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Países frios são mais ricos? Estudo revela curiosidades surpreendentes sobre clima, IDH e economia no mundo

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 24/10/2025 às 18:37
Países frios são mais ricos? Estudo revela curiosidades surpreendentes sobre clima, IDH e economia no mundo
Fonte: IA
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O clima influencia o desenvolvimento? Descubra curiosidades e dados sobre como temperatura, IDH e economia se conectam no mundo.

Países frios são realmente mais desenvolvidos? Entenda o debate

A relação entre clima, economia e desenvolvimento humano desperta curiosidade há séculos. A teoria de que países frios seriam mais produtivos e ricos ganhou força ainda no século 18, mas o assunto continua atual.

Recentes análises sobre países desenvolvidos e seus índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) reacenderam a discussão. Afinal, será que o frio realmente favorece a economia — ou há outros fatores por trás dessa diferença global?

De Montesquieu à atualidade: como o clima entrou no debate econômico

A ideia não é nova. No clássico O Espírito das Leis (1748), o filósofo francês Montesquieu defendeu que pessoas em regiões frias seriam mais “fortes e disciplinadas” devido às condições adversas. Segundo ele, o ar frio aumentava a vitalidade e estimulava o trabalho, enquanto o calor traria “preguiça e prazer fácil”.

Porém, estudiosos atuais destacam que essa visão reflete o contexto histórico da época. O ex-ministro da Educação e filósofo Renato Janine Ribeiro, por exemplo, alerta que o debate sobre clima e riqueza precisa ser lido com cautela.
“Mesmo assim, há pontos interessantes, como o fato de países quentes historicamente apresentarem governos mais autocráticos”, observa.

Dados mostram correlação entre clima e riqueza — mas não explicam tudo

Pesquisas modernas confirmam que existe, sim, uma correlação entre o clima e o nível de desenvolvimento econômico. O economista Victor Rangel, do Insper, analisou gráficos que relacionam PIB per capita e temperatura média.
“Há uma relação clara: quanto mais quente o país, menor tende a ser a produtividade”, explicou.

De fato, os números impressionam. O PIB per capita da Noruega, com média anual de 16°C, é de US$ 87,9 mil, enquanto na Espanha, onde a média supera 21°C, cai para US$ 33,5 mil. Já na América Latina, mais próxima da linha do Equador, o valor médio é de apenas US$ 10,7 mil.

Da mesma forma, o IDH confirma essa tendência. Países como Suécia (0,96) e Reino Unido (0,95) estão entre os mais desenvolvidos, enquanto nações próximas ao Equador, como Honduras (0,65) e Índia (0,69), apresentam índices bem menores.

Clima ou história? Especialistas defendem uma análise mais profunda

Apesar dos dados, os economistas alertam: correlação não é causalidade. Para Rangel, fatores históricos e sociais pesam muito mais do que a temperatura.
“Não dá para ignorar o papel da colonização europeia. Onde os colonizadores se estabeleceram, criaram instituições mais inclusivas. Onde exploraram, deixaram desigualdade e atraso”, explica.

A economista Silvia Matos, da FGV-SP, reforça o argumento. “O que realmente define o desenvolvimento é a educação e a capacidade de criar instituições democráticas e inovadoras”, diz.

Instituições inclusivas: o segredo das economias fortes

Pesquisadores como Daron Acemoglu e James Robinson, autores do livro Por que as Nações Fracassam, defendem que o sucesso econômico depende da participação social nas decisões políticas.

Segundo eles, países com instituições inclusivas — que garantem direitos, igualdade e acesso ao mercado — prosperam mais. Já os que concentram poder e riqueza nas mãos de poucos, chamados de extrativistas, ficam estagnados.

Esse modelo explica por que países ricos em recursos, como Nigéria ou Venezuela, enfrentam crises, enquanto Austrália e Canadá, com instituições democráticas, seguem entre as economias mais sólidas do mundo.

Países quentes e ricos também existem — mas são exceções

Nem todo país quente é pobre. O Catar, por exemplo, tem PIB per capita de US$ 80 mil, quase o mesmo da Noruega, graças à exportação de petróleo e gás. Mas, como destaca Rangel, “se retirássemos o petróleo, a história seria outra”.

Outro exemplo é Botsuana, na África. Com PIB per capita de US$ 7,8 mil, supera vizinhos mais pobres porque investiu em educação e governança ética, segundo a economista Silvia Matos.

Por outro lado, casos como as duas Coreias mostram que o clima não é determinante: com território e temperatura semelhantes, o Sul se tornou potência tecnológica, enquanto o Norte segue isolado e pobre.

O que realmente define um país desenvolvido

Para os historiadores, o segredo do desenvolvimento está na forma como cada nação distribui sua riqueza. O professor Horácio Gutiérrez, da USP, lembra que civilizações pré-coloniais nas Américas já eram prósperas e organizadas muito antes da Europa.

Além disso, o antropólogo Dario Mayta destaca o impacto da colonização e da escravidão, que deixaram marcas profundas na economia de países tropicais. “Essas desigualdades históricas ainda moldam o IDH e o crescimento econômico”, afirma.

Clima ajuda, mas instituições e educação são decisivas

Em resumo, os números mostram uma tendência: países frios concentram mais riqueza e alto IDH, mas isso não significa que o clima seja a causa.

Por trás das nações mais prósperas, há instituições democráticas, investimento em educação, inovação e igualdade de oportunidades. O frio pode até inspirar produtividade — mas o verdadeiro motor do desenvolvimento é a forma como cada sociedade decide crescer.

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Elisabeth Hays
Elisabeth Hays
24/10/2025 18:48

Excellent article — the FAQs section was particularly useful.

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia, Geopolítica, Economia. Apaixonada por leitura e escrita.

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