Exportações de petróleo da Venezuela subiram 27% em agosto, a 966.485 bpd, após uma licença restrita permitir que a Chevron retomasse embarques aos Estados Unidos. A China segue como principal destino, mas os EUA voltaram ao mapa.
A Venezuela encerrou agosto com o melhor desempenho em nove meses, impulsionada pela volta de cargas rumo ao Golfo do México e por maiores volumes para a Ásia. Segundo dados de rastreamento de navios e documentos internos, as exportações de petróleo venezuelano subiram para 966.485 barris por dia, patamar não visto desde novembro.
O movimento veio logo após o Departamento do Tesouro dos EUA conceder à Chevron uma licença restrita no fim de julho, reabrindo operações limitadas no país e permitindo exportações sob regras específicas, sem repasses ao governo venezuelano.
Com a autorização, navios fretados pela empresa voltaram a carregar petróleo venezuelano a partir de meados de agosto, e as importações americanas foram oficialmente retomadas na segunda quinzena do mês. Trata-se de um reforço marginal de oferta de petróleo pesado compatível com o perfil de várias refinarias do Golfo, ainda que as sanções financeiras permaneçam limitando fluxos de receitas ao governo.
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Retorno aos EUA com licença restrita da Chevron
A autorização concedida no fim de julho foi descrita como restrita porque veda transferências de recursos ao governo venezuelano, mas permite que a Chevron opere nas joint ventures e exporte petróleo, inclusive via swaps com a PDVSA.
Logo depois, petroleiros fretados pela companhia começaram a voltar aos terminais venezuelanos, sinalizando normalização operacional sob os novos termos.
Na segunda quinzena de agosto, os primeiros carregamentos com destino aos EUA foram confirmados, marcando a reentrada do petróleo venezuelano no mercado americano após cerca de quatro meses de pausa.
Exportações da Venezuela em agosto: 966.485 bpd e alta de 27 por cento
Em agosto, as exportações alcançaram 966.485 bpd, um salto de 27 por cento em relação a julho e o nível mais alto desde novembro. Esses números decorrem de uma combinação de logística mais fluida e da volta dos embarques à América do Norte.
A estabilidade operacional no Cinturão do Orinoco, sem interrupções relevantes nos sistemas de melhoramento e mistura, sustentou o aumento dos volumes exportáveis. Em contraste, julho havia registrado acomodação, enquanto parceiros aguardavam novas autorizações de Washington, o que conteve parte dos fluxos naquele mês.
Para onde foi o petróleo: China domina e os EUA voltam ao mapa
A China respondeu por 85 por cento dos envios de agosto, participação menor que os quase 95 por cento observados em julho, refletindo a diversificação dos destinos com a reabertura parcial do mercado americano.
Cerca de 60 mil bpd seguiram para os Estados Unidos, enquanto Cuba recebeu aproximadamente 29 mil bpd de petróleo e combustíveis, mantendo o padrão de fornecimento ao Caribe.
Houve ainda carregamentos de metanol com destino à Europa, o que ampliou a cesta de produtos exportados naquele mês.
Logística e mistura, mais diluentes para exportar petróleo pesado
Para tornar o petróleo pesado venezuelano exportável, o país elevou as importações de petróleo leve e nafta a 99 mil bpd em agosto, ante 58 mil bpd em julho, ampliando a oferta de blends como o Merey.
Além do petróleo cru e de combustíveis, as vendas externas somaram 275 mil toneladas métricas de subprodutos e petroquímicos, o maior volume desde maio.
Na prática, mais diluentes significam mais barris exportáveis, aliviando gargalos de escoamento e ajudando a elevar a receita em moeda forte das empresas envolvidas.
O que muda para o mercado e para os preços do petróleo
Embora relevante para refinarias que processam óleo pesado no Golfo do México, o retorno segue gradual e com impacto limitado no balanço global, como o próprio comando da Chevron antecipou ao falar em volumes iniciais não materiais para o trimestre.
A licença é restrita e bloqueia repasses ao governo, o que continua impondo freios às finanças públicas e à velocidade de expansão de projetos no país.
Se a estabilidade operacional for mantida e as autorizações permanecerem ativas, a tendência é de manutenção de volumes próximos a 900 mil bpd no curto prazo, com alívio pontual de oferta para os EUA e espaço para ajustes nos diferenciais de petróleo pesado.
E você, acha que a licença restrita para a Chevron e a volta dos barris venezuelanos aos EUA vão realmente mexer nos preços e no tabuleiro entre EUA e China ou é só fôlego temporário? Diga o que pensa nos comentários.