Petróleo de refinaria privatizada de Manaus é refinado em SP. Denúncia aponta que petróleo de refinaria privatizada no Amazonas deixou de ser processado localmente e segue para São Paulo, encarecendo combustíveis na região.
O petróleo de refinaria privatizada no Amazonas, extraído da base de Urucu, não está mais sendo processado em Manaus. Segundo denúncia do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM), divulgada pelo Monitor Mercantil, o produto agora percorre uma viagem de até 16 dias em balsas até São Sebastião (SP), onde é refinado pela Petrobras. Enquanto isso, a Refinaria da Amazônia (Ream), ex-Reman, permanece praticamente parada desde 2024, operando apenas como terminal.
Essa mudança elevou ainda mais o preço dos combustíveis no estado. Gasolina e gás de cozinha chegam a custar até 10% acima da média nacional, apesar de o Amazonas ser produtor de petróleo. Para especialistas, a operação aumenta custos logísticos, ameaça a viabilidade da produção local e transfere o peso financeiro para os consumidores.
O que mudou após a privatização da refinaria?
A Refinaria de Manaus foi privatizada em dezembro de 2022, por cerca de R$ 1,3 bilhão pagos pelo Grupo Atem. Até 2022, a unidade produzia em média 40 mil barris/dia. Esse volume caiu para menos de 30 mil em 2023 e despencou para menos de 10 mil em 2024. Em fevereiro de 2025, o ciclo de refino foi totalmente encerrado, sem novos pedidos de recebimento de petróleo de Urucu.
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Na prática, isso significou o esvaziamento da única refinaria da Região Norte, levando ao encarecimento do transporte de petróleo até São Paulo e à dependência de combustíveis importados ou processados em outras regiões.
Isenções bilionárias e denúncias de favorecimento
Outra questão envolve as isenções fiscais recebidas pelo Grupo Atem. Segundo estudo do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), a empresa obteve cerca de R$ 1,3 bilhão em descontos tributários entre 2017 e 2024 — valor equivalente ao que foi pago pela refinaria. Para críticos, isso representa uma “privatização a custo zero”, já que a companhia recuperou rapidamente o investimento inicial.
O Grupo Atem, em nota, rejeitou as acusações e afirmou que os dados usados no estudo do IBP seriam “inverídicos e desatualizados”.
Reações do governo e de sindicatos
O Sindipetro-AM protocolou denúncia no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), alegando descumprimento dos termos de privatização e práticas anticoncorrenciais. O Ministério de Minas e Energia (MME) também pediu providências ao Cade, destacando que o Norte hoje paga os preços mais altos de combustíveis no Brasil.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) realizou fiscalizações em junho e aplicou autos de infração, mas ainda não divulgou relatório final. Para os petroleiros, há indícios de que a refinaria foi descaracterizada, deixando de cumprir sua função estratégica na região amazônica.
Qual o impacto para o consumidor e para o mercado de energia?
A interrupção do refino no Amazonas afeta diretamente o bolso do consumidor. O transporte de petróleo por mais de duas semanas até São Paulo eleva custos logísticos e reduz a competitividade regional. Além disso, enfraquece a capacidade do estado de se consolidar como polo energético, mesmo possuindo reservas significativas em Urucu.
Especialistas avaliam que o caso expõe contradições da política de privatizações no setor energético. Enquanto outros estados recebem investimentos e infraestrutura, a Região Norte enfrenta risco de desabastecimento e preços acima da média.
O caso do petróleo de refinaria privatizada de Manaus reforça o debate sobre soberania energética, impacto social das privatizações e desigualdade regional no Brasil. Com o Amazonas pagando caro por combustíveis produzidos em seu próprio território, a discussão deve ganhar força em órgãos reguladores e no Congresso.
E você, acha que a privatização da refinaria trouxe mais prejuízos do que benefícios? Como resolver o problema do custo elevado dos combustíveis no Norte? Deixe sua opinião nos comentários — sua visão é importante nesse debate.
Única solução seria o governo retomar a refinaria
Privatização mal feita é pior que ineficiência estatal. Já a privatização bem feita, pode gerar inúmeros benefícios. Privatizar é diferente de entregar para monopólio privado. O setor teria melhorado se tivessem de fato incentivado a concorrência na região, que diversas empresas pudessem oferecer o serviço de fornecimento de refino. Que dividissem a refinaria em partes menores e vendessem a grupos empresariais distintos e concorrentes. Mas principalmente, com ampla verificação por parte do CADE e setores competentes para garantir que estejam cumprindo as regras sem realizar nenhum abuso ou obter vantagem em detrimento de prejuízo alheio exacerbado.
Me dá um exemplo de privatização bem feita que de fato reduziu o preço para o consumidor. Telefonia não vale pq o q barateou foi o acesso à tecnologia, não a privatização. Antes se comprava um notebook pelo equivalente a 20 mil reais, hj se compra por 3 mil e nao teve estatal x privado envolvidos. O acesso a telefone seria facilitado de qq forma.
Você perdeu uma ótima op5de ficar calado.
Essa a promessa de baixo preço de combustível para o brasileiro. Aqui na Bahia estamos sofrendo também o gosto amargo dessasprivatizações.