Petrobras manifesta preocupação com competitividade de usinas a gás em relação ao carvão no leilão de reserva de capacidade, previsto para 2026. Estatal defende nova tarifa de transporte e busca expandir atuação no biometano.
A Petrobras voltou a chamar atenção para os obstáculos enfrentados pelas termelétricas a gás natural no novo modelo do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), conforme entrevista dada ao Eixos nesta sexta-feira, 12/09. A principal preocupação da estatal é a competição direta com usinas a carvão, que agora foram incluídas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) na disputa prevista para março de 2026.
De acordo com a diretora de Transição Energética da Petrobras, Angelica Laureano, a exigência de contratos de longo prazo com transportadoras de gás pode reduzir a competitividade das térmicas. “Uma coisa que nos causou um pouco de espanto foi a questão do carvão junto com térmica na rede. Afinal, tem carvão importado que está competindo com térmica nacional”, afirmou.
Proposta da Petrobras: tarifa binômia no transporte de gás
Para contornar esse impasse, a companhia vai sugerir na consulta pública sobre as regras do leilão a implementação de uma tarifa binômia. Esse modelo prevê uma parte fixa menor e outra parcela mais alta apenas quando houver despacho das usinas.
-
Homem ganha US$ 4.000.000 por ano após achar petróleo no quintal
-
Rio de Janeiro sofre nova derrota no STF e continua sem poder cobrar ICMS sobre petróleo extraído em suas plataformas
-
Petrobras assina contratos estratégicos do Projeto Refino Boaventura e embarcações de apoio para sistemas submarinos, impulsionando indústria naval, logística offshore e empregos
-
China cria sistema paralelo para driblar sanções dos EUA e manter importações de petróleo iraniano
Na avaliação da estatal, essa medida seria fundamental para dar mais previsibilidade e equilíbrio aos projetos a gás, principalmente diante da pressão do carvão no certame.
A Petrobras já definiu seu plano de participação no LRCAP. A estatal deve entrar com 3,4 gigawatts (GW) em térmicas a gás. A maior parte corresponde a usinas já em operação que se aproximam do fim de seus contratos. O único projeto novo é a térmica do Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí (RJ), o antigo Comperj.
Vale lembrar que o leilão deveria ocorrer originalmente em junho de 2025. No entanto, acabou sendo suspenso após questionamentos judiciais sobre as regras iniciais. A reformulação apresentada pelo MME em agosto incluiu a divisão em dois certames e abriu espaço para projetos a carvão, medida que gerou críticas do setor elétrico e de ambientalistas.
Biometano: nova aposta da Petrobras para o mercado de gás
Além do foco nas termelétricas, a Petrobras também está expandindo sua atuação no segmento de biometano. Segundo Angelica Laureano, a empresa avalia parcerias com usinas de etanol e até projetos em aterros sanitários. A estratégia busca atender à Lei do Combustível do Futuro, que prevê a mistura de biometano ao gás natural a partir de 2026.
No entanto, a executiva defende que a regra não entre em vigor já em janeiro do próximo ano. Para ela, um prazo de transição seria necessário: “Começando em junho, julho, talvez isso seria mais confortável”, explicou.
Até o momento, a Petrobras já recebeu 90 propostas de suprimento envolvendo tanto a molécula quanto os certificados de biometano. A etapa de negociação deve ser finalizada até o fim de 2025, o que, segundo a estatal, permitirá cumprir a exigência inicial de 1% de adição do biometano ao gás natural.
Outro ponto de atenção da estatal está na possível importação de gás da Argentina, movimento que pode ampliar a oferta no Brasil e reduzir custos de geração. Além disso, a companhia acompanha as discussões sobre a revisão das tarifas de transporte, consideradas estratégicas para viabilizar novos investimentos em infraestrutura e manter a competitividade do gás frente a outras fontes.