Petrobras amplia sua integração energética ao iniciar a importação de gás natural da Argentina. A operação com Vaca Muerta reforça a segurança do abastecimento e o fornecimento ao Brasil.
A Agência Petrobras anunciou nesta segunda-feira (6) que a estatal concluiu sua primeira importação de gás natural da Argentina, marcando um avanço estratégico na integração energética sul-americana.
O gás, extraído da formação de Vaca Muerta, foi transportado por gasodutos até a Bolívia e, de lá, ao Brasil. A operação envolveu 100 mil metros cúbicos de gás natural e foi realizada em parceria com a Pluspetrol e a subsidiária Petrobras Operaciones S.A. (POSA).
Expansão energética: Brasil se conecta à Argentina via Vaca Muerta
A operação representa um marco logístico e comercial para o setor energético brasileiro. A Petrobras, por meio da POSA, possui 33,6% de participação no campo de Rio Neuquén, na Argentina, onde se concentra a produção de gás não convencional. A integração das infraestruturas entre os países permite que o Brasil acesse diretamente o gás produzido em Vaca Muerta, considerada uma das maiores reservas de gás de xisto do mundo.
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Além disso, o contrato firmado prevê a possibilidade de importar até 2 milhões de metros cúbicos de gás natural na modalidade interruptível, ou seja, com fornecimento flexível conforme a demanda e disponibilidade.
Gás natural argentino: alternativa estratégica para a Petrobras
A chegada do gás natural da Argentina ao Brasil representa uma alternativa mais barata e estratégica para a indústria nacional. Com a queda na produção boliviana, o país buscava novas fontes para suprir sua demanda crescente. A formação geológica de Vaca Muerta, localizada na Bacia de Neuquén, é rica em gás e óleo de xisto, e tem sido explorada intensamente nos últimos anos.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Brasil produziu 160,8 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural em janeiro de 2025, mas reinjetou 55% desse volume nos poços, o que evidencia a necessidade de diversificar as fontes de abastecimento.
A importação da Argentina contribui para reduzir a dependência de fontes tradicionais e amplia a segurança energética nacional.
Infraestrutura e logística: gasodutos conectam Argentina, Bolívia e Brasil
A operação envolveu uma complexa rede de gasodutos que conecta Argentina, Bolívia e Brasil. O gás foi transportado inicialmente da Argentina até a Bolívia, utilizando a infraestrutura da estatal boliviana YPFB. De lá, seguiu para o Brasil, aproveitando a malha já existente que antes era usada para o gás boliviano.
Essa interconexão logística foi viabilizada por acordos comerciais entre Petrobras, Pluspetrol e Gas Bridge Comercializadora, além da colaboração com a YPFB. A diretora de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Angélica Laureano, destacou que a estratégia logística e comercial implementada viabiliza uma nova rota para a importação de gás natural pelo Brasil, reforçando o compromisso da empresa com o desenvolvimento sustentável do setor.
Vaca Muerta: potencial energético da Argentina
A formação de Vaca Muerta é considerada uma das maiores reservas de gás não convencional do planeta. O gás de xisto extraído da região tem sido uma aposta do governo argentino para impulsionar sua balança comercial energética. A técnica utilizada, conhecida como fracking (fraturamento hidráulico), permite a extração de gás preso entre rochas, embora envolva desafios ambientais significativos.
A produção crescente na Argentina, aliada à infraestrutura de transporte, posiciona o país como um fornecedor estratégico para o Brasil. Com políticas favoráveis ao mercado, o governo argentino tem incentivado exportações e atraído investimentos no setor energético.
Segundo dados da Secretaria de Energia da Argentina, Vaca Muerta já responde por cerca de 40% da produção total de gás do país, com expectativa de crescimento contínuo nos próximos anos.
Petrobras na Argentina: presença consolidada e estratégica
A Petrobras mantém operações de produção na Argentina por meio da POSA, com foco em campos como Rio Neuquén. A produção é majoritariamente oriunda de reservatórios não convencionais, como Punta Rosada e Lajas. Essa presença permite à estatal brasileira acessar diretamente o gás produzido em território argentino, sem depender exclusivamente de terceiros.
A operação de importação realizada em outubro de 2025 é resultado direto dessa presença estratégica, que viabiliza novas rotas comerciais e fortalece a segurança energética do Brasil.
Além disso, a Petrobras assinou em abril de 2024 um Memorando de Entendimentos com a estatal argentina Enarsa, visando estudos conjuntos no segmento de gás natural, o que reforça ainda mais a cooperação bilateral.
Iniciativa da Petrobras: impactos para o Brasil
A diversificação das fontes de gás natural é essencial para garantir a segurança energética do Brasil. Com a redução da produção boliviana e o aumento da demanda interna, o país precisa buscar alternativas competitivas e sustentáveis.
A importação de gás da Argentina via Vaca Muerta representa um passo importante para reduzir custos, ampliar a oferta e fortalecer a indústria nacional. Além disso, abre espaço para futuras parcerias e investimentos em infraestrutura energética, como novos gasodutos e terminais de distribuição.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o consumo de gás natural no Brasil cresceu 6,2% em 2024, impulsionado principalmente pelos setores industrial e de geração elétrica. A nova fonte de abastecimento pode contribuir para estabilizar preços e garantir suprimento contínuo.
Gás natural e integração regional: um novo capítulo para a América do Sul
A primeira importação de gás natural da Argentina pela Petrobras é um marco histórico para o setor energético brasileiro. A operação, viabilizada pela integração logística entre Argentina, Bolívia e Brasil, reforça a importância da cooperação regional e da diversificação de fontes.
Com o gás de Vaca Muerta, o Brasil ganha uma alternativa estratégica para suprir sua demanda, reduzir custos e fortalecer sua competitividade industrial. A presença da Petrobras na Argentina e os acordos comerciais firmados demonstram o compromisso da estatal com a segurança energética e o desenvolvimento sustentável.
Essa operação é apenas o começo de uma nova era de integração energética na América do Sul. A tendência é que novas importações ocorram conforme oportunidades comerciais sejam identificadas, consolidando a parceria entre os países e promovendo maior estabilidade no mercado de gás natural.



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