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Pesquisadores da Universidade de Oxford detectam calor inesperado em Encélado, a lua gelada de Saturno que pode ser o lar mais promissor para vida alienígena

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/11/2025 às 09:32
Encélado revela calor no polo norte e reforça possibilidade de vida com oceano subterrâneo estável, segundo estudo liderado por Oxford e NASA
Encélado revela calor no polo norte e reforça possibilidade de vida com oceano subterrâneo estável, segundo estudo liderado por Oxford e NASA
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Descoberta feita com dados da sonda Cassini revela que o polo norte de Encélado também libera calor, indicando equilíbrio energético e sustentação de um oceano subterrâneo salgado capaz de manter vida

Cientistas descobriram que Encélado, uma das luas de Saturno, possui a estabilidade de longo prazo necessária para o desenvolvimento da vida. Um novo estudo revelou a primeira evidência de fluxo de calor significativo no polo norte da lua, derrubando suposições anteriores de que a perda de calor se concentrava apenas no polo sul, conhecido por sua intensa atividade geológica.

A descoberta indica que Encélado emite muito mais calor do que se esperava de um corpo gelado passivo, fortalecendo a hipótese de que ela possa abrigar algum tipo de vida.

Um mundo subterrâneo ativo e promissor

Encélado é um corpo altamente ativo, com um oceano subterrâneo global e salgado, que parece ser a principal fonte do calor detectado. A presença de água líquida, combinada a elementos químicos como fósforo e hidrocarbonetos complexos, faz de seu oceano subterrâneo um dos ambientes mais promissores do sistema solar para o surgimento e a manutenção da vida.

O estudo foi conduzido por uma equipe de cientistas da Universidade de Oxford, do Southwest Research Institute e do Planetary Science Institute, em Tucson, no Arizona. Os pesquisadores ressaltam que a vida só seria possível se o ambiente subterrâneo da lua permanecer estável ao longo do tempo, com equilíbrio entre a energia que recebe e a que perde.

Esse equilíbrio é mantido pelo chamado aquecimento de maré, fenômeno causado pela gravidade de Saturno. O planeta exerce uma força que estica e comprime Encélado durante sua órbita, gerando calor interno. Caso a lua perdesse energia, sua superfície ficaria inativa e o oceano poderia congelar. Se, ao contrário, o ganho de energia fosse excessivo, a atividade aumentaria a ponto de alterar drasticamente o ambiente oceânico.

Encélado: um dos principais alvos na busca por vida

“Encélado é um alvo fundamental na busca por vida fora da Terra, e entender a disponibilidade de sua energia a longo prazo é essencial para determinar se ele pode sustentar a vida”, explicou a Dra. Georgina Miles, do Southwest Research Institute e cientista visitante no Departamento de Física da Universidade de Oxford, autora principal do artigo.

Até agora, as medições diretas da perda de calor da lua tinham sido feitas apenas no polo sul, onde jatos de gelo e vapor d’água são lançados por fendas profundas na superfície. O polo norte, por outro lado, era considerado geologicamente inativo.

Utilizando dados coletados pela sonda Cassini, da NASA, os cientistas compararam imagens e medições térmicas da região norte em dois períodos: durante o inverno de 2005 e no verão de 2015. Essa comparação permitiu estimar a quantidade de energia que o oceano subterrâneo, com temperatura próxima de 0°C, libera ao atravessar uma espessa camada de gelo, cuja superfície atinge cerca de -223°C, antes de irradiar o calor para o espaço.

Sustentabilidade térmica reforça chances de vida

“Compreender a quantidade de calor que Encélado está perdendo em nível global é crucial para saber se ele pode sustentar a vida”, destacou a Dra. Carly Howett, coautora do estudo e pesquisadora do Departamento de Física de Oxford e do Instituto de Ciências Planetárias, em Tucson.

Ela acrescentou que os novos resultados apontam para uma sustentabilidade térmica duradoura, algo considerado um dos principais requisitos para o surgimento da vida. “É realmente empolgante que este novo resultado apoie a sustentabilidade a longo prazo de Encélado, um componente crucial para o desenvolvimento da vida”, afirmou.

Os cientistas planejam agora determinar há quanto tempo o oceano subsuperficial existe. Essa informação é essencial para estimar se a lua teve tempo suficiente para que processos biológicos pudessem se desenvolver. Até o momento, a idade do oceano de Encélado permanece incerta.

Camada de gelo pode chegar a quase 30 km de profundidade

Além das descobertas sobre o fluxo de calor, o estudo demonstrou que os dados térmicos podem ajudar a estimar a espessura da camada de gelo que cobre o oceano. Essa métrica é considerada fundamental para futuras missões espaciais que planejam explorar o interior da lua, talvez por meio de sondas robóticas ou submersíveis especializados.

As medições indicam que o gelo tem entre 20 e 23 quilômetros de espessura no polo norte e uma média de 25 a 28 quilômetros em todo o globo. Esses números são ligeiramente superiores às estimativas obtidas por técnicas anteriores de sensoriamento remoto e modelagem.

O resultado fornece uma nova referência para modelos que buscam entender como o aquecimento das marés, a estrutura interna e a evolução de longo prazo do oceano de Encélado estão interligados.

Essas descobertas fortalecem a visão de que a lua de Saturno é um dos lugares mais promissores para futuras investigações sobre a existência de vida fora da Terra, mantendo-se no centro das prioridades científicas das próximas missões espaciais.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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