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PEC da aposentadoria levanta poeira em Brasília e pode abrir rombo histórico de R$ 24,7 bilhões

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 09/10/2025 às 17:04
Agente de saúde aposentado em frente a pilhas de dinheiro em chamas, simbolizando o rombo bilionário causado pela nova PEC da aposentadoria.
Imagem ilustrativa mostra um agente de saúde no momento da aposentadoria, enquanto o dinheiro ao fundo representa o aumento das despesas e o rombo previdenciário estimado em R$ 24,7 bilhões.
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Texto aprovado na Câmara em outubro de 2025 reduz idade mínima, amplia benefícios e acende alerta fiscal no Ministério da Previdência

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera as regras de aposentadoria dos agentes de saúde e de combate às endemias virou o novo foco de tensão política em Brasília.
Aprovada pela Câmara dos Deputados em 7 de outubro de 2025, a proposta pode gerar impacto mínimo de R$ 24,72 bilhões em dez anos, segundo o Ministério da Previdência Social.

De acordo com o órgão, as receitas atuais somam R$ 22,92 bilhões, enquanto as despesas chegam a R$ 82,38 bilhões, gerando déficit de R$ 59,46 bilhões.
Com a nova PEC, as receitas caem para R$ 16,98 bilhões e as despesas sobem para R$ 101,16 bilhões, elevando o rombo total para R$ 84,18 bilhões.
O acréscimo estimado de R$ 24,72 bilhões acende o alerta no governo federal e preocupa técnicos da área econômica.

O Ministério da Previdência alerta que o impacto pode crescer se forem aplicadas as regras de transição e ampliada a paridade para aposentados.
Essas condições, segundo a pasta, agravam o desequilíbrio financeiro a curto, médio e longo prazos, afetando o planejamento previdenciário do país.

Mudanças diretas na aposentadoria e nas regras de transição

A nova PEC reduz a idade mínima para aposentadoria de agentes de saúde para 57 anos no caso das mulheres e 60 anos para os homens.
Ambos precisarão comprovar 25 anos de contribuição, conforme o texto aprovado.
Além disso, o projeto cria regras de transição até 2041, estabelecendo que, nos primeiros cinco anos, mulheres poderão se aposentar aos 50 anos e homens aos 52 anos.
Essa idade aumentará gradualmente até atingir o limite definitivo.

O texto também restabelece integralidade — o pagamento total da remuneração do cargo — e paridade, com reajustes iguais aos servidores ativos.
Esses benefícios se aplicam aos que ingressaram antes da promulgação da emenda.
Por outro lado, a PEC proíbe contratações temporárias e terceirizadas, salvo em situações de emergência em saúde pública.
Todos os agentes deverão ser efetivados até 31 de dezembro de 2028, conforme o cronograma legal aprovado.

Estimativas de déficit e impactos municipais

O Ministério da Previdência calcula que o déficit atuarial causado pela PEC pode chegar a R$ 28,72 bilhões.
O valor considera taxa de desconto de 5% ao ano e horizonte de 75 anos de obrigações.
Contudo, especialistas independentes projetam impacto superior a R$ 50 bilhões, caso novas concessões sejam adicionadas.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM), em nota divulgada em 9 de outubro de 2025, estima impacto ainda maior.
Segundo a entidade, o custo pode alcançar R$ 69,9 bilhões, considerando a antecipação média de oito anos na aposentadoria e o aumento das despesas futuras.
A CNM informou que atuará no Senado Federal para tentar barrar o texto, alertando que a medida pode causar colapso nos orçamentos municipais e comprometer o sistema público de saúde.

Reações políticas e disputas entre os Poderes

Nos bastidores, técnicos do governo classificam a PEC como uma pauta-bomba.
Eles afirmam que a proposta anula parte dos avanços obtidos com a reforma da previdência de 2019 e estimula pressões de outras categorias.
Além disso, integrantes da equipe econômica consideram que o texto dificulta o cumprimento das metas fiscais e eleva a rigidez do orçamento público.

Fontes da base aliada afirmam que a aprovação teve forte motivação política.
O episódio ocorreu logo após a queda da Medida Provisória tributária, em 8 de outubro de 2025, que previa aumento de tributos e poderia gerar R$ 35 bilhões em arrecadação no ano seguinte.
Deputados do Centrão admitem que o movimento foi uma resposta ao Planalto e teve peso eleitoral de olho em 2026.

O relator da PEC, deputado Antônio Brito (PSD-BA), nega que se trate de uma pauta-bomba.
Ele diz que o custo real é de R$ 5,5 bilhões em cinco anos, e afirma que a proposta representa “reconhecimento à categoria que sustentou o país durante a pandemia”.
O Partido dos Trabalhadores (PT) apoiou o texto, e o governo liberou a bancada, dividindo opiniões dentro da base aliada.

Incerteza no Senado e risco de ampliação do impacto

Agora, a proposta segue para o Senado Federal, onde enfrentará forte resistência política e técnica.
Senadores sinalizam a intenção de excluir as regras de integralidade e paridade, classificadas como as de maior impacto fiscal.
Esses dispositivos haviam sido eliminados pela reforma previdenciária de 2003, durante o primeiro governo Lula.

Mesmo assim, técnicos da Previdência alertam que, sem compensações financeiras, o texto continuará gerando aumento expressivo de gastos públicos.
Economistas consideram que o país precisará escolher entre sustentar privilégios ou proteger o equilíbrio das contas previdenciárias.
Com impacto estimado em R$ 24,72 bilhões e risco de efeito cascata, a PEC se tornou um dos maiores desafios fiscais de 2025.

Diante desse impasse, resta a dúvida: será que o Senado conseguirá frear a pressão política e evitar que o rombo previdenciário cresça ainda mais?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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