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Pais do tamanho de um bairro de São Paulo quase mudou a história os Estados Unidos para sempre — Quase comprou o Alasca

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 20/12/2024 às 22:47
Atualizado em 21/12/2024 às 20:13
Alasca, EUA
Foto: Reprodução

Um país do tamanho do estado de São Paulo quase mudou a história dos Estados Unidos ao tentar comprar o Alasca, um território que hoje é crucial para a geopolítica e economia americana.

Houve um tempo em que o Alasca, hoje um dos estados mais frios e estratégicos dos Estados Unidos, pertencia à Rússia. Isso soa quase inacreditável para muitos, mas é um fato histórico. A região foi vendida em 1867 por US$ 7,2 milhões, um valor que na época parecia insignificante para os americanos, mas representava um grande alívio para os cofres russos.

O curioso, no entanto, é que o Alasca poderia ter tomado um destino muito diferente. Antes de fechar o acordo com os Estados Unidos, a Rússia considerou vender o território para um pequeno país europeu: Liechtenstein.

O contexto da venda do Alasca

No século XIX, a Rússia enfrentava dificuldades financeiras graves. Manter o território do Alasca era um fardo pesado, tanto econômica quanto militarmente. Havia um temor de que o Alasca pudesse ser tomado pelos britânicos, sem nenhuma compensação. Com isso, surgiu a ideia de vendê-lo.

Os Estados Unidos, na época, estavam interessados em expandir suas fronteiras e fortalecer sua influência na região. Além disso, o governo americano via na compra uma oportunidade de ajudar o czar Alexandre II, um aliado durante a Guerra Civil Americana.

Assim, o acordo foi firmado em 1867, e a soberania do Alasca foi transferida no dia 18 de outubro. Curiosamente, os habitantes do território experimentaram um fenômeno inusitado: devido à mudança do calendário juliano, adotado pela Rússia, para o gregoriano, usado pelos Estados Unidos, o dia seguinte à transferência ainda era sexta-feira.

A proposta ao Liechtenstein

Embora o Alasca tenha acabado nas mãos dos americanos, um fato intrigante veio à tona anos depois. Em 2015, o jornal alemão Welt am Sonntag publicou um artigo revelando que, antes de oferecer o território aos Estados Unidos, o czar Alexandre II teria proposto vendê-lo a Liechtenstein.

Esse pequeno país europeu, localizado entre a Áustria e a Suíça, é conhecido por sua dimensão diminuta e peculiaridades. Com apenas 37 mil habitantes, sem aeroportos ou rodovias, Liechtenstein é governado por uma monarquia constitucional desde 1719. Em 1867, o príncipe Franz Josef II tinha boas relações com a Rússia e falava fluentemente o idioma, tornando-o um potencial comprador.

A proposta, no entanto, foi recusada.

Curiosidade: Liechtenstein, com 160 km², é quase do mesmo tamanho de Parelheiros, um dos maiores bairros de São Paulo, que tem 153 km².

Por que Liechtenstein disse não?

Para muitos, a rejeição à oferta russa parece surpreendente, mas há explicações plausíveis. Naquela época, o Alasca era visto como um território remoto, gelado e de pouco valor estratégico. Além disso, a economia de Liechtenstein, ainda que fortalecida pela riqueza do príncipe, era limitada. Não havia recursos nem estrutura para administrar e defender um território tão distante.

Outro ponto relevante foi o comércio de peles, a principal atividade econômica da região na época. Embora lucrativo, ele não era suficiente para justificar a compra. O príncipe Franz Josef II provavelmente avaliou que os desafios logísticos e financeiros superavam os benefícios.

Em uma carta enviada à imprensa em 2018, o atual príncipe de Liechtenstein, Hans-Adam II, comentou sobre o assunto. Ele reconheceu que sua família chegou a considerar a proposta, mas não encontrou motivos suficientes para aceitá-la. No entanto, admitiu que o arrependimento veio anos depois, especialmente após a descoberta de vastos depósitos de ouro no Alasca, já sob controle dos Estados Unidos.

A falta de registros oficiais

Um detalhe curioso é a ausência de documentos que comprovem a oferta feita ao Liechtenstein. Hans-Adam II acredita que a proposta tenha sido informal, possivelmente discutida apenas em conversas entre membros da realeza russa e do principado. Outra possibilidade é que documentos possam ter sido perdidos durante eventos históricos tumultuados, como a Segunda Guerra Mundial.

Após o conflito, parte do arquivo da família real foi levada pelas tropas soviéticas para Moscou, o que pode ter contribuído para o desaparecimento de registros. Ainda assim, o próprio príncipe confirmou que o assunto foi debatido entre seus antepassados.

O que poderia ter sido

Se o Liechtenstein tivesse aceitado a oferta, o destino do Alasca poderia ter sido drasticamente diferente. Com sua pequena população e recursos limitados, o principado provavelmente enfrentaria enormes dificuldades para explorar o território. Dependente de potências vizinhas para transporte e comunicação, é possível que o país não conseguisse manter o controle por muito tempo.

Hoje, o Alasca é conhecido por sua riqueza em recursos naturais, incluindo petróleo e gás, além de uma importância estratégica devido à sua localização no extremo norte do continente americano. É difícil imaginar como Liechtenstein, um país sem saída para o mar e de proporções minúsculas, lidaria com essa vastidão.

Embora o Alasca tenha se tornado americano, as histórias por trás de sua venda continuam a intrigar. A possibilidade de ter sido território de um dos menores países do mundo é um lembrete de como o curso da história pode depender de decisões aparentemente pequenas.

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Rodolfo
Rodolfo
21/12/2024 12:06

Liechtenstein tem 160km². São Paulo tem 250 mil km²

Rodrigo
Rodrigo
21/12/2024 19:05

Faltou uma pesquisa bem feita, Liechtenstein é do tamanho do município de São Paulo…

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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