Pedra mais rara que o diamante, o Red Beryl de Utah vale até US$ 10 mil por quilate e só é encontrado em um ponto do planeta, nas remotas Wah Wah Mountains.
No árido deserto de Utah, nos Estados Unidos, entre montanhas de basalto e formações vulcânicas que parecem saídas de outro mundo, ocorre um fenômeno geológico tão raro que desafia até os caçadores de pedras preciosas mais experientes. Trata-se do Red Beryl, também conhecido como bixbita, uma gema de coloração vermelho-intensa e brilho vítreo que, segundo o Utah Geological Survey, é 100 mil vezes mais rara que o diamante.
Enquanto os diamantes podem ser encontrados em dezenas de países, o Red Beryl só existe em três locais conhecidos do planeta e apenas um deles, o Wah Wah Mountains, em Utah, produz exemplares em qualidade gemológica, ou seja, suficientemente perfeitos para lapidação e uso em joias. Por essa raridade, cada quilate dessa pedra pode alcançar valores de até US$ 10 mil no mercado internacional, ultrapassando o preço médio de um diamante de mesmo peso.
Uma descoberta que desafia a geologia mundial
O Red Beryl foi identificado pela primeira vez em 1904 pelo mineralogista Maynard Bixby, de onde vem o nome original, “bixbita”. Ele o encontrou nas montanhas Thomas Range, também em Utah, mas as amostras eram pequenas demais para lapidação. Só décadas depois, nas montanhas Wah Wah, os geólogos descobriram cristais de qualidade gema, perfeitos, transparentes e de cor rubi.
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Diferente das esmeraldas (berilo verde), das águas-marinhas (berilo azul) e das morganitas (berilo rosa), o Red Beryl é o único tipo da família dos berilos com coloração natural vermelha intensa.
Sua formação é um verdadeiro acidente geológico: a gema nasce apenas em locais onde gases vulcânicos ricos em manganês infiltram-se em cavidades de rochas riolíticas, sob condições exatas de temperatura e pressão.
“É como se o planeta tivesse que alinhar todos os fatores certos — calor, pressão, elementos químicos e tempo para que um único cristal de Red Beryl pudesse existir”, explicou Jim Smallwood, geólogo do Departamento de Recursos Naturais de Utah. “E isso acontece em pouquíssimos lugares da Terra.”
Valor que supera diamantes e rubis
Para colecionadores e joalheiros, o Red Beryl é o “santo graal” das gemas. Um cristal de apenas 1 quilate pode valer entre US$ 8 mil e US$ 10 mil, enquanto exemplares lapidados de alta pureza já atingiram leilões de mais de US$ 100 mil.
A escassez é tamanha que, segundo o Gemological Institute of America (GIA), para cada 150 mil diamantes extraídos, apenas um cristal de Red Beryl de qualidade é encontrado. Estima-se que menos de 8.000 quilates lapidáveis foram extraídos desde o início da exploração em Utah, o que torna a pedra uma raridade absoluta.
O colecionador americano John A. Burgess, dono de uma das maiores amostras já encontradas, descreveu a gema como “a combinação perfeita entre fogo e sangue cristalizados”.
A mina que guarda o tesouro vermelho
O único ponto ativo de extração do Red Beryl é a Red Beryl Mine, localizada no coração das Wah Wah Mountains, uma cadeia montanhosa isolada ao sudoeste de Utah.
O acesso é difícil e as operações de mineração são minuciosas: a rocha riolítica precisa ser cuidadosamente quebrada à mão, centímetro por centímetro, para não destruir os frágeis cristais.
A mineração é feita em pequena escala, sob licenças controladas pelo Bureau of Land Management (BLM), e parte das amostras vai diretamente para museus e laboratórios de gemologia. O governo americano classifica o Red Beryl como um “recurso mineral de importância científica e patrimonial”, devido à sua escassez global.
Devido à alta demanda e baixíssima oferta, o Red Beryl tornou-se alvo de falsificações, especialmente no mercado online. O GIA alerta que muitos anúncios vendem espinélios vermelhos, rubelitas e topázios tingidos como se fossem Red Beryl, o que só pode ser confirmado por análise laboratorial.
Símbolo de poder e exclusividade
O fascínio pelo Red Beryl não é recente. Desde que joalheiros começaram a usá-lo em coleções exclusivas, a pedra ganhou status de símbolo de luxo extremo e poder econômico. Grandes marcas como Tiffany & Co. e Graff já apresentaram peças experimentais com fragmentos autênticos da gema, sempre acompanhadas de certificados de origem.
Devido à sua raridade, poucas joias foram produzidas com Red Beryl em todo o mundo. As peças conhecidas estão avaliadas em centenas de milhares de dólares e costumam integrar coleções privadas de famílias reais e investidores em pedras preciosas.
O brilho vermelho, quase hipnótico, é resultado do manganês presente na estrutura cristalina. Sob luz natural, o Red Beryl reflete tons que vão do vermelho-cereja ao magenta profundo, mudando de tonalidade conforme o ângulo.
Um tesouro escondido no deserto
O que torna essa gema ainda mais especial é o contraste entre seu valor e o ambiente em que é encontrada: o deserto seco e isolado de Utah. A paisagem árida, repleta de rochas vulcânicas e pouca vegetação, esconde um dos materiais mais caros e raros do planeta, um verdadeiro tesouro escondido sob o solo americano.
A história do Red Beryl lembra o quanto a natureza é capaz de criar maravilhas improváveis em lugares aparentemente estéreis. Mesmo após mais de um século desde sua descoberta, os cientistas acreditam que a mina de Wah Wah ainda possa conter cristais não revelados, talvez ainda mais perfeitos e valiosos.
Como disse o geólogo George Rossman, do Caltech Institute of Mineralogy: “Encontrar um Red Beryl é como ganhar na loteria da Terra. A diferença é que a chance é ainda menor.”


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