A Petrobras avança no pré-sal com a nova plataforma P-91, em Búzios, que promete exportar até 7 milhões de m³ de gás por dia e produzir 180 mil barris de petróleo diários. O projeto aproveita a capacidade do Rota 3 e marca um passo estratégico na expansão da produção de energia do Brasil.
A Petrobras confirmou nesta quinta-feira (23) um importante avanço em sua estratégia de expansão no pré-sal. A nova plataforma P-91, que será instalada no campo de Búzios, na Bacia de Santos, terá capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo por dia e 12 milhões de metros cúbicos de gás natural. Parte desse volume será reinjetada, enquanto o restante será exportado diretamente para a costa, com expectativa entre 6 milhões e 7 milhões de m³/dia.
A unidade será um hub estratégico para exportação de gás, integrando também outras plataformas do campo que não foram originalmente projetadas para essa finalidade. A aposta da estatal é transformar Búzios em um dos maiores polos de produção de gás e petróleo do país, ampliando a eficiência do escoamento e reduzindo custos operacionais.
Estratégia inteligente: expansão sem novos investimentos em gasodutos
O gerente executivo de Programas Estruturantes da Petrobras, Wagner Victer, destacou que o projeto foi desenvolvido para aproveitar a folga existente no gasoduto Rota 3, sem a necessidade de novas obras de infraestrutura. Essa estratégia permitirá que a produção atinja o limite máximo da capacidade do sistema já existente.
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“A grande sacada é que vai produzir no limite e caber dentro do espaço do Rota 3… Não precisa fazer UPGN [unidade de processamento] em terra nem gasoduto. É a grande sacada do projeto”, afirmou Victer, em entrevista após o evento Diálogos da Transição 2025, promovido pela Agência Eixos em parceria com a Firjan.
A decisão representa um movimento de otimização operacional, garantindo ganhos econômicos e ambientais ao evitar a construção de novas estruturas de transporte e processamento.
Petrobras aposta em modelo BOT para nova fase do pré-sal
A construção do FPSO Búzios 12 (P-91) será contratada sob o modelo BOT (Build-Operate-Transfer), no qual a empresa vencedora da licitação será responsável pelo projeto, construção, montagem e operação da unidade por um período inicial, antes de transferir o controle à Petrobras.
Esse formato traz maior agilidade e previsibilidade aos investimentos, ao mesmo tempo em que reduz riscos operacionais. As empresas interessadas terão 180 dias para enviar suas propostas, e o conteúdo local mínimo exigido é de 25%, o que reforça o compromisso da estatal com o desenvolvimento da cadeia produtiva nacional.
A P-91 será conectada a 16 poços, sendo oito produtores e oito injetores alternados de água e gás, consolidando-se como uma das plataformas mais modernas e eficientes da Petrobras.
Extensão dos contratos do pré-sal estimula novos investimentos
A recente decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de permitir a renovação dos contratos de partilha do pré-sal por mais 27 anos trouxe um novo fôlego para o setor. Apesar de o projeto da P-91 já estar em desenvolvimento antes da publicação do Decreto 12.153/2024, Victer reconheceu que a medida gera um impacto positivo no ambiente de negócios.
“A prorrogação traz externalidades positivas inegáveis para novos investimentos e muda o comportamental das operadoras dos ativos”, destacou o executivo.
Ele reforçou ainda que, sem a extensão, haveria o risco de descontinuidade a longo prazo. “As próprias empresas iam parar de fazer investimento. Com mais tempo, começam a investir mais cedo para extensão da vida útil da unidade”, completou.
Essa perspectiva contribui para atrair novos parceiros e ampliar a competitividade do setor, fortalecendo o papel da Petrobras como protagonista na exploração do pré-sal.
P-91 e o Complexo de Energias Boaventura: integração estratégica no estado do Rio
O gás natural produzido e exportado pela P-91 será direcionado ao Complexo de Energias Boaventura, localizado em Itaboraí (RJ), uma das principais bases de processamento da Petrobras. A integração entre o campo de Búzios e o complexo reforça a logística energética fluminense, ampliando a capacidade de escoamento e otimizando o uso do gás do pré-sal.
Essa conexão estratégica posiciona o estado do Rio de Janeiro como epicentro das operações da companhia, tanto na produção de petróleo quanto no processamento e distribuição de gás natural.
Búzios: o campo que simboliza o futuro da produção de petróleo brasileira
Operado majoritariamente pela Petrobras, com 88,89% de participação, o campo de Búzios conta ainda com a presença das empresas chinesas CNPC (3,67%) e CNOOC (7,34%). A nova fase do projeto reforça a parceria internacional no desenvolvimento do pré-sal e amplia a integração tecnológica entre Brasil e China.
Búzios é hoje o maior campo produtor de petróleo e gás do Brasil e símbolo do potencial energético da camada pré-sal. A chegada da P-91 deve elevar ainda mais sua relevância econômica, contribuindo para o aumento das exportações e o fortalecimento da matriz energética nacional.
A aposta da Petrobras no campo demonstra a confiança na rentabilidade do pré-sal e na viabilidade de produção de gás em larga escala, mesmo diante de desafios logísticos e ambientais.



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