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Perfumes, makes e alimentos: por que os dupes estão dominando o consumo em 2025

Escrito por Ana Alice
Publicado em 24/07/2025 às 18:12
Produtos “dupes” ganham força com preços mais acessíveis e qualidade similar às marcas líderes, e desafiam a lealdade do consumidor. (Imagem: Reprodução/IA)
Produtos “dupes” ganham força com preços mais acessíveis e qualidade similar às marcas líderes, e desafiam a lealdade do consumidor. (Imagem: Reprodução/IA)
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Cada vez mais populares, os produtos “dupes” alternativas acessíveis e similares a itens de marcas famosas estão mudando a forma como o consumidor vê o valor e a originalidade no setor de bens de consumo.

O que são os “dupes” e por que se tornaram populares

“Dupes” são produtos que imitam a qualidade, aparência ou desempenho de marcas famosas, mas com preços mais acessíveis.

O termo vem de “duplicates” — duplicatas — e se refere a itens inspirados, não falsificados.

Eles não tentam enganar o consumidor usando o nome ou logotipo da marca original, mas entregam resultados semelhantes por um custo menor.

No Brasil e no mundo, os dupes se tornaram febre, especialmente em setores como cosméticos, perfumaria, alimentos e moda.

Segundo levantamento da NielsenIQ, o interesse por produtos alternativos aumentou mais de 40% entre 2023 e 2025, impulsionado pela inflação, redes sociais e o crescimento das marcas próprias dos varejistas.

Consumidores buscam valor, e os dupes entregam exatamente isso: experiência semelhante por menos.

Redes sociais aceleram a fama dos produtos inspirados

A explosão do TikTok, Instagram Reels e YouTube Shorts ajudou a consolidar os dupes no mercado global.

Influenciadores criam vídeos comparando produtos premium com suas versões mais baratas, como batons, perfumes, cremes, tênis e até alimentos.

Expressões como “vale o dupe?” e “melhor que o original?” se tornaram comuns em conteúdos virais.

Essa validação social deu legitimidade ao consumo de alternativas mais acessíveis, tirando o estigma de “imitação barata”.

Além disso, marcas próprias de grandes redes varejistas, como Renner, Drogasil, Boticário e até supermercados, passaram a investir pesado em design, marketing e qualidade para competir diretamente com as líderes de mercado.

Marcas tradicionais sentem o impacto direto

A ascensão dos dupes abalou a lealdade dos consumidores às grandes marcas.

Segundo a consultoria EY-Parthenon, mais de 35% dos brasileiros afirmam que trocariam uma marca conhecida por uma mais barata, se a qualidade fosse parecida.

Essa mudança de comportamento representa um desafio real para empresas consolidadas.

O conceito de valor foi redesenhado: preço, performance e reputação agora andam juntos.

As marcas líderes precisam reforçar sua proposta de valor, investir em inovação e contar histórias autênticas que criem conexão emocional com o público.

Produtos mais copiados do mercado

Alguns setores se destacam entre os mais impactados pelo fenômeno dos dupes.

Em perfumaria, por exemplo, marcas como Zara, Mahogany e Alchemia vendem fragrâncias que lembram perfumes de grife como Chanel, Dior e Carolina Herrera.

Na maquiagem, linhas acessíveis como Ruby Rose, Bruna Tavares e Mari Maria lançaram versões similares aos produtos da MAC, Fenty Beauty ou Charlotte Tilbury.

Nos alimentos, chocolates, molhos, snacks e refrigerantes também têm versões genéricas com sabor e textura semelhantes às marcas líderes.

O consumidor, cada vez mais informado e exigente, sabe comparar e decidir com base na experiência e custo-benefício.

Dupes não são falsificações — e isso faz toda a diferença

É importante destacar que dupes são legais e não devem ser confundidos com produtos falsificados.

Falsificações usam nomes, embalagens e logotipos idênticos aos originais, o que é crime.

Os dupes, por outro lado, se inspiram em marcas conhecidas, mas vendem sob rótulos próprios, com posicionamento claro e marketing honesto.

Essa distinção é essencial para a credibilidade do segmento e evita confusão com produtos pirateados.

A legalidade e transparência dos dupes contribuem para seu crescimento e aceitação social.

O futuro das marcas diante dos dupes

O crescimento dos dupes desafia a lógica do mercado tradicional.

Em vez de lutar contra eles, muitas empresas estão se adaptando — criando linhas mais acessíveis dentro de suas próprias marcas ou adquirindo concorrentes que oferecem produtos similares.

Um exemplo recente é o aumento de marcas como a The Ordinary, que entrega produtos de skincare com preços justos e ingredientes eficazes, conquistando mercado sem depender do luxo.

Outras investem em tecnologia, embalagens sustentáveis e experiências personalizadas para se diferenciar.

A estratégia agora envolve conquistar pela confiança, transparência e valor real — não apenas pelo nome.

Por que os dupes chegaram para ficar

Os dupes atendem a uma demanda moderna: produtos funcionais, desejáveis e acessíveis.

Em tempos de incerteza econômica, consumidores buscam escolhas inteligentes e equilibradas.

A digitalização acelerou o acesso à informação e comparações entre produtos.

Marcas genéricas e alternativas deixaram de ser uma segunda opção e passaram a ser a primeira escolha para milhões de pessoas.

Segundo o relatório da Euromonitor (2025), a tendência de consumo de marcas próprias e inspiradas deve continuar crescendo até pelo menos 2030, principalmente nos mercados emergentes.

Para o consumidor, o importante é sentir-se satisfeito com o que comprou — e, nesse cenário, os dupes entregam mais do que o prometem.

Os dupes representam muito mais do que economia.

Eles simbolizam uma mudança de mentalidade sobre o consumo, onde valor percebido, qualidade e autenticidade estão no centro da decisão de compra.

Grandes marcas precisam se reinventar para permanecerem relevantes em um mercado onde o acesso, a transparência e o custo-benefício falam mais alto.

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Ana Alice

Redatora e analista de conteúdo. Escreve para o site Click Petróleo e Gás (CPG) desde 2024 e é especialista em criar textos sobre temas diversos como economia, empregos e forças armadas.

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