Em agosto de 2025, o Chile ultrapassou a China e ficou na 2ª posição entre os destinos da carne suína brasileira. Saiba por que isso ocorreu e qual a tendência para o setor.
O Brasil embarcou 121,4 mil toneladas de carne suína (in natura e processada) em agosto de 2025, alta de 2,8% sobre agosto de 2024. A receita somou US$ 294,9 milhões, avanço de 6,7% na mesma comparação, segundo a ABPA.
No ranking de destinos do mês, as Filipinas lideraram com 33,4 mil toneladas, o Chile apareceu em 2º, com 13,3 mil toneladas e a China ficou em 3º, com 10,3 mil toneladas. Japão, México, Hong Kong e Vietnã vieram na sequência. O dado confirma a troca de posições entre Chile e China no mês de agosto.
No acumulado de janeiro a agosto, os embarques atingiram 970,3 mil t (+11,5% ante 2024), com US$ 2,334 bilhões em receita (+23,8%). O ano segue firme, puxado por maior diversificação de mercados.
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Para a indústria suinícola, a leitura é que a capilaridade de destinos dá suporte ao fluxo exportador, reduzindo dependência de um único mercado e sustentando preços. Esse movimento ajuda a compor o cenário de curto prazo do setor.
Por que o Chile subiu: o fator sanitário do Paraná
Pesquisadores do Cepea/Esalq-USP apontam que o salto chileno tem lastro sanitário e regulatório. O volume exportado ao Chile dobrou do início do ano a julho e chegou a 13,3 mil t em agosto, após 14,5 mil t em julho. Resultado: o Chile foi o 2º maior destino em julho e agosto, superando a China.
O gatilho foi o reconhecimento do estado do Paraná como livre de febre aftosa sem vacinação e livre de peste suína clássica. O Chile reconheceu o status oficialmente em 15 de julho de 2025, após declaração conjunta em abril durante visita de Estado—abrindo vias de exportação para carne suína do Paraná. Mais plantas e mais oferta habilitada tendem a agilizar os embarques.
Segundo o Cepea, a habilitação do Paraná, 2º maior produtor de suínos do país, aprofundou o acesso ao mercado chileno e explicou a troca de posições com a China no bimestre analisado. Infraestrutura e logística do Sul também favoreceram o giro.
Para os exportadores, o pré-listing chileno e a credibilidade sanitária do Brasil encurtam prazos e reduzem barreiras. Isso aumenta previsibilidade para negócios de curto e médio prazo.
Quem lidera e como fica a China
Apesar do destaque do Chile, quem lidera desde fevereiro é a Filipinas, que mantém demanda aquecida e segue como principal destino da carne suína brasileira. Esse protagonismo filipino reconfigura o mapa asiático da proteína.
A China, por sua vez, ficou terceira em agosto. Isso não significa perda estrutural do mercado chinês, mas ajuste cíclico em compras e estoques, movimento comum, sensível a câmbio, preços domésticos e política de importação. A leitura precisa depende de mais alguns meses de dados.
Para frigoríficos brasileiros, dividir o risco entre Ásia e América do Sul reduz volatilidade. Menos concentração em um único comprador costuma estabilizar margens e suportar calendário de produção.
No curto prazo, Filipinas, Chile e Japão devem seguir relevantes. O comportamento chinês segue o fator a monitorar, especialmente se houver janelas de compra no 4º trimestre.
China e novas habilitações podem reordenar o ranking
A tendência base é de manutenção do bom ritmo exportador em 2025, com diversificação de destinos e novas habilitações sustentando volumes. ABPA projeta capilaridade maior e fluxo positivo até o fim do ano, enquanto o Cepea indica efeitos persistentes do reconhecimento sanitário do Paraná.
Pontos de atenção: câmbio, preços de grãos e concorrência global (Europa, EUA e Canadá). Oscilações na demanda asiática também podem reordenar o ranking mensal, inclusive reaproximando a China do 2º lugar em meses específicos. A fotografia de agosto é forte, mas o filme do ano ainda está em curso.
Para o produtor, gestão de custos e contratos de exportação com travas de câmbio permanecem decisivos. Para o mercado, indicadores de habilitação sanitária e novas plantas no Sul podem ampliar capacidade e reduzir gargalos logísticos. Atenção ao pipeline regulatório.
No front comercial, a comunicação de valor sanitário e o posicionamento premium em cortes específicos reforçam competitividade em nichos de alto valor no Chile e na Ásia. Esse é o vetor de diferenciação neste ciclo.
Você acha que o Chile tirar a China do 2º lugar é fato isolado de agosto ou início de uma virada estrutural nas exportações de carne suína? Você concorda que a diversificação de mercados é mais importante que depender da China? Deixe seu comentário.