflito no Oriente Médio
Tensão geopolítica afeta preços do petróleo após ataques de Israel ao Irã
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Conflito entre Israel e Irã gera alerta máximo em bolsas internacionais, pressiona preços do petróleo e ameaça estabilidade da rota estratégica do Estreito de Hormuz, elevando temor de descontrole inflacionário global

Os preços do petróleo subiram acentuadamente nesta sexta-feira (13) após Israel lançar um ataque aéreo contra instalações nucleares no Irã, intensificando os temores de interrupções no fornecimento de energia a partir do Oriente Médio, região crítica para a produção e exportação de petróleo.

Os contratos futuros do petróleo tipo West Texas Intermediate (WTI), referência nos Estados Unidos, chegaram a saltar 14% durante a madrugada, antes de recuar para uma alta de cerca de 8%, sendo negociados a US$ 73 por barril às 8h30 (horário de Nova York). Já o Brent, usado como parâmetro internacional, subiu até 13% e era cotado com ganho de 7%, superando os US$ 74.

A escalada de preços reflete o receio de que o conflito entre Israel e Irã leve à interrupção de rotas estratégicas de transporte de petróleo e gás. Analistas do JPMorgan alertaram que novos ataques ou retaliações por parte do Irã podem provocar disrupções graves no mercado energético global.

De acordo com Warren Patterson, chefe de estratégia de commodities do ING, o mercado está incorporando um prêmio de risco elevado diante da instabilidade geopolítica e da possibilidade de escassez de oferta.

Impactos econômicos e riscos inflacionários

Especialistas alertam que a disparada nos preços do petróleo pode dificultar o controle da inflação em diversas economias. Mohamed El-Erian, conselheiro econômico da Allianz, afirmou que o aumento dos preços da energia reduz as chances de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos.

Segundo ele, o novo choque representa uma ameaça direta à ordem econômica global liderada pelos EUA, com efeitos negativos tanto de curto quanto de longo prazo. A escalada também aumenta a pressão sobre os preços de combustíveis e eleva os custos logísticos e industriais.

O Irã é o quarto maior produtor da OPEP e já ameaçou bloquear o Estreito de Hormuz, rota por onde transita cerca de um terço do petróleo transportado por mar no mundo. O país também é vizinho do Catar, responsável por 20% do comércio global de gás natural liquefeito (GNL), que também depende dessa passagem.

Mercados financeiros em alerta

Diante da escalada militar e do aumento das incertezas, os investidores globais reduziram sua exposição a ativos de risco. As bolsas europeias abriram em queda, com o índice Stoxx Europe 600 recuando quase 1% e o DAX alemão perdendo 1,5%. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,4%, apesar da valorização das ações da BP (2,8%) e da Shell (1,6%).

Na Ásia, o Nikkei 225 do Japão encerrou o dia com baixa de 0,9%, enquanto os índices Hang Seng, de Hong Kong, e CSI 300, da China, registraram quedas de 0,6% e 0,7%, respectivamente. O ouro subiu para acima de US$ 3.400 a onça, e os títulos do Tesouro dos EUA se valorizaram, com os juros de 10 anos recuando para 4,35%.

Resumo das bolsas americanas às 8h30 (ET):

  • S&P 500 futuros: queda de 0,8%, aos 5.998 pontos
  • Dow Jones futuros: recuo de 0,9%, aos 42.600 pontos
  • Nasdaq futuros: baixa de 1,1%, aos 21.689 pontos

Escalada militar e declarações oficiais

O ataque israelense ocorreu na manhã de sexta-feira (horário local), com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmando que a operação visa impedir o avanço do programa nuclear iraniano. Segundo ele, o Irã já teria urânio enriquecido suficiente para produzir até nove bombas atômicas — alegação não acompanhada de provas.

Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump utilizou o Truth Social para pressionar o Irã a fechar um acordo, advertindo que novos ataques de Israel seriam ainda “mais brutais” caso não haja recuo. Já o secretário de Estado, Marco Rubio, declarou que os EUA não participaram da ação e reforçou que a prioridade americana é proteger suas tropas na região.

A ofensiva ocorre num momento em que diplomatas buscavam retomar negociações com Teerã, ampliando o risco de colapso nas tratativas e de uma guerra mais ampla.

Cenário de risco e expectativas

Com o agravamento das tensões, os mercados entraram em modo de aversão ao risco. Segundo Tony Sycamore, analista da IG, o movimento pode gerar liquidações antes do fim de semana, especialmente após fundos sistemáticos voltarem a comprar ativos de risco nas últimas semanas.

Vishnu Varathan, chefe de macroeconomia do Mizuho para a Ásia (exceto Japão), destacou que a escalada pode rapidamente sair do controle e evoluir para um conflito aberto, caso não haja uma intervenção diplomática rápida. O risco de paralisação das exportações de petróleo e gás no Golfo Pérsico se tornou central no radar do mercado.

Conforme noticiado pelo Business Insider, o atual cenário representa um dos momentos mais delicados do ano para os mercados, que até então buscavam se recuperar de recentes períodos de volatilidade e incerteza global.

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Felipe Alves da Silva

Profissional com formação militar pelo Exército Brasileiro e experiência em gestão administrativa e logística no setor industrial. Escreve sobre defesa, segurança, geopolítica, indústria automotiva, ciência e tecnologia. Sugestões de pauta: fa06279@gmail.com

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