Iniciativa busca fortalecer a soberania alimentar com produção interna e projetos inovadores da Embrapa e do setor privado
A Petrobras iniciou uma ofensiva estratégica para reverter a dependência brasileira de fertilizantes importados, especialmente os produzidos com ureia.
Durante a 5ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Fertilizantes (Confert), realizada em 22 de julho de 2025, na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a presidente da estatal, Magda Chambriard, destacou que a companhia investirá R$ 900 milhões entre 2025 e 2029.
As unidades industriais estão localizadas no Paraná, Bahia, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul.
Atualmente, aproximadamente 85% da ureia utilizada na agricultura brasileira é importada.
Isso torna o país vulnerável a oscilações externas.
Contudo, segundo Chambriard, essas novas fábricas devem atender até 35% da demanda nacional até 2028.
Esse avanço representa uma virada significativa na busca pela independência produtiva.
As unidades de Araucária (PR), Fafen (BA e ES) e UFN-III, em Três Lagoas (MS), são os principais focos dessa retomada.
Além disso, as obras devem gerar entre 13 mil e 15 mil empregos.
O impacto socioeconômico será ampliado conforme os projetos evoluírem.
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Conforme explicou a presidente, o foco não se limita à produção tradicional.
Há uma parceria estratégica com a Embrapa para desenvolver fertilizantes de alta eficiência.
Esses produtos incluem amônia, arla e ureia.
A iniciativa promove um mercado mais competitivo e sustentável.
Agricultura, petróleo e gás se unem em um plano de transformação produtiva
Durante o evento, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin reforçou que o Brasil vive um momento de crescimento expressivo na produção agrícola.
A estimativa para 2025 aponta uma safra 10% maior do que a de 2024.
Esse aumento amplia significativamente a demanda por insumos.
Nesse cenário, o uso intensivo de fertilizantes se torna inevitável.
Ao reduzir a importação e utilizar recursos energéticos locais, como o gás natural, a Petrobras transforma o desafio em oportunidade.
A estatal integra o setor agropecuário ao setor energético.
Essa convergência cria um ciclo produtivo mais sustentável e competitivo.
Chambriard afirmou que o gás nacional se torna mais viável com a demanda crescente.
A ureia é produzida a partir da amônia, que depende diretamente do gás natural.
O fortalecimento da cadeia de fertilizantes impulsiona toda a matriz energética brasileira.
Bioinsumos ganham espaço e recebem atenção estratégica do governo
O Confert aprovou, durante a reunião, 16 novos projetos para a Carteira de Projetos Estratégicos.
Desse total, 14 são da Embrapa, um do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e outro da iniciativa privada.
Dos projetos da Embrapa, 11 envolvem pesquisa e desenvolvimento em biofertilizantes, bioinsumos, bioestimulantes e bioinoculadores.
Um dos destaques é a criação de bactérias promotoras de crescimento para mudas florestais voltadas ao setor de celulose.
Esses avanços estão alinhados à Lei de Bioinsumos, sancionada em dezembro de 2024.
A norma regula desde a produção até o uso desses insumos naturais.
Ela também aborda a embalagem, propaganda, inspeção, transporte e destinação de resíduos.
Além disso, a lei incentiva a produção de bioinsumos para uso próprio por produtores rurais.
A legislação se aplica aos setores agrícola, pecuário, aquícola e florestal.
Setor privado avança com projetos em hidrogênio de baixo carbono
A empresa Prumo Logística, do setor privado, obteve aprovação para a estruturação de um Hub de Hidrogênio de Baixo Carbono no Porto do Açu (RJ).
O projeto busca criar um ecossistema industrial sustentável.
O foco está na produção de hidrogênio, amônia e metanol verdes.
Essa iniciativa está conectada aos investimentos da Petrobras em fertilizantes.
Tanto a amônia quanto a ureia são insumos agrícolas essenciais.
A integração desses polos fortalece a infraestrutura nacional.
Isso amplia a competitividade do país no mercado de energia limpa.
Além disso, ao investir em tecnologias de baixa emissão, o Brasil se alinha às metas climáticas globais.
O Porto do Açu pode se consolidar como referência latino-americana em energia sustentável.
Caminho para a autonomia agrícola passa pela industrialização nacional
As movimentações da Petrobras, do governo federal e do setor privado mostram, portanto, que o Brasil busca autonomia na produção de fertilizantes com prioridade estratégica.
Essa meta, por isso, será alcançada por meio de industrialização acelerada e incentivo contínuo à inovação tecnológica.
Além disso, com fábricas em expansão, regulamentação moderna e apoio à pesquisa, o país avança para reduzir sua dependência externa de insumos agrícolas.
Consequentemente, essas ações aumentam a produtividade e, ao mesmo tempo, garantem o fornecimento estável de insumos essenciais ao campo.
Por essa razão, a estratégia adotada fortalece setores como energia, logística, meio ambiente e agropecuária de forma integrada.
Desse modo, os impactos devem ser significativos no longo prazo, principalmente na segurança e na competitividade econômica.
Ao integrar tecnologia, investimento e sustentabilidade, o Brasil se posiciona, portanto, como referência global em inovação agrícola.
Com isso, o país amplia sua soberania produtiva em um dos mercados mais estratégicos do mundo.