Moradores de Praia Grande registraram o recuo do mar nesta quinta-feira (21), fenômeno que deixou a faixa de areia exposta e chamou atenção nas redes sociais. O episódio, embora inusitado para a população, está relacionado à variação natural das marés.
Moradores de Praia Grande, no litoral de São Paulo, amanheceram nesta quinta-feira (21) diante de um cenário fora do habitual.
Trechos da faixa de areia ficaram expostos e o mar recuou o suficiente para dar a impressão de que “simplesmente secou”.
Imagens publicadas no Instagram mostram o nível da água bastante baixo próximo à arrebentação e motivaram comentários apreensivos nas redes, conforme noticiou o Diário do Litoral.
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Apesar do susto, o quadro corresponde a maré baixa, variação natural do nível do mar determinada principalmente pela ação gravitacional da Lua e do Sol, além de fatores meteorológicos.
Em episódios específicos, a combinação desses elementos pode realçar o recuo e tornar o fenômeno mais evidente ao longo da costa.
Recuo do mar em Praia Grande
Em condições de vento persistente soprando de terra para o mar e de pressão atmosférica elevada, o oceano pode se afastar da linha de praia por algumas horas.
Quando essa situação coincide com a fase de maré astronômica mais baixa, o recuo se intensifica.
Há maior probabilidade de ocorrer durante a passagem de ciclones extratropicais, que reorganizam o campo de ventos e a distribuição de massa d’água sobre a plataforma costeira.
A percepção de súbita redução de água costuma ser maior em praias de declive suave, como as do litoral paulista, porque pequenas variações no nível já expõem áreas extensas de areia.
A própria dinâmica da arrebentação também muda nesses momentos, com canais e bancos de areia ficando mais visíveis.
Para onde vai a água durante a maré baixa
A água não desaparece. Ela se redistribui, deslocando-se para áreas mais afastadas da costa e ocupando níveis mais baixos da coluna d’água até que a fase seguinte da maré — a enchente — traga o retorno gradual do nível.
Esse ciclo é previsível dentro do regime de marés, embora a meteorologia possa amplificar ou suavizar o efeito observado na praia.
Ainda assim, a sensação de ineditismo costuma alimentar dúvidas. Em Praia Grande, parte da reação nas redes sociais foi de preocupação. “O medo que tenho do mar recuado”, escreveu um internauta.
Outro morador relacionou o episódio a eventos recentes na região: “Temporal, enchente, ressaca e agora isso? Eu em!”.
Especialista afasta risco de tsunami
A hipótese mais comentada em situações como essa é a de que um recuo acentuado poderia anteceder um tsunami. Essa associação, porém, não procede no caso registrado.
De acordo com o Diário do Litoral, a oceanógrafa Regina Souza, do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Unisanta (NPH-Unisanta), explicou que o observado é uma variação normal de maré, sem indicação de risco para a região.
Segundo a especialista, o episódio não foi o mais extremo do ano.
“Embora a maré de hoje tenha sido negativa, ela não foi a mais baixa do ano. Em junho, por exemplo, ocorreram duas marés ainda mais negativas do que a de hoje”, disse.
O litoral paulista convive com oscilações previsíveis, algumas mais visíveis que outras.
Fenômeno da sizígia no litoral paulista
Além dos efeitos do tempo, a configuração astronômica também pesa.
Em 11 de julho, o litoral de São Paulo passou por um período de sizígia, quando Sol, Lua e Terra se alinham e a amplitude das marés tende a aumentar.
Em fases assim, as marés de vazante ficam mais baixas e as de enchente, mais altas, ampliando o contraste observado na praia.
O mecanismo é natural e se repete conforme o calendário lunar. Nem toda maré mais baixa, no entanto, está ligada diretamente a sizígias.
A leitura local exige considerar vento, pressão e ondulação no dia, além do relevo submarino costeiro. O que se observa na areia resulta da soma entre a maré astronômica prevista e os ajustes impostos pela atmosfera.
Vento e pressão influenciam o nível do mar
Ventos de quadrante oeste, quando persistentes, tendem a “empurrar” a lâmina d’água para fora da praia e a reduzir temporariamente o nível junto à costa.
Ao mesmo tempo, pressão mais alta pode “afundar” ligeiramente a superfície do mar, reforçando a queda momentânea do nível.
Já ventos voltados para a costa produzem o efeito inverso e podem acelerar o retorno da água.
No litoral sul e central de São Paulo, a orientação das praias e a presença de bancos de areia e canais internos costumam amplificar visualmente esses movimentos.
Assim, pequenos desvios em centímetros podem virar metros de faixa de areia exposta, sobretudo em maré de quadratura ou na vazante das marés de sizígia.
Reação da população
O espanto se soma à memória de episódios recentes de ressaca, chuvas intensas e alagamentos na região, o que ajuda a explicar a sensibilidade dos moradores a qualquer sinal fora da rotina.
Dessa vez, a diferença foi a aparência do fenômeno: onde se esperaria água até o tornozelo, apareceram trechos secos e poças isoladas.
Ao longo da manhã, novas postagens em redes sociais alimentaram a conversa e repetiram a comparação de que o mar teria “simplesmente secado”.
A descrição, segundo o Diário do Litoral, remete apenas ao mecanismo de marés, observado em toda a costa brasileira.
Alterações no mar durante maré baixa
Quem frequenta a praia pode notar canais e bancos de areia expostos, correntes mais rápidas em certos trechos e alteração do ponto onde as ondas quebram.
Essas mudanças pedem atenção redobrada de banhistas, surfistas e pescadores, sobretudo durante a transição para a enchente, quando a água retorna e o perfil da praia muda novamente.
A recomendação é acompanhar os horários de maré e as condições do mar antes de entrar na água. Além disso, a leitura correta do quadro evita interpretações equivocadas sobre riscos excepcionais.
Em cenários típicos como o registrado em Praia Grande, o retorno do nível acompanha a progressão natural do ciclo de maré ao longo do dia.